Sábado, 24 de junho de 2023 - 10h27
Tinha 2 anos nesse festival, mas aos 10 já compreendia a música.
Meu pai ganhou ficha no DOPS, Osório Alves de Castro, avô dos meus
primos, recebia a visita das baionetas em sua casa. No Google tem mais.
Estou dizendo isso porque a história é a excelência, nossas vidas se
cruzam no horizonte do país, no presente de Ustra, na justiça histórica que
precisamos garantir na CPMI do 8 de janeiro.
E, fundamentalmente, para enterrarmos essa moléstia que é o militarismo
social e político. Para exorcizarmos das vidas de cada um/uma de nós essas
lembranças.
E para que, sem a lembrança amarga, armada do que há de pior, possamos
ter paz, amor, esperança e certeza na ação em tempos melhores.
Sem justiça, não há descanso. Há descaso.
Mas, apenas com dor não faremos a história dessa mesma justiça.
Sempre haverá um grito, mas que não seja um grito de dor ou trauma, ou
tragédia.
Que seja um grito de vitória da humanidade sobre seus escombros, que
seja nosso sorriso de vitória de quem sempre esteve do lado certo da história.
Queria 2 minutos de fala nessa CPMI do 8 de janeiro; quero acreditar que
tenhamos 20 anos sem botas marchando.
Queria ter 2 segundos de crença na moralidade democrática, queria ter o
resto dos meus dias ladeando a certeza de que que a força será do povo, que a
disciplina será a de seguir o correto na República, que o amor será à vida e
não ao capital, à depredação de tudo e de todos.
Queria nunca mais ouvir músicas daquilo que não queremos, daquilo que
nos fez muito menores do que somos, as/os sobreviventes.
Não quero sobreviver, alguns aguentaram em dobro (1964 - 2018/2022), eu
quero ver o Brasil renascer.
Me desculpem lembrar coisas ruins, é porque, no fundo, quero olhar pra
frente.
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