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Vinício Carrilho

Dia Nacional da Alegria - 30.06.2023


Dia Nacional da Alegria - 30.06.2023 - Gente de Opinião

Nasci em 1964 – mas, renasci em 2023

Hoje, não importam os desafios que vierem, porque tenho consciência e história para contar. Minha história.

Como disse, nasci em 1964.

Dois meses depois contraí a Pólio (paralisia infantil). Na época, vacinava-se apenas com idade mais avançada. O limite era da ciência e não da imbecilidade como agora, de movimentos antivacina.

Em 1979, com 15 anos, vi os militares darem bom dia a cavalo, e vi as últimas golfadas daquela era sombria. Os militares (Figueiredo era o porta-voz) preferiam o perfume da cavalaria ao cheiro do povo.

Aos 18 anos já estava vacinado com o Manifesto do Partido Comunista.

Vi e bradei com as Diretas-já. Perdemos. Tancredo não sobreviveu.

Collor subiria a rampa depois, e desceria pela porta de trás. PC Farias foi apagado antes.

Em 1983 entrei na Faculdade de Direito e em 1984 comecei o curso de Ciências Sociais – por isso digo que minha profissão (a Ciência) está no meu diploma.

Todos os jovens lúcidos brigaram pela e na Constituinte de 1985.

Lembro que fizemos uma panfletagem no contraturno da Sassazaki (empresa de metalurgia de portas e venezianas), em Marília/SP.

A energia era tanta que esgotamos todo o material que levamos. Para facilitar minha vida, escorei uma muleta no portão da fábrica. Entregamos todos os santinhos e conversamos com os operários sobre a Constituição que nasceria: em 2023 completamos 35 anos da Constituição Federal de 1988.

Pois bem, missão cumprida, fomos embora para a casa do meu avô, onde Florestan Fernandes nos esperava.

Chegamos: muita falação, euforia, risos nos olhos e fogo no coração.

Foi então, na sala, que me dei conta que havia esquecido a muleta apoiada no portão. Voltamos para pegar, lá estava, mas a gozação eu mesmo fiz por muito tempo.

Nunca contei isso, mas é real.

Elegemos Lula, após FHC. Elegemos Dilma, após Lula.

Tiraram Dilma, com o golpe de Estado de 2016. Temer, seu vice, que se reunia com os apóstolos do impeachment, nos legou o Fascismo Nacional. Desde 2017 o Estado veio se corrompendo pelo viés autocrático, antipopular. O mensalão e a Lava Jato foram seus ingredientes – como salivas jurídicas da classe dominante: corrosiva, disruptiva.

Em 2019 estava entronizado o expoente do baixo clero (rodapé do Centrão) e com todas as letras do nazifascismo: contra a vacinação pública (Revolta da Vacina ao contrário), contra as pessoas doentes, contra a inteligência social que se fortalece na idade infantil.

Narrei em espasmos e cortei muita história, mas, somente porque queria chegar logo em 2023.

Depois do fumacê no 7 de setembro passado e no 8 de janeiro (fracassado), hoje, dia 30 de junho de 2023, o país (TSE) conferiu a primeira condenação exemplar ao Fascismo Nacional.

A inelegibilidade é apenas a primeira de muitas das condenações judiciais – além da condenação pública: nacional e internacional.

Confesso que estou emocionado, como milhões de pessoas.

Posso dizer que vivo, revivo um dia de glória na luta antifascista.

Hoje, não importam os desafios que nos restam.

Hoje, vou comemorar os menores gestos que essa história me trouxer.

(pensei nisso aqui tomando banho, e aproveitei para lavar a alma)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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