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Parentes e amigos lamentam que líder acreano não tenha visto conquistas



Elizabeth Begonha e Luana Lourenço*
Repórteres da EBC


Brasília - “No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a floresta amazônica, agora percebo que estou lutando pela humanidade”. A frase do seringueiro, líder sindical e ambientalista Chico Mendes ecoou pela floresta e chamou a atenção do mundo para a resistência de trabalhadores contra a transformação da Amazônia em fazendas.

Vinte anos depois da morte de Chico Mendes, assassinado com um tiro de espingarda, a família, os amigos e companheiros de resistência lamentam que o seringueiro não tenha vivido para ver de perto as conquistas pelas quais lutou.

“A luta não foi em vão. A nossa pena é o Chico não estar aqui entre nós, vendo que as coisas estão como ele queria. Hoje, o seringueiro zela pelo seu lugar, cuida da floresta para os filhos e netos”, conta o primo e também serigueiro Sebastião Teixeira Mendes. “O que ele deixou para mim foi aquela mente de aconselhar as pessoas, de saber respeitar a natureza”, acrescenta.

Amigo de Chico Mendes, o líder da Reserva Extrativista Cazumba Iracema, Raimundo Silva, aponta a criação das reservas extrativistas (Resex) como um dos principais legados da luta docompanheiro. As Resex são unidades de conservação que permitem o uso sustentável dos recursos naturais pelas populações que vivem no interior dessas áreas.

“Ele ficou famoso depois que faleceu, mas deixou uma coisa muito importante que foi o incentivo. Hoje, eu defendo muito a reserva extrativista, porque vejo que a forma que nós temos de segurança, para nossa saúde, é a reserva. Se passa de carro ou de avião por onde não é reserva, você já percebe o tamanho do desmatamento, não tem mais quase floresta”, compara.

Além da luta da floresta, Chico Mendes também é lembrado pela defesa da integração entre os povos da floresta – índios, ribeirinhos, extrativistas – e pela educação. Depois de aprender a ler e a escrever com amigos, Chico Mendes passou a alfabetizar os companheiros do seringal.

“Era assim, quem sabia um pouco ensinava para os outros. Depois do nosso movimento, foi que começamos a criar umas escolas no interior. Nós fomos ter o direito de ter uma escola, posto de saúde. Hoje, temos escolas até o segundo grau”, comemora Sebastião Mendes.

A viúva do seringueiro, Ilzamar Mendes, acredita que em 20 anos a luta ganhou reconhecimento nacional, o que garantiu conquistas para os trabalhadores da floresta.

“Falta muita coisa, mas não somos mais sozinhos. Agora, temos autoridades que nos apóiam, pessoas que nos ajudam a defender a causa do ambientalismo”, avalia.

O seringueiro Neto, da Associação dos Produtores do Seringal Equador, vai além e compara a vida e a luta de Chico Mendes à trajetória de um mártir, em nome da Amazônia.

“Tem muita gente que quase não acredita mas, na minha visão, eu que trabalhei com ele, o Chico Mendes fez papel de Jesus Cristo: morreu para dar vida a muita gente”.

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