(Agência O Globo)
Gravações telefônicas feitas com autorização judicial revelam que o governador de Rondônia, Ivo Cassol, indicou para o Tribunal de Contas do Estado um dos presos na Operação Dominó. Segundo a Polícia Federal, o governador negociou a indicação com o deputado Carlão de Oliveira, apontado como chefe da quadrilha que desviou R$ 70 milhões da Assembléia Legislativa.
Pela primeira vez, o nome de Cassol aparece ligado às investigações que resultaram nas prisões de 23 pessoas. O governador teria articulado com Carlão a nomeação de Edilson de Souza Silva para o cargo de conselheiro do TCE. Na época, Edilson era advogado do presidente da Assembléia Legislativa.
Os dois estão presos desde a semana passada. Na conversa, Carlão revela que o governador teve de convencer o conselheiro Amadeu Machado a se aposentar para abrir uma vaga para Edilson, no Tribunal.
Carlão: "O que será que o Ivo prometeu pra ele?"
Edilson: "Lá na minha frente nada, não. Mas foi assim, foi muito tranqüilo. E ele falou pro Dr. Amadeu: "Isso aqui foi um acordo que foi feito que você depois concordou, entre eu e o Carlão, que o Carlão cumpriu a parte dele e agora gostaria de cumprir minha parte. Eu estava no interior, eu vim aqui só para isso, só pra assinar o decreto do Edilson e o seu decreto de aposentadoria."
Em entrevista, Ivo Cassol negou envolvimento nas negociações. Disse que a vaga para o Tribunal de Contas foi preenchida pela Assembléia e que assinou a negociação.
- Eu tenho conhecimento com os dois, tenho amizade, mas foi uma negociação entre eles - disse Cassol.
A corregedoria-geral do Ministério Público de Rondônia, abriu sindicância para investigar o suposto envolvimento do procurador-geral de Justiça, Abdiel Ramos Figueira, e de outros cinco integrantes do Ministério Público no esquema desmontado pela Operação Dominó. Abdiel substituiu o procurador José Carlos Vitachi, que foi preso, na semana passada.Segunda-feira, 4 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)