Segunda-feira, 7 de junho de 2010 - 07h46
Dos 3.500 indígenas que vivem hoje em 50 comunidades do Vale do Javari, 60% deles estão doentes. O grito de socorro é dos próprios índios da região, que afirmam estarem alarmando por socorro há anos. Além da hepatite, mal predominante entre os nativos, doenças como malária, tuberculose, dengue e a própria desnutrição estão levando a dizimação dos índios do Javari.
Um dos representantes indígenas da área, Eliésio Marúbo, diz que a hepatite está presente na região há quase duas décadas. Apesar disso, nos cinco anos, o mal tem avançado de forma avassaladora.
Na opinião dele e de outros líderes, as doenças estão aumentando devido a falta de descontinuidade nas ações de saúde, principalmente, na vacinação, que não é feita em intervalos regulares. Eliésio cita ainda a falta de medicamentos e até mesmo as dificuldades que as equipes de saúde têm para chegarem as aldeias como entraves.
Para se ter uma ideia, até Atalaia do Norte, que é a sede do município mais próximo do Vale do Javari, gasta-se 22 horas de barco – entre as duas localidades. Não bastasse tal distância, os rios da região são navegáveis apenas quatro meses por ano. "Se esse quadro continuar assim, calcula-se que em menos de 20 anos os índios do Vale do Javari sejam extintos", lamenta Eliésio.
Segundo ele, as hepatites tipo B e C já atingem seis etnias na região (marubos, matses, matis, kunamaris, kulinas e korubos). Nas aldeias de São Sebastião e Maioruna, cinco índios estão em estado terminal. "Não podemos nos conformar em assistir as mortes de nossos parentes de braços cruzados. Queremos mais agilidade no tratamento. Acreditamos também que a intensificação do contato entre índios e brancos tenha agravado a saúde dos nativos da região", comenta.
Não bastassem os adultos, as crianças também sofrem com os males que assolam a região e preocupam cada vez mais. O mal maior é a desnutrição. No Vale do Javari, mais da metade dos ‘pequenos’ indígenas sofre de anemia. Segundo dados do Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, divulgados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na região Norte, 41,1% deles está abaixo da estatura esperada para a idade e 66% tem anemia. Os dados mostram aponta ainda que quase 38% das crianças indígenas nortistas tiveram diarreia na semana que antecedeu à pesquisa.
De acordo com os especialistas, a existência de doenças— se deve à chamada ‘transição epidemiológica’ e mantêm relação com o meio onde os índios vivem. De acordo com o diretor substituto do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Flávio Pereira Nunes, outro agravante é o fato de os indígenas da Região Norte sentirem o impacto do desmatamento e da exploração de recursos naturais.
Posição
Para os próximos dias, os representantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), aguardam uma posição do Ministério Público Federal (MPF), quanto à ação coletiva em que responsabiliza o Estado Brasileiro, pela morte de 19 indígenas infectados por hepatite, no Vale do Javari em 2005. A ação consta de reparação por danos morais e negligência. "Esperamos por justiça há três anos, desde que a denuncia foi formalizada ao MPF e às Comissões de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas (ONU)", ressaltou Eliésio Marubo.
Indígenas foram submetidos à coleta de sangue
Na última semana, a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), encerrou a fase de identificação do vírus em índios daquela localidade. Trezentos, de cinco povos, foram submetidos à coleta de sangue para saber se estão infectadas.
A análise em cima de cada produto coletado será feita pelo laboratório de Virologia do Inpa e o resultado final será divulgado até o fim de junho. Depois disso, o próximo passo é incentivar os órgãos de saúde a fazer o tratamento.
A pesquisa faz parte do projeto Epidemiologia Molecular do Vírus Causador da Hepatite B em Populações Indígenas do Vale do Javari, com recursos do Ministério da Saúde no valor de R$ 138 mil. São beneficiados os povos marubo, matys, mayuruna, kulina e kanamari.
Fonte: Amazonas Notícias / NÁFERSON CRUZ - Equipe do EM TEMPO
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