Agência Câmara, Isabel Braga - Agência O Globo
BRASÍLIA - O candidato à reeleição para a Presidência da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), rebateu as críticas de que a recepção que está sendo preparada para os deputados eleitos que tomarão posse no próximo dia 1º de fevereiro seja uma forma de angariar mais votos na eleição a que concorre com os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).
No próximo dia 30, dois dias antes da eleição da Câmara, haverá uma espécie de aula inaugural sobre o funcionamento da Casa. O encontro, que deverá custar cerca de R$ 105 mil, contará com a participação do presidente da Casa e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que discursará duas vezes.
Aldo afirmou que a vinda dos deputados eleitos a Brasília antes da posse é um procedimento comum da Câmara. As despesas de passagem e hospedagem estão previstas no orçamento, explicou. Isso para que os parlamentares tenham condições de estar na cidade no dia da posse, uma vez que antes do dia 1º de fevereiro ainda não podem dispor das cotas e benefícios inerentes ao cargo.
O presidente explicou ainda que a inovação neste ano é a recepção que a Diretoria-Geral e a Secretaria-Geral da Mesa da Casa prepararam, com dois dias de palestras e informações sobre o funcionamento do Parlamento e as atividades administrativas e legislativas que serão exercidas pelos parlamentares da nova legislatura. Aldo Rebelo ressaltou que todos os 513 deputados foram convidados a participar do evento.
A realização do seminário provocou reação nos outros dois candidatos, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Na terça-feira, Fruet disse achar o evento desnecessário, mas afirmou não acreditar que o adversário tenha marcado o encontro para obter vantagem na disputa.
O tucano minimizou a possibilidade desta palestra influenciar na decisão dos deputados, mas criticou a iniciativa, recorrendo a uma citação popular:
- Quando a esperteza é muito grande, vira bicho e come o esperto. Mas a lição de casa se julga pelos dois anos (de Aldo, à frente da Casa) e não por uma aula na véspera da eleição.
A idéia do encontro, que será realizado pela primeira vez na Câmara, é fazer um seminário em que serão apresentados temas de interesse dos parlamentares: relação com a mídia, o processo legislativo, a elaboração do orçamento e a gestão estratégica. Para garantir a participação dos novatos, que ainda não tomaram posse e, portanto, não têm moradia fixa em Brasília, a Câmara gastará com diárias de hotel.
Cada deputado novato terá direito a quatro diárias, a partir do dia 29, com direito a acompanhante. A Câmara fez uma licitação pública, e a empresa vencedora foi a Trips Passagens e Turismo. Os novatos ficarão hospedados no Hotel Nacional. Foram licitadas mil diárias, a um custo de R$ 125 cada, mas só serão pagas a quem participar do encontro. A assessoria estima que apenas 800 diárias serão usadas, um gasto de R$ 100 mil.
Além das diárias a Câmara gastará R$ 3,5 mil para a contratação de recepcionistas; R$ 1,1 mil para o aluguel de 4,5 mil cadeiras e R$ 720,00 com três arranjos de flores. A Casa adiantou ainda 50% da cota de passagens aéreas do mês de fevereiro para o deputado usar para comparecer à cerimônia de posse.
O presidente Aldo Rebelo negou que sua presença no evento para os novatos irá deixar os outros dois concorrentes em desvantagem e defendeu o evento:
- Muitos deputados novos chegam e permanecem sem informações fundamentais do regimento e do funcionamento da Câmara, muitos não foram deputados, não tiveram funções públicas. O mínimo que a Câmara poderia fazer era oferecer informações básicas.
Aldo também anunciou nesta quarta-feira que quem vai presidir a sessão no dia da eleição é o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o parlamentar com o maior número de mandatos (entrará, no próximo dia 1º, no décimo mandato ) na Câmara.
A decisão foi tomada porque, como candidato à reeleição, Aldo entendeu que não seria adequado que presidisse a sessão de escolha do próximo presidente.
- Eu obedeço ao regimento interno e a princípios que devem ser seguidos - disse.
Apesar de não haver, no regimento interno da Câmara, nada específico sobre esse caso, o documento declara que deputados que tenham interesse na matéria que está sendo votada, não poderão conduzi-la.
Sobre o fato de permanecer em Brasília enquanto seus adversários buscam formalizar apoios de outros parlamentares e lideranças políticas pelos estados, Aldo disse que sua estratégia de campanha não prevê viagens.
O contato com todos os deputados, de acordo com ele, está sendo feito por telefone e nas visitas que recebe.
Aldo afirmou também que está representado em todos os estados por meio dos aliados.
- Os meus companheiros e aqueles que me apóiam estão viajando pelo Brasil inteiro. Então, eu sei que estou, neste momento, em Roraima, pela presença dos deputados e das deputadas que me apóiam. Da mesma forma, estou também presente no Rio Grande
do Sul por meio dos deputados que apóiam minha candidatura - ressaltou.
Questionado sobre a ocorrência de conversas com lideranças ligadas ao governo que teriam sugerido que não houvesse um acirramento da disputa entre os dois candidatos que integram a base aliada, Aldo afirmou que sua conduta é de manutenção da tranqüilidade em qualquer circunstância da vida política e social.
- Eu acho que é importante para quem almeja uma função pública relevante ter tranqüilidade nos momentos difíceis, nos momentos de vitória e em qualquer momento de disputa - declarou.
Segunda-feira, 14 de outubro de 2024 | Porto Velho (RO)