Sexta-feira, 17 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

Revolução de 32 acabou esquecida, diz historiador



Daniel Mello
Agência Brasil
  

São Paulo - A Revolução de 1932, em São Paulo, foi uma das etapas da luta pela democracia no Brasil, mas acabou caindo no esquecimento. A avaliação é do historiador Marco Villa, estudioso do movimento.

A luta dos paulistas contra o governo de exceção estabelecido por Getúlio Vargas, reaparece como um "momento importante da história política do país", com a criação, em 1997, do feriado estadual de 9 de julho, explicou Villa.

Nessa data, eclodiu em São Paulo a luta pela convocação de uma assembléia constituinte. Vargas governava desde 1930 em um regime revolucionário, com a Constituição revogada. Segundo o historiador, "esses valores de Constituição e democracia são uma espécie de tesouro de 32".

Alexandre Hecker, da Universidade Estadual de São Paulo, concorda que o movimento de 32 é "simbolicamente um marco na luta para conquistar um Estado de Direito".

Na avaliação do historiador, o movimento foi causado pela insatisfação da elite paulista e de parte da classe média com o governo estabelecido por Vargas. "O trabalhador aguardava uma reforma das relações trabalhistas, que viria com Getúlio Vargas", considerou.

Segundo Hecker, conflito armado decorrente da revolta desses setores da sociedade foi o mais importante no qual o país se envolveu no século 20, "ao lado da Segunda Guerra Mundial".

Além de reivindicar a elaboração de uma Constituição, a revolução foi "uma tentativa de retomada da importância que o estado de São Paulo tinha na República Velha".

Os acontecimentos de 32 ganham mais relevância se analisados no contexto do que se passava no mundo . Nos anos 30, diversos países, como Alemanha, Itália, Rússia e Portugal, viviam sob regimes ditatoriais. "Nós temos um país e uma conjuntura nos anos 30 marcada pelo autoritarismo e totalitarismo, e aqui nós estamos falando em democracia, voto e assembléia constituinte", ressaltou Marco Villa.

"A memória histórica muito frágil" do Brasil foi um dos motivos apontados por Villa como causadores do esquecimento da revolução. Outra razão seria o caráter de oposição do movimento ao presidente Getúlio Vargas, personagem consagrado no imaginário nacional por feitos como a criação da legislação trabalhista.

A apropriação da memória de 32 por "setores ultraconservadores da elite política paulista" na década de 40, com o objetivo de fortalecer um discurso "anti-varguista", consolidou essa situação.

Apesar de acabar derrotada em outubro do mesmo ano, vários ideais revolucionários foram incorporados nas eleições de 1933 e na Constituição elaborada em 1934. "Essa questão de você ter voto secreto, voto da mulher, uma assembléia constituinte,é  acontecimento importante em um país marcado pela supressão das liberdades", destacou Villa.
 

Gente de OpiniãoSexta-feira, 17 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

STF tem maioria para determinar recálculo de cadeiras na Câmara dos Deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta sexta-feira (25) maioria de votos para determinar que a Câmara dos Deputados faça a redistribuição do

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

Governo Federal se compromete a incluir plano de carreira da ANM na LOA 2024

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (SInagências) conseguiu uma solução direta do governo após intensa articulaç

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

Deputado estadual Pedro Fernandes será o relator da CPI das Reservas em Rondônia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Reservas foi instaurada em Rondônia para investigar possíveis irregularidades nos processos de criação

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Ministro Paulo Pimenta trata sobre parceria entre Rede IFES de Comunicação Pública, Educativa e de Divulgação científica com a EBC e o Governo Federal

Na tarde dessa segunda-feira (06), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM), Paulo Pimenta, esteve r

Gente de Opinião Sexta-feira, 17 de maio de 2024 | Porto Velho (RO)