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Política - Nacional

PT pode realizar o sonho do PSDB: 20 anos de poder



No curso do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998), Sérgio Motta, ministro das Comunicações, fez uma profecia.

Inebriado com o êxito do Plano Real, Sérgio Motta previu que o PSDB ficaria no poder por 20 anos.

Ao tomar posse neste sábado (1º), Dilma Rousseff converte o vaticínio de Sérgio Motta em pesadelo.

O sonho do tucanato mudou de mãos. Hoje, o maior receio da oposição é o de que o PT permaneça no poder por duas décadas.

Somando-se os dois mandatos de Lula ao primeiro ciclo de Dilma, chega-se a 12 anos de presidências petistas.

Se Dilma for bem, será difícil tirar dela a reeleição. Se for um desastre, Lula ganha discurso para voltar: a “arrumação da casa”.

Com uma ou com outro, o PT irá às urnas de 2014 com chances de reter a poltrona de presidente por mais quatro anos, até 2018.

Nessa hipótese, somará 16 anos de Planalto. E estará a um mandato da concretização do sonho que Sérgio Motta idealizara para o PSDB.

Ironicamente, o petismo serve-se de um mecanismo que o próprio Sérgio Motta ajudou a aprovar no Congresso: a reeleição.

Afora a mulher de FHC, Ruth Cardoso, poucas pessoas usufruíam da intimidade do ex-presidente tucano como Sérgio Motta.

Conhecera-o em 1975, no jornal “Movimento”. Em 1978, já era coordenador da campanha de FHC ao Senado.

Nessa época, Sérgio Motta, espaçoso e dado a crescer para as laterais, ganhou um apelido que esmagou-lhe o sobrenome. Chamavam-no Sérgio Gordo.

À frente da pasta das Comunicações passou a ser chamado de Serjão. Fazia jus ao aumentativo.

Exceto pela voz, fina como a de uma criança, tudo em Serjão parecia exagerado. A começar por seu apetite.

Tinha fome de comida e, sobretudo, de poder. Sob FHC, onde houvesse uma fresta vazia, lá estava Serjão para ocupá-la.

A certa altura, o combate à inflação estava tão bem encaminhado que parecia faltar oposição ao governo. Serjão fez as vezes de oposicionista.

Criticava o governo com gosto. Chegou a tachar o Comunidade Solidária, programa conduzido pela primeira-dama Ruth, de “masturbação sociológica”.

Uma infecção pulmonar matou-o em abril de 1998. Desceu à cova depois de articular no Congresso a aprovação da emenda da reeleição, contra os votos do PT.

Antes de virar ministro, Serjão era uma combinação de empresário e tocador de campanhas políticas, não necessariamente nessa ordem.

A obsessão pela tese da reeleição fez com que o governo FHC ficasse com a cara de Serjão, personagem pouco afeito a pedidos de licença.

Governos assim costumam encurtar caminhos. Mas flertam com o risco de esbarrões indesejados. No caso da reeleição, o Planalto esbarrou numa gravação.

Veiculada pelo repórter Fernando Rodrigues, na Folha, a fita revelava diálogos comprometedores de obscuros deputados acreanos.

Sem saber que estavam sendo gravados, contaram ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda que abriria o caminho para a reeleição de FHC.

Num dos diálogos, fez-se menção a uma “cota federal”, provida por Serjão. O noticiário provocou enorme alarido e nenhuma investigação.

Serjão foi ao esquife antes de ver o amigo reeleger-se em 1998. Cavalgando o Real, FHC prevaleceu sobre Lula, pela segunda vez, no primeiro turno.

O idílio de Serjão mudou de dono na eleição seguinte. Representado por José Serra, o PSDB foi, finalmente, batido por Lula em 2002.

No primeiro mandato, Lula manteve intactos os pilares sobre os quais FHC assentara a estabilidade da economia brasileira. Colheu frutos vistosos.

Nos dois reinados de Lula, o país conviveu com uma inflação média de 5,77% ao ano. Índice alto, mas inferior aos 9,10% da era FHC.

Lula entregou, entre 2003 e 2010, um crescimento médio do PIB de 4% ao ano. Acima da média de 2,47% obtida nos oito anos de FHC.

Ao êxito econômico, somou-se o sucesso social. Sob Lula, as despesas da União cresceram 2,9 pontos percentuais do PIB.

O grosso dos gastos –2,2 pontos percentuais do PIB— foi borrifado nos programas de transferência de renda a famílas pobres.

Na ponta do lápis, Lula chegou a 2010 aplicando nesse tipo de rubrica R$ 75 bilhões a mais do que aplicava FHC em 2002, último ano da era tucana.

Vem daí o tônico que levou à popularidade recorde de Lula, à eleição de Dilma e à conversão do vaticínio de Serjão em sonho do PT e pesadelo da oposição.

Fonte: Blog do Josias / Folha de São Paulo

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