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Política - Nacional

Parada LGBT: manifestantes denunciam discriminação


Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil  

 

A cicatriz no braço esquerdo do professor Fábio Custódio, de 49 anos, revela as marcas de intolerância que o levaram a sair com seu namorado de Campinas, no interior de São Paulo, para participar da 19ª Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) hoje (7), na capital paulista. Custódio e o chefe de cozinha Marcelo Reis, de 32 anos, estão juntos há 14 anos e, neste período, já sofreram duas agressões. Reis também tem cicatrizes decorrentes de atos de violência, cometidos por skinheads e torcedores de futebol.

“O preconceito do cotidiano nós sentimos sempre, mas somos militantes do movimento e, apesar das críticas sobre a Parada [LGBT] não cumprir mais seu papel, acredito que isso não seja verdade, pois este é o momento em que muitos homossexuais se assumem. É um momento especial para isso e para marcação política na sociedade, apesar da festa. A festa mostra que, mesmo com tudo o que sofremos, nós fazemos festa nesse dia”, disse Custódio.

Sob o tema Eu Nasci Assim, Eu Cresci Assim, Vou Ser Sempre Assim: Respeitem-me!, o evento reuniu pessoas de diversos perfis e idades na Avenida Paulista e ruas próximas, na região central da capital. A Polícia Militar (PM) não estimou o público participante, pois alega que não faz mais esse tipo de cálculo em eventos dessa dimensão.

Sem querer ser identificada, uma analista de planejamento, de 27 anos, contou que apesar de se relacionar com uma mulher de 42 anos há dois anos, foi sozinha à parada. O motivo é o preconceito do filho da namorada, que tem 18 anos e também é homossexual. “Ele não aceita nosso relacionamento, apesar de também ser homossexual. Mas estou firme e forte, esperando o dia em que ele vai aceitar e nós vamos nos casar. Acho que a parada contribui para que os pais possam se conscientizar e educar as crianças desde cedo para aceitar essa realidade da sociedade e entenderem que vivem em um mundo de diversidade”.

Uma professora de 36 anos, que também preferiu não ter o nome revelado, disse que foi ao evento para “curtir”, mas disse que a Parada do Orgulho LBGT é importante, por se tratar de uma festa para promover a liberdade de expressão. Ela ressaltou que dá aulas para crianças e sofre preconceito por parte dos pais, que não aceitam que seus filhos tenham uma professora homossexual.

“Os pais chegam ao extremo de tirar o filho da escola, insultar, cobrar atitudes do dono da escola. São inúmeras formas de manifestação. Eles acham que vai acontecer alguma coisa com os filhos. Mas eu não tenho como combater isso sozinha onde trabalho. Sou um grão de arroz em uma batalha muito grande, porque o preconceito é muito forte. Acho difícil conseguir mudar, por mais que se tente. A parada ajuda, mas não muda a cabeça das pessoas.”

Júlio César, de 31 anos, trabalha como cabeleireiro, maquiador e também faz shows como drag queen em festas fechadas. Na parada, Júlio se caracterizou como seu personagem e destacou que o ato serve para as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais mostrarem que não são apenas imagem e têm essência. “Nós temos conteúdo, temos alguma coisa para passar para as pessoas. Vivemos em uma cultura muito restrita na qual atá a mulher é muito discriminada. As coisas estão evoluindo e espero conseguir ver a aceitação antes de ficar velhinha”, enfatizou.

De manhã, na entrevista coletiva que abriu o evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, destacou o papel do Poder Público para garantir os direitos dessa população. “O Poder Público tem que ir além da tolerância. Tem que defender a tolerância, combater a intolerância, mas tem que ter um componente social de resgate da cidadania também”, disse. Ele prometeu ouvir mais os militantes e dar mais transparência aos recursos investidos na parada.

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