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Política - Nacional

Moradores de BH estão divididos quanto a futuro do país



Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil

Pesquisa realizada pelo Grupo Opinião Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, revelou que parcela significativa da população de Belo Horizonte não acredita que um impeachment da presidenta Dilma Rousseff traria melhorias ao país. Entre os entrevistados, 30% consideram que tudo iria continuar da mesma forma e 18% acham que haveria piora, o que totaliza 48% de pessimistas.
 
Por outro lado, 47% se mostraram otimistas com as consequências de um eventual impeachment. Para 12% dos participantes do levantamento, a situação iria melhorar muito e outros 35% consideram que melhoraria alguma coisa. A pesquisa ouviu 801 moradores de Belo Horizonte entre os dias 12 e 13 de abril e sua margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
 
Segundo Helcimara Telles, professora de ciências políticas da UFMG e coordenadora do estudo, a falta de perspectiva no futuro alimentada por parte expressiva da população está ligada a um cenário preocupante marcado pelo desencantamento com a política. "O levantamento mostrou que 98% dos moradores de Belo Horizonte acreditam que existe corrupção no Brasil e 38% disseram que ela está, não só na política, mas em todos os setores. Quando a percepção da corrupção aumenta muito, as pessoas começam a punir os partidos políticos. E, ao punir os partidos políticos, ela pune também o Congresso Nacional, abrindo espaço para outras instituições ocuparem o lugar de confiança. Essas instituições são as forças armadas, a mídia, as igrejas, ou seja, as instituições não representativas", analisa.

Apesar do alto percentual de pessoas descrentes com a possibilidade de melhorias após um eventual impeachment, 67% dos entrevistados se disseram favoráveis ao processo que afastaria Dilma, e 68% desejam o afastamento do vice-presidente Michel Temer. Mas se pudessem apontar uma melhor saída para o país, 38% prefeririam a convocação de novas eleições e 23% acreditam no impeachment como a solução mais adequada. Outros 18% disseram preferir manter a presidenta no cargo.

Indagados se sabem por qual motivo Dilma Rousseff pode sofrer um impeachment, apenas 23% responderam corretamente e citaram as pedaladas fiscais ou que foi um crime de responsabilidade fiscal. Um total de 46% mencionaram como justificativa a corrupção, os desvios de verbas da Petrobras ou a Operação Lava Jato. Outros 30% admitiram não saber as razões. "A corrupção contaminou tanto a percepção da população sobre a realidade política e econômica, que o cidadão comum acredita que ela é a razão pela qual foi pedido o afastamento da presidenta. E não é. O próprio Judiciário proibiu que informações contidas nas delações e os demais elementos que vieram à tona com a Operação Lava Jato sejam considerados pelos deputados", assinala Helcimara Telles.

Instituições

A pesquisa avaliou também a confiança nas instituições. Em uma escala de 0 a 10, a nota média dos partidos políticos ficou em 2, a do governo federal em 2,6 e a do Congresso em 2,7. As médias mais altas ficaram com as igrejas, que receberam 5,9; as Forças Armadas, com 5,5; e as organizações não governamentais (ONGs), com 5,4. A mídia e o Supremo Tribunal Federal (STF) receberam, respectivamente, as notas médias 5 e 4,9.
 
A boa avaliação da mídia não surpreende a pesquisadora. "Mais ou menos metade da população acha que a mídia faz oposição à Dilma Rousseff, e a outra metade acha que ela é neutra. Por que a mídia aparece com esta nota, se tanta gente acredita que ela tem preferência por um lado? Justamente pelo descrédito dos partidos. Se os líderes estão desacreditados, em quem a população vai acreditar para buscar informação? Na mídia. E nós temos mais de 40% da população dizendo que se informa sobre a política através da televisão", aponta Helcimara.
 
Partidos
 
Também foi medida a confiança dos entrevistados nos três maiores partidos do Brasil. A menor média foi atribuída ao PMDB, com 2,64. O PT e o PSDB também receberam notas baixas. O primeiro ficou com 2,68 e o segundo, com 3,03.
 
Segundo Helcimara, nunca houve no Brasil um cenário de alta confiança nos partidos políticos, mas também nunca houve uma situação como a atual onde tão poucas pessoas se identificam com as legendas. "O descrédito é geral. Mesmo com a visibilidade dos casos de corrupção envolvendo políticos do PT, os demais partidos não conseguem oferecer credibilidade e prestígio e assim não atraem o eleitorado insatisfeito e desencantado. Nesse cenário de criminalização de todas as siglas, os grupos opositores não se tornam alternativa", alertou.
 
O desencanto atinge também o regime político em vigor. Embora 61% dos entrevistados tenham dito que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo, 17% opinaram que democracia ou ditadura não faz diferença e 16% acreditam que, em certas situações, a ditadura é preferível.
 
Helcimara se disse preocupada com o que considera ser uma visão distorcida de democracia. "Há setores expressivos que não veem na ditadura um problema. Também 35% dos entrevistados indicaram o juiz Sérgio Moro [que coordena os processos relativos à Operação Lava Jato] como a pessoa capaz de colocar ordem no país. Isso significa a total judicialização da política e a crença em um justiceiro que surge para ocupar o lugar dos partidos. Isso ocorreu em outros países como Grécia, Itália, Portugal, que passaram por crises políticas semelhantes, também combinando com uma crise econômica. E as saídas apresentadas por fora da política são, até hoje, muito questionadas", alertou.

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