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Política - Nacional

MERCADANTE DESMONTA O FACTÓIDE LINA


 
As muitas contradições das 
várias versões de Lina Vieira
 

 
I. Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, afirmou, com bastante segurança, no Senado, que o suposto encontro com Dilma Roussef para tratar do processo fiscal contra o filho do Senador Sarney teria ocorrido em dezembro. Para o Senador Flexa Ribeiro, ele chegou a afirmar que o encontro teria ocorrido perto do Natal. Segundo a revista Época (nº 588 de 24/08), Lina teria divulgado, em off, a data de 19 de dezembro. Agora, para a revista Veja, ela diz que o hipotético encontro foi em 9 de outubro. Ora 9 de outubro não é 19 de dezembro e fica muito longe do Natal. Seria muito difícil para qualquer um confundir datas tão distantes.

II. Fomos nós quem lembramos a Lina, no Senado Federal, que ela havia tido um encontro oficial, público e registrado, com Dilma, no dia 9 de outubro. Nesse encontro elas se reuniram, em São Paulo, com CEO`s norte-americanos. Lina Vieira confirmou então: “Pode até constar da agenda, mas eu tive um encontro em São Paulo no dia 9 de outubro, no dia 10. Eu viajei dia 9 para essa reunião de CEO`s, foi em SP essa reunião (pág.67 do depoimento). Só que agora ela diz que o suposto encontro com Dilma para tratar dos inquéritos contra a família Sarney foi no dia 9 de outubro, no Planalto. Ela se desdiz no assunto e no lugar.

III. Não apenas isso. Lina sempre afirmou que o encontro a sós com Dilma teria ocorrido à tarde, no Planalto. No Senado, em resposta ao Senador Pedro Simon, Lina disse que “já pesquisei muito na minha memória, no meu HD, para ver se eu consigo recuperar. Eu sei que foi à tarde esse encontro....” (pág. 104). Ora, no dia 9 de outubro, à tarde, Lina e Dilma estavam em São Paulo na reunião com CEO´s norte-americanos, o que ela mesma reconheceu e é facilmente comprovável. Agora, segundo informações que Lina disponibilizou para a Veja, o suposto encontro teria ocorrido de manhã. Ela se contradiz também no que tange ao período em que teria ocorrido o suposto encontro.

IV. A própria Lina reconhece que nos dias 9 e 10 de outubro ela esteve com a ministra Dilma na reunião com os CEO´s norte-americanos em São Paulo. Por que então a ministra Dilma a teria convocado, no mesmo dia, para uma reunião de 10 minutos, no Planalto, para discutir um assunto que poderia ter sido tratado facilmente em São Paulo?

V. Lina Vieira reconheceu que a ordem judicial para que a Receita Federal agilizasse o processo fiscal contra o filho do Senador Sarney foi recebida em setembro. Ora, se já havia, desde setembro, uma ordem judicial para que o processo fosse agilizado, por que Sarney precisaria, em 9 de outubro, da ajuda do governo para acelerar as ações da Receita Federal? Saliente-se que o eventual descumprimento dessa ordem judicial poderia ter resultado, em última instância, na punição do titular da Receita Federal.

VI. Lina alega que a pressão para “agilizar” o processo contra a família Sarney teria ocorrido em razão do fato de que Sarney era candidato à presidência do Senado Federal. Ora, em 9 de outubro, data que ela agora afirma que o encontro ocorreu, Sarney não era candidato a nada. Seu nome nem era cogitado nas conversas sobre o assunto.

VII. No Senado, Lina Vieira foi inquirida por mim sobre como a Folha de São Paulo soube do tal encontro, já que ela afirmou que a reunião com Dilma transcorreu sem nenhuma testemunha e que ela não teria divulgado nada a ninguém. Bem, os repórteres da Folha costumam ser eficientes, mas ninguém acredita que eles tenham o dom da telepatia. Evidentemente, alguém divulgou o fato. Segundo Lina Vieira, somente Dilma e ela sabiam do suposto encontro. Não parece razoável e lógico supor que quem informou para a Folha o suposto encontro para agilizar o processo contra a família Sarney tenha sido a ministra Dilma Roussef.

VIII. Ao ser questionada, em seu depoimento no Senado, por mim e pelos SenadoresDemóstenes Torres, Almeida Lima e Eduardo Suplicy, a ex-Secretária disse que não fez nada, não tomou nenhuma providência e não comentou com ninguém sobre o suposto pedido da Ministra Dilma, inclusive por considerá-lo “incabível”. Entretanto, ela agora afirma que na sua agenda está escrito “dar retorno à Ministra Dilma sobre Sarney”. Como dar retorno sobre um assunto que a ex-Secretária diz ter desconsiderado completamente? (págs. 44, 64, 67, 68, 108 do depoimento).

IX. Ante tantas contradições e versões desencontradas, é lícito supor que Lina, que afirma não mentir, faltou, em algum momento, com a verdade sobre esse assunto. Também é razoável o questionamento do motivo que levou Lina Vieira a só fazer essa “denúncia”, após ter sido demitida da Receita Federal em razão de sua gestão frente ao órgão, fato este que não tem nenhuma relação com o suposto encontro. Além disso, podemos voltar a questionar, tal como fizemos no Senado, as razões que levaram Lina Vieira a não tomar nenhuma providência quando soube do suposto pedido para favorecer Sarney num processo fiscal. A sua obrigação como funcionária pública era denunciar a ministra. Se não o fez, prevaricou. Se não prevaricou, faltou com a verdade. O fato concreto é que a credibilidade de Lina Vieira nesse episódio tem tanta solidez quanto as suas várias versões desencontradas.

X. Por trás dessa nova versão desencontrada que Lina Viera apresentou à Veja, com o objetivo de tentar requentar uma “denúncia” que já tinha sido desacreditada, está o receio de setores da oposição com o excepcional momento que vive o governo Lula e sua óbvia repercussão no fortalecimento da pré-candidatura de Dilma Roussef. De fato, o Brasil passa por um período extraordinário de sua história, como evidenciam o sólido desempenho da nossa economia frente à pior crise mundial desde 1929, o novo e vigoroso protagonismo internacional do País, a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2014, a crescente diminuição das desigualdades sociais, mesmo na crise, e tantos outros fatos positivos que fazem do governo Lula o mais bem-sucedido do período histórico recente do Brasil. Contra essa solidez, denúncias requentadas e inconsistentes se esboroarão.

Fonte: Blog do Senador Aloizio Mercadante

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