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Política - Nacional

Megazine compra tese por R$ 400


Josy Fischberg - Agência O Globo RIO - Quando era estudante de administração, Aline(*) tinha o costume de fazer monografias e outros trabalhos acadêmicos para os colegas de classe. Diz ela que gostava e aprendia mais assim. Mas o que era uma distração ou um reforço nos estudos, no passado, tornou-se sinônimo de sustento: hoje ela escreve cerca de seis monografias de final de curso por mês, a preços que variam de R$ 800 a R$ 1.000, com a ajuda de amigos pesquisadores. Os pedidos são feitos - e atendidos - pela internet, por meio do site <www.clickmonografias.cjb.net>. - Cheguei a dar aulas, mas agora me dedico só às monografias. Dependendo do trabalho, cobramos R$ 20 por página. Pedimos um prazo de 20 dias para a entrega e o perfil dos clientes varia. Atendemos tanto graduandos quanto pós-graduandos - diz. Uma busca simples na internet dá a dimensão de como a indústria de trabalhos acadêmicos sob encomenda é lucrativa. Os anúncios, antes afixados nos murais das universidades oferecendo serviços de digitação - e que eram, muitas vezes, apenas uma senha para se encontrar pessoas que desenvolviam trabalhos inteiros -, foram substituídos por sites especializados, com nomes pouco sutis como "Sem plágio" ou "S.O.S. monografias". Muitos anunciam equipes formadas por professores universitários, além de mestres e doutores. Um desses sites chega a publicar comentários de clientes satisfeitos com os serviços prestados. O preço de um trabalho de final de curso de graduação na internet varia de R$ 400 a R$ 1.200. Há ainda preços para artigos, fichamentos, resenhas, dissertações e teses. Vende-se de tudo. Durante um mês, a equipe da Megazine solicitou orçamentos a diversos sites, pedindo a elaboração de uma monografia de final de curso de graduação em jornalismo, com cerca de 40 páginas e seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Usamos um nome fictício, Fernanda Dias Ferreira, suposta estudante de uma universidade particular do Rio. Foram recebidas propostas de 11 equipes e o acordo foi fechado com o site <www.monografiasetrabalhos.com.br>, por R$ 400. A entrega da monografia foi prometida para 15 dias após o pagamento da primeira metade do valor, feito por depósito em conta corrente na Caixa Econômica Federal. O trabalho seria enviado por e-mail. O prazo combinado não foi cumprido pelo site. A primeira parte da monografia foi entregue 21 dias após o pagamento da primeira parcela. Um segundo depósito ainda teria que ser feito para que o restante do trabalho fosse encaminhado. A última parte da monografia foi entregue uma semana depois. A Megazine não forneceu dados bibliográficos para a equipe do site, deixando claro apenas que o tema proposto era "O formato do jornal e a formação de seu público leitor". A monografia deveria analisar de que maneira o tamanho das folhas de um jornal também é fator determinante na definição do tipo de leitor que a publicação atrai - mais jovem ou mais velho, com maior ou menor poder aquisitivo etc. O trabalho foi, então, encaminhado a quatro professores universitários. Eles analisaram a monografia sob diversos aspectos, entre eles a construção do texto, o desenvolvimento das idéias, as fontes, o respeito às normas da ABNT e, ainda, se o conteúdo da monografia era coerente com o pedido feito pela Megazine.Segundo advogados, a compra e venda de trabalhos acadêmicos constituem ilícito perante a instituição de ensino, mas, com base no Código Penal, não podem ser caracterizadas como crime. - Para que possamos classificar um crime como ilícito penal, há uma exigência que esse ato seja cometido em detrimento dealguém ou que tenha sido praticado visando uma vantagem às custas de outra pessoa. É complicado encaixar a compra ou a venda de um trabalho escolar nessa categoria - afirma o professor de Direito Penal Luiz Sergio Wigderowitz. Já o plágio, presente em muitos trabalhos comprados, é considerado crime, de acordo com o artigo 184 do Código Penal e pode acarretar em multa ou detenção.

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