Flavio Freire - Ana Paula de Carvalho - Agência O Globo
CURITIBA e JOINVILLE (SC) - Um dia depois de a Polícia Federal apresentar um relatório parcial sobre a tentativa de compra por petistas de um dossiê contra tucanos, os candidatos a presidente, em campanha no Sul do país, voltaram a trocar acusações neste sábado. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a vitória do seu adversário ( Geraldo Alckmin, do PSDB) representaria a volta de "uma minoria que mamou no país por 500 anos", o tucano afirmou que a campanha do presidente à reeleição "debocha do povo brasileiro".
Em comício em Curitiba, o presidente atacou a imprensa, por dar espaço para "ladrão fazer denúncias", e completou que a oposição sabe que ele "não rouba":
- Educação se aprende no berço. Não preciso ofender nenhum adversário para vencer a eleição. Vou me manter com o comportamento digno de um presidente da República, altivo e sabedor do ódio que eles têm. Eles sabem que não roubo nem roubei - disse Lula, em discurso na Boca Maldita, no centro de Curitiba.
Já o candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado que a campanha do PT debocha do povo brasileiro ao não ter interesse em revelar a origem do dinheiro que seria usado por petistas na compra de um dossiê contra candidatos tucanos. Ao chegar pela manhã a Joinville, onde fez uma carreata, Alckmin disse que a eleição não pode terminar sob suspeição.
- Eu espero que isso não ocorra, porque é crime e envolve uma fortuna de dinheiro. Mas é óbvio que todos eles sabem a origem do dinheiro, e que deve ser pior falar a verdade do que esconder. Estão debochando do povo brasileiro - afirmou tucano, para quem "cabe à polícia apresentar à sociedade rapidamente isso".
- Estão surgindo fatos novos, e eu espero que sejam esclarecidos rapidamente.
Para Alckmin, é grave o fato de o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, ter ligado para Jorge Lorenzetti antes mesmo de Lorenzetti ter seu nome envolvido nas denúncias para a compra do dossiê.
- Estão escondendo a verdade do povo com mentiras, omissão e conivência com casos graves. Tudo indica que é dinheiro da corrupção.
Lula disse que seu projeto de governo prevê a inclusão social, enquanto a do PSDB representaria um retrocesso para o país:
- O que está em jogo são dois projetos e o povo tem de ver o que está por trás do outro projeto (de Geraldo Alckmin). O projeto do meu adversário é o país voltar a ser governado por uma minoria que mamou no país por 500 anos.
O petista voltou a criticar a cobertura da imprensa nessas eleições. Segundo ele, a imprensa poderia ter "contribuído" para divulgar os projetos e programas que deram certo no atual governo.
- Não se pode viver a vida inteira subordinada a futricas, onde a gente vê ladrão denunciando e saindo nos jornais todos os dias - disse Lula, que deixou o local sem dar entrevistas.
Segundo a Polícia Militar, cerca de 25 mil pessoas acompanharam o comício. Lula estava ao lado dos ministros da Casa Civil, Dilma Roussef, e do Planejamento, Paulo Bernardo.Sexta-feira, 11 de outubro de 2024 | Porto Velho (RO)