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Política - Nacional

Leitores pedem o fim do voto obrigatório


Agência O Globo RIO - Enquanto as pesquisas indicam que pouco mais da metade dos eleitores brasileiros são contra a obrigatoriedade de votar, entre os leitores do GLOBO ONLINE o apoio à mudança para o voto facultativo é quase unanimidade. Em 90 comentários sobre os 75 anos do voto obrigatório, apenas cinco internautas defenderam o sistema atual. Houve até quem declarasse que deixou de votar para protestar contra a legislação eleitoral, embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alerte que quase dois milhões de brasileiros podem ter o título de eleitor cancelado por descumprir as leis. Há pelo menos duas eleições, o leitor Eduardo Freitas não comparece ao 1º turno - "quando as filas são maiores pelo número de cargos a preencher", explica ele - e anula o voto no 2º turno, numa estratégia para protestar sem ter problemas com a Justiça Eleitoral. Por email, ele explicou que não acredita na democracia eleitoral brasileira e garantiu que não está na lista-negra do TSE. - Do jeito que estão, a política e administração pública se tornaram apenas fornecedores de empregões e trampolins para negociatas.Tenho até uma comunidade no Orkut, "Chega de eleições", por enquanto com apenas um membro. Outro defensor do voto facultativo prefere protestar anulando o voto. O último político que José Gilberto de Freitas Oliveira ajudou a eleger foi ex-presidente Fernado Collor, que teve o impeachment aprovado pelo Congresso em 1992, mas renunciou ao cargo para livrar-se do processo. - Meu último voto depositei no senhor Collor de Mello e tive aquela decepção. Só por um motivo muito forte voltarei a usar o meu direito de votar. Desde aquele momento não vi nenhum político que fosse digno de meu voto. Não sei se anulando o voto estarei contribuindo de alguma forma para o Brasil. Entretanto, esse é o modo que encontrei para protestar contra essa deplorável política, e sempre envido esforços no sentido de ganhar adeptos à minha causa, única forma de nos fazer ouvidos pelos políticos - disse Oliveira, por email. Leitora pensou em mudar de nacionalidade para não votar Além das decepções com a política, a dificuldade para votar também é motivo de críticas ao voto obrigatório. A leitora Denise Druscke conta que as eleições dão trabalho para quem está fora do Brasil. "Moro no exterior e, embora seja cadastrada na embaixada, nunca recebo informações sobre dias de eleição ou a isenção desta. Tenho que desculpar (justificar), senão perco meu título e a possibilidade de tirar um passaporte novo. É um absurdo! Já até pensei em mudar de nacionalidade" escreveu. Um dos cinco defensores do voto obrigatório, o leitor Juvenil Neves argumenta que o Brasil não está preparado para o voto facultativo. "Haveria uma grande abstenção junto às classes média e alta, favorecendo os políticos medíocres e desonestos no "arrebanhamento" de pessoas menos esclarecidas" previu Neves, em seu comentário. Para Adriana Schiller Cesarino, o sistema atual não deve ser considerado obrigatório, já que o eleitor tem a possibilidade de justificar sua ausência, além de poder anular o voto ou votar em branco. "O que é obrigatório é o alistamento eleitoral e o fim da obrigatoriedade do alistamento eleitoral favorecerá os políticos corruptos e sem escrúpulos e não transmitirá a decisão da maioria da população. O alistamento eleitoral deve continuar obrigatório. Vota quem quer, quem não quer justifica o voto e paga uma quantia irrisória de R$ 3,00" escreveu. Além de ter o título cancelado, o eleitor que faltar a três eleições consecutivas perde o direito de tirar documento de identidade, passaporte, renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial, inscrever-se em concurso público, participar de concorrências em órgão públicos e praticar qualquer ato que também exija quitação do serviço militar ou imposto de renda. Se for servidor público, o eleitor fica ainda sem receber o salário do mês seguinte ao da eleição.

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