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Política - Nacional

Índios lamentam falta de saúde e dizem que só pesquisador vai a reservas


 
"O governo federal só está querendo crescer.  Crescem usinas, crescem lavouras.  Mas matam nossa terra, nossos peixes e árvores.  Isso é muito complicado.  Nós já temos problemas demais.  Por isso não vamos deixar que entrem na nossa área para fazer pesquisa.  Por que só pesquisador da EPE tem que ir pra lá?  Por que saúde não tem?", reclamou Daliyamacê, um dos poucos índios enawene que falam português, na reunião com outros 20 representantes de clãs.  Segundo ele, já há casos entre os enawene de índios que comeram peixes do rio Juruena, nas proximidades de Sapezal - um dos municípios considerados impérios da soja - e adoeceram com diarréia.  "A água está ficando contaminada", denuncia.  Ele cita outras doenças que têm acometido seu grupo, como malária, pneumonia, leishmaniose, dengue e tuberculose.

O risco de graves impactos à flora, fauna terrestre, aquática e para os índios em função da construção das usinas tem sido alertado pelo pesquisador Francisco Machado (USP), que estuda os rios da região há mais de 20 anos.  "Basta que somente uma [usina] seja edificada para que a ictiofauna migradora deixe de existir acima dela", afirma.  Alguns índios pressentem essas mudanças e defenderam que as pressões do governo para projetos de hidrovias, usinas e mineração vão culminar com a perda das referências culturais de seu povo, que se alimenta basicamente de peixes.  Por isso, o recado de Daliyamacê foi claro.  "Eu já avisei que ninguém vai entrar.  Se alguém aparecer lá, o problema vai ser deles", encerrou o representante enawene.

Luiz Cinta-Larga, representante da etnia, garantiu que dentro dos 2,7 milhões de hectares de terras também não vão deixar nenhum pesquisador entrar.  "A gente disse não".  "Muitas vezes o governo ameaça.  Diz que se o índio não deixar, vai acabar com a Funai.  Eles têm que ter respeito.  Somos discriminados depois que o mundo ficou sabendo da extração de madeira e diamantes nas nossas terras.  O governo não está preocupado com o índio.  Então por que nós temos que aceitar a proposta do governo?", questionou o representante dos cinta-larga, segundo o qual a etnia Arara também teria se posicionado contra.

Os índios rikbaktsa, entretanto, aceitaram negociar.  "Nós deixamos eles entrarem, mas só quem tiver autorização do cacique e da Funai", falou o índio Fernando Dinuru.  "Nós também pedimos luz para as aldeias.  Queremos abrir estradas de 200 quilômetros dentro das terras indígenas Rikbaktsa, Japuíra e Escondido para melhorar nosso próprio acesso e fiscalizar", explicou Jair Rikbaktsa, representante da etnia, que não viu maiores problemas em permitir o trabalho dos pesquisadores.  Segundo a EPE, todos os equipamentos necessários para a realização dos estudos (marcos topográficos, réguas para medição de nível, postos fluviométricos e sedimentométrico, trado para sondagens geológicas e para coleta de amostras para análise da qualidade de água) provocam interferências mínimas sobre o meio ambiente.

Ainda de acordo com a EPE, esses estudos pretendem analisar várias alternativas de divisão de queda, formadas por conjuntos de aproveitamentos.  Depois de compará-las, a empresa afirmou que é selecionada aquela alternativa que apresentar melhor balanço entre os benefícios energéticos, os impactos sócio-ambientais e os custos de implantação, que já devem incluir uma estimativa dos custos de mitigação e compensação ambiental.  "Os aproveitamentos da alternativa selecionada na etapa de inventário constituem insumos para as etapas seguintes do planejamento da expansão da oferta de energia", informou.

Fonte: Amazonia.org.br com informações do 24 Horas News

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