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Política - Nacional

Empresário diz em depoimento que pagou propina a petista


Jailton de Carvalho, Alan Gripp (Agência O Globo) BRASÍLIA - O empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia dos sanguessugas, disse à Justiça Federal ter pago propina ao petista José Airton Cirilo, integrante do diretório nacional do PT e candidato derrotado do partido ao governo do Ceará, em 2002. De acordo com reportagem publicada no jornal 'O Globo', em seu depoimento, Vedoin teria acusado Cirilo de ter agido como intermediário do Ministério da Saúde na liberação de recursos federais para a compra de ambulâncias superfaturadas. Ainda de acordo com a reportagem, integrantes da CPI teriam afirmado que Vedoin contou que Cirilo o procurou para ajudá-lo a receber uma dívida do Ministério da Saúde com a Planam, principal empresa do esquema, referente a compra de 130 ambulâncias. Em troca, teria pedido uma comissão de 5% do valor total. Com base nos valores médios cobrados pela empresa por cada ambulância, a CPI estima que a suposta propina possa chegar a R$ 400 mil. Em nota, Cirilo negou ontem todas as acusações. Afirmou que, por ser uma figura pública, recebe vários pedidos para serem encaminhados ao governo federal, mas que nunca recebeu favorecimentos pela atuação. Cirilo negou que tenha tratado da liberação de recursos federais. - O próprio governador Wellington Dias esclareceu que fez, neste caso específico, convênio direto com o ministério da Saúde, via pregão eletrônico - disse. Cirilo informou que seu sobrinho é filiado ao PSDB e que é funcionário do gabinete de um senador tucano, cujo nome não informou. Por fim, disse que as denúncias têm objetivo político. - Nenhum parlamentar do PT foi denunciado e querem de toda forma arrastar nosso partido para o atoleiro do caso Sanguessuga, quiçá para atingir a iminente reeleição do presidente Lula. A análise que a CPI dos Sanguessugas faz do depoimento prestado pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin à Justiça deverá estar concluída até a próxima quarta-feira. A previsão foi feita em entrevista à imprensa nesta sexta-feira pelo sub-relator de Sistematização e Controle do colegiado, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Durante a entrevista coletiva, o deputado Carlos Sampaio preferiu não comentar a suposta participação do deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB) e da deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) no esquema, conforme matérias publicadas pela imprensa. Gadelha é um dos cinco membros titulares do PSB na CPI. Celcita é mulher do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT), que é um dos 36 membros suplentes do colegiado. - Não tenho conhecimento específico do envolvimento desses parlamentares. Se existe parlamentar que compõe a CPI sendo investigado, evidentemente que ele deveria se dar por impedido. A minha função como sub-relator de Sistematização é organizar todas as provas que foram produzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal, sem julgar o mérito ou emitir juízo de valor. Minha função é organizar uma pasta eletrônica para cada mencionado e nela anexar cada prova correspondente ao parlamentar - explicou o sub-relator. Nesta sexta-feira, o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), defendeu o afastamento dos parlamentares da comissão. Para Biscaia, cabe aos líderes do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ), e do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), decidir o que fazer com os dois parlamentares. - Agora que os nomes foram vazados, digo que o Gadelha e o marido da Celcita devem se afastar da CPI, embora isso não signifique que eles estejam definitivamente envolvidos com o esquema - disse Biscaia. O esquema, também investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, envolvia parlamentares, prefeituras, empresas de fachada e funcionários públicos para comprar as ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento da União. A CPI dos Sanguessugas vai cruzar informações do Ministério da Saúde, das emendas parlamentares, de licitações de empresas e dos depoimentos dos acusados para buscar provas sobre os envolvidos no esquema. Nesta quinta, Sampaio obteve no Ministério da Saúde 150 senhas de parlamentares usadas para protocolar as emendas de projetos de compra de ambulâncias. O objetivo é cruzar com informações dos depoimentos dos funcionários da Planam (uma das empresas que lideravam o esquema de corrupção) e da ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino e as licitações para a compra de ambulâncias. - Agora, vamos verificar se o parlamentar indicado pela Maria Estela da Silva (funcionária da Planam que prestou depoimento) foi de fato o autor da emenda daquele (determinado) município e aí eu fecho o círculo. Isso é um elemento de prova importante para fazer o cruzamento entre o município, o parlamentar referido e a emenda apresentada pelo parlamentar - explica. Segundo o deputado, independentemente de conseguir a cassação até a data das eleições, o importante é mostrar quem são os envolvidos. A partir daí, Sampaio acredita que caberá ao eleitor fazer o julgamento. - O importante é demonstrar se houve envolvimento do parlamentar e colocar a luz da sociedade quem são esses parlamentares que tiveram envolvimento e caberá ao eleitor fazer o seu processo de análise e, portanto deliberar sabendo quem é o parlamentar envolvido - disse. Segundo reportagem do jornal 'O Globo', dos 57 parlamentares citados pela CPI dos Sanguessugas, 23 deputados, que representam 40% dos envolvidos no escândalo, estão no primeiro mandato no Congresso Nacional. Os números põem em xeque a tese de que a renovação dos congressistas nas eleições é a solução para se combater a corrupção. Político novo, necessariamente, não é sinônimo de político honesto. De acordo com o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), carros de luxo como um BMW, viagens, hospedagens em flats e dinheiro - distribuído até em malas que circulavam pelo Congresso - foram algumas das formas de pagamento da máfia dos sanguessugas aos 105 parlamentares que teriam aderido ao esquema. As informações constam em um levantamento feito pela CPI, baseado no depoimento de Vedoin à Justiça.

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