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Política - Nacional

Cristovam: Precisamos mudar a cor da cara da elite brasileira


Hilda Badenes e Rui Pizarro - Agência O Globo RIO - Primeiro candidato a participar da série de entrevistas com os principais presidenciáveis feita pelo jornal "O Globo", Cristovam Buarque (PDT) não surpreendeu. Ele passou a maior parte do tempo falando sobre sua principal bandeira de campanha: a educação. O senador voltou a defender uma revolução na área, apontada por ele como o caminho para a solução de todos os outros problemas do país. Leia aqui os principais trechos da entrevista - O Brasil precisa dar uma virada. Fazer uma revolução. Estou aqui para isso. Não vejo propostas de fazer uma revolução. A única que se pode fazer é a da educação. Só assim se consegue dar o salto nesse muro para quebrar a desigualdade vergonhosa. Só a educação vai fazer esse salto. Essa é uma causa subversiva. Saltar o muro precisa de duas pernas, estabilidade e educação. Para Cristovam, a política de cotas para negros em universidades deve ser apenas uma medida provisória. Mas ressaltou que é preciso mudar a cor da elite brasileira. - Sou favorável. Como solução do problema, não. A verdadeira cota que eu defendo é 100% dos meninos e meninas terminando o segundo grau com qualidade. Precisamos mudar a cor da cara da elite brasileira - disse. (Veja o vídeo) E completou: - Temos que colocar mais negros na universidade. Cota não vai trazer revolução na qualidade do ensino. Você quando vai ao médico pergunta em que lugar ele entrou na universidade? Sou a favor (da cota) como instrumento provisório para mudar a cara da elite brasileira. Indagado o motivo pelo qual o Pro-Uni não foi aprovado durante sua gestão como ministro da Educação do governo Lula, o candidato do PDT disse que foi ele quem deu o pontapé inicial no programa. E lembrou que a proposta original tinha algumas diferenças. Segundo ele, a princípio, a universidade pagaria pelo aluno, sem receber subsídio. Em troca, o estudante teria que participar do programa de alfabetização de adultos. - Eu comecei esse programa (ProUni) - afirmou. Cristovam afirmou ainda que o projeto original não foi aprovado porque não atendia aos interesses das corporações: - As corporações dominam o governo Lula e não quiseram. Lula não fala para o país, vê o país dividido em corporações. Lula não vê o Brasil como um sistema, mas como um quebra-cabeça. Não vê que o país tem uma alma. Acirrou o corporativismo. Cristovam fez outras críticas ao ex-companheiro Lula, subindo um pouco o tom somente ao final da entrevista. Para o candidato do PDT, o grande salto cultural do Brasil começa na escola. Segundo ele, a educação tem que ser uma "manifestação cultural". - No dia que 40 milhões de meninos forem ao cinema, cineasta não vai precisar de dinheiro do governo. A gente dá subsídio como aspirina, enquanto a gente deveria dar incentivo ao consumo dessa cultura - disse o candidato, que em seguida, se dirigiu aos jornalistas: - Vocês (jornalistas) ficam brigando para ver quem rouba leitor de quem, mas não percebem que quando acabar o analfabetismo no Brasil vai faltar jornal para tanto leitor - afirmou Cristovam, arrancando aplausos da platéia. A revolução da educação, segundo Cristovam, deve estar pautada em três padrões: bons salários para professores, educação e equipamentos e padrão de conteúdo. Ao ser questionado pela colunista Cora Rónai sobre a construção de novas escolas e a disputa das crianças entre a escola e o tráfico, Cristovam respondeu que é preciso, além de construir 30 mil novas escolas dar incentivos às famílias, como o Poupança-Escola, que visa depositar R$ 100 na conta de cada criança que passa de ano. - Claro que sempre haverá perda para o crime, mas não por falta de oportunidade, de escolas. E mesmo assim serão poucos. Por isso defendo a federalização da educação, com responsabilidade da União, mas não gerenciamento da União - disse o ex-ministro, que também respondeu a perguntas de leitores. O colunista Fernando Calazans quis saber quais as causas da perda de civilidade no Brasil e como combatê-las, lembrando que na China há campanhas sobre reeducação no dia-a-dia. Cristovam disse ter ficado feliz com a pergunta: - A reeducação tem de ser permanente. A cada cinco anos o conhecimento adquirido na universidade fica obsoleto. Por isso acho que os diplomas deveriam ser provisórios. Bem-humorado, o candidato do PDT reconhece que suas chances são remotas. Mas não desanima, e diz que em 2010 ainda terá idade para concorrer. Nesta terça-feira, às 11h, a entrevistada dos colunistas do "Globo" será a candidata do PSOL, Heloísa Helena. O terceiro a participar da série será o tucano Geraldo Alckmin, na quarta-feira, às 15h. A quinta-feira está reservada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, que ainda não confirmou sua presença.

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