Brigas internas paralisam governo estadual

A principal marca do governo de Confúcio Moura, até agora, tem sido a falta de coordenação, a desorganização nas ações. Embora o governador pareça ter uma visão do que fazer, por enquanto, o seu governo não tem, o que se mostra numa aparente falta de planejamento em questões cruciais, na ausência de um bom plano de governo e, em especial, na falta de quem administrativamente comande as ações de governo.

A impressão comum que se tem é de que se trata de uma gestão perdida com cada um dos dirigentes setoriais puxando a carroça para um lado, de forma que as ações acabam não acontecendo da forma esperada e só com discursos não se conseguirá apagar os resquícios das gestões anteriores por falta de objetividade e eficiência. Nem mesmo as tentativas de unir a gestão em encontros entre os seus dirigentes consegue mudar qualquer coisa e, agora, um episódio envolto em circunstâncias não explicadas revela que até mesmo nos porões do Palácio auxiliares do governador não se entendem.

 

A fórmula que não deu certo

O governo até agora tem tido uma atuação fraca e, de certa forma atabalhoada que fica impressa na maior parte das suas ações, seja na saúde, nas finanças, na educação ou na cultura tudo parece ser regido pela disputa interna. O pouco que é feito parece aquele quadro de televisão onde tem de “se virar nos 30? para cumprir o prometido. Porém, como um governo consegue caminhar se coloca um secretário que é a própria “rainha da Inglaterra”, segundo se comenta, enquanto o adjunto faz o que quer e até se comenta também que faz mais do que o possível, o que tecnicamente se chama de “desvio de governo”.

Ninguém prova, embora hajam pessoas que fofocam e que dizem ter como provar. A acusação do senador Cassol de que estavam pedindo propina em nome do governo parece ter sua origem em assessores que usam o nome do governador para atingir seus próprios interesses. Há empresários que se queixam de que tiveram seus contratos cancelados ou não pagos, por pura coincidência, a partir de visitas inesperadas , mas, isto, é claro, deve ser um acaso. O fato é que a fórmula administrativa de ter uma espécie de conselho de governo, por muitos apelidado de “Núcleo de imaginação permanente”, se bem que há quem diga que são coisas diferentes, não vingou. Falta ao governo quem coordene e quem cobre as ações que acabam não tendo rumo, de vez que, em geral, secretários e adjuntos não se afinam e há mesmo quem diga que há pessoas que estão de fora que mandam mais do que quem está dentro.

De qualquer forma a falta de coordenação e de unidade acaba por tornar o governo ineficiente na ação. A falta de direção já é visível nos esforços dispersos e na disputa de poder que se processa na maioria das vezes de forma silenciosa, porém, o que impacta na administração como aconteceu com a troca de comando do segundo homem da Casa Civil. As brigas são intestinas e silenciosas, porém, estão crescendo e ameaçando tornar o governo de Confúcio um palco de trocas de pancadas em geral com alguns feudos consolidados em particular.

 

Fogo amigo

Ninguém sabe explicar direito, porém, foram as brigas intestinas que levaram a que, no último dia 27, na 2ª Delegacia de Polícia fosse registrado o Boletim de Ocorrência n° 11E1002006886 no qual se registra que o assessor especial da Casa Civil, Helder Risler de Oliveira, foi acusado de ter invadido, sem se identificar, a Imprensa Oficial do Estado, mais precisamente o setor de informática, supostamente, apresentando sinais de embriaguez alcoólica e, ao ser pedido que se identificasse, pois, o local teria informações confidenciais e sigilosas teria empurrado o vigilante dizendo ser o chefe do responsável pelo setor.

Apesar de termos tentado pedir informações ao Chefe da Casa Civil, Ricardo Vieira Sá, e/ou encontrar alguém que na Imprensa Oficial informasse algo a respeito dos fatos ninguém deu retorno até o fechamento da edição. No entanto, trata-se, efetivamente, de um fato estranho, ainda que o assessor não estivesse embriagado, o fato de entrar diretamente num setor reservado sem se identificar ou dar satisfações. O que ocorre por detrás de um fato assim? Ou terá sido uma atitude isolada? Não se sabe. Se sabe que existe uma disputa surda de poder no interior do governo que, depois de todo o auê de que seria um governo transparente e voltado para a população, agora, vive um momento ruim por falta de harmonia entre os auxiliares e de uma centralização administrativa.

Comenta-se, entre outras coisas, que a própria reforma administrativa teria sido feita a toque de caixa e sem o devido tempo para exame dos deputados que, apesar da oposição do deputado Hermínio Coelho, votaram pela famosa oração de São Francisco. Também há sinais de insatisfação com a importação de novas pessoas para o Palácio que estariam trazendo, supostamente, assessores infiltrados de outros grupos, o que é possível deve aumentar o grau de desunião interna. Uma das suposições, por exemplo, para a atitude do assessor especial repousaria na tentativa de evitar a demora na publicação de designação ou demissão, não se sabe ao certo. De certo se tem que há fogo amigo debaixo do monturo. Inclusive se suspeita que é uma tentativa de “queimar” algum dirigente ou de modificar a estrutura de governo para poder influir em algum setor.

Fonte: Jornal Alto Madeira