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AMAZÔNIA: Cobiça é realidade



Cobiça internacional na Amazônia não é paranóia militar, diz general Heleno
    

Comandante militar da região diz que cobiça é realidade e chama a atenção dos brasileiros para esse fato. 

CHICO ARAÚJO
[email protected]
  

BRASÍLIA — No início do ano, ele classificou de “caótica” a política indigenista brasileira e afirmou que a demarcação de reservas contínuas na Amazônia é coloca em risco a soberania nacional. Suas afirmações incomodaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, em outubro, o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, alerta novamente: “A cobiça internacional [em relação à Amazônia] não é uma paranóia dos militares”.  Segundo ele, a cobiça ocorre de maneira genérica e é expressa nos discursos de autoridades de diferentes países.

Diante dessa situação, o general diz que está na hora de o Brasil começar a raciocinar com o conceito de soldado do futuro, ou seja, aquele que usa equipagem leve e tecnologias sofisticadas.  Hoje, na Amazônia, os fuzis utilizados pelo Exército têm 43 anos de uso. Mas nem por isso, segundo Augusto Heleno, os militares encaram como “castigo” servir na Amazônia como acontecia no passado.  “Nossos melhores profissionais passam por aqui, dando o melhor de si”, diz.

Entre os militares da ativa, o general Augusto Heleno é o único da atualidade com experiência em combate. Antes de assumir o Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus (AM), Heleno comandou a força da paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti.  Atualmente, o general é um dos militares mais admirados e reconhecidos na caserna e, principalmente fora dela, devido ao fato de ter colocado na agenda nacional temas considerados áridos, entre os quais a Amazônia, a soberania e a política indígena. 

Foi essa experiência que fez do general Heleno Augusto o responsável pelo maior comando militar em área de selva do mundo: inclui seis estados e parte de outros dois numa área de responsabilidade operacional de 3 milhões e 600 mil Km², reunindo um efetivo de 25 mil militares, podendo chegar a 28 mil com a instalação de três novos batalhões.   

A área onde fica é de constante tensão. É onde o Brasil faz fronteira com sete países, onde há forte presença de guerrilheiros, tráfico internacional de drogas, crimes ambientais, biopirataria e a cobiça internacional. No seu interior, a preocupação maior é com a agitação provocada pelos movimentos sociais e questão indigenista, que por vezes promovem ações e discussões que colocam em risco a segurança nacional e a soberania territorial. É sobre essa realidade que o general Heleno falou, com exclusividade ao jornalista Kaiser Konrad,  portal Defesanet. Na íntegra:


Transferência de unidades de outras regiões do País à Amazônia

Já tivemos três brigadas transferidas para o CMA. A mais antiga saiu de Petrópolis-RJ para Boa Vista, atualmente a 1ª Brigada de Infantaria de Selva. A 2º Brigada de Infantaria de Selva que saiu de Niterói-RJ está sediada em São Gabriel da Cachoeira, e a Brigada das Missões, que tinha sede em Santo Ângelo-RS foi para Teffé. Essas brigadas foram resultado de um esforço enorme do Exército para transferi-las à área amazônica, devido à crescente importância da região e a diminuição da importância estratégica em outras regiões do país.

Em termos de equipamentos, quais as necessidades do CMA?

Se nós verificarmos os nossos sistemas de armas, podemos começar pelo equipamento de uso individual, que precisa ser reformulado e aonde temos sérias deficiências. Usamos um fuzil que tem 43 anos. Existe a intenção de começar a raciocinar com o conceito de soldado do futuro, que usa uma equipagem leve e permite ao combatente acessar tecnologias sofisticadas. Se pensarmos em termos de artilharia antiaérea, nós temos muita coisa a acrescentar neste teatro de operações, assim como na artilharia de campanha. Devemos buscar também uma melhora considerável no sistema de armamento anticarro.

Existe a necessidade da aquisição de helicópteros de ataque?

É óbvio. No caso na Amazônia, raciocinando que na guerra moderna, além da Dissuasão, a estratégia mais importante é a da Projeção de Poder: a capacidade de colocar a força desejada no local escolhido dentro do menor tempo possível. E quando se fala nisso, ainda que vulnerável, a plataforma de combate necessária é o helicóptero. E obviamente os helicópteros de ataque são prioritários e eu os quero aqui com urgência.

Aeronaves de asa fixa?

Existe um estudo ao nível do Comando do Exército e Ministério da Defesa sobre a aquisição de aviões de Comando e Controle capazes de atender a determinados níveis de comando e que nos dariam uma mobilidade maior dentro de nossa área de atuação. Sobre outras aeronaves, entendo que o poder aeroespacial é responsabilidade da Força Aérea Brasileira e não queremos nada que possa interferir nas missões dela.

A possibilidade de acontecer uma guerra na região

A possibilidade é remota embora eu acredite que temos que nos preparar para isso. Se fizermos uma análise do nosso relacionamento com as nações vizinhas veremos que não temos nenhum problema, somente aqueles que são comuns. Eventualmente há alguma tensão, natural de países livres, independentes e soberanos, que podem ter interesses antagônicos mas que também podem ser resolvidos pelas vias diplomáticas.

Com relação a outras potências que possam vir a se interessar num conflito com o Brasil, não vejo a curto-prazo esta possibilidade. Tenho dito que seria no mínimo imprudente achar que o Brasil não tenha que respaldar algumas decisões políticas num poder militar compatível com sua estatura estratégica.

Cobiça internacional da Amazônia

A cobiça internacional não é uma paranóia dos militares. Ela tem sido expressa nos discursos de autoridades de diferentes países, o que reflete uma cobiça que não é explícita e não tem endereço, ainda, mas é genérica. No momento que verificamos o potencial da Amazônia, tudo que ela já mostrou que tem e o que ainda não foi prospectado, mas sabemos existir, tudo isso faz com que devemos nos prevenir contra esta cobiça internacional.

A conquista desses objetivos extra-territoriais poderá ser atingida sem guerra, subreptíciamente, por ações políticas e de infiltração e, de repente, poderemos nos deparar com um cenário aonde já temos muita coisa usurpada sem que haja um conflito bélico. Esta é uma questão que nos traz muita preocupação. A presença do Estado brasileiro na região é fundamental para neutralizar quaisquer interesses escusos.

Política indigenista

Tudo que tinha que falar eu já falei. Algumas providências foram tomadas e vamos caminhar para encontrar uma solução ideal. É um tema polêmico e que tem que ser discutido não por poucos indivíduos, mas por toda a sociedade brasileira.

O futuro da presença das Forças Armadas na região amazônica

A presença militar na Amazônia tem um papel preponderante e sua importância pode ser sentida toda vez que nos afastamos das metrópoles regionais e vamos para as proximidades das fronteiras, onde a presença do Estado diminui, e a do Exército, com seu Braço Forte e Mão Amiga aumenta. A FAB realiza há décadas um papel fantástico em proveito das populações desassistidas da região, e a Marinha, que faz um trabalho essencial ao longo da calha dos rios navegáveis. Tenho certeza que esse papel não vai diminuir. O que queremos são parceiros e que eles se façam mais presentes, que é o caso da Polícia Federal, Incra, Ibama, Receita Federal e Funai, para que nos unamos no trabalho em prol da Amazônia.

Considerações

Quero registrar o orgulho e a honra que tenho por ser o Comandante Militar da Amazônia. Hoje, servir na Amazônia é questão de escolha e não castigo como outrora. Nossos melhores profissionais passam por aqui dando o máximo de si, pois sabem que esta área é importante para o futuro do Brasil.

Existe a necessidade da aquisição de helicópteros de ataque?

É óbvio. No caso na Amazônia, raciocinando que na guerra moderna, além da Dissuasão, a estratégia mais importante é a da Projeção de Poder: a capacidade de colocar a força desejada no local escolhido dentro do menor tempo possível. E quando se fala nisso, ainda que vulnerável, a plataforma de combate necessária é o helicóptero. E obviamente os helicópteros de ataque são prioritários e eu os quero aqui com urgência.

Aeronaves de asa fixa?

Existe um estudo ao nível do Comando do Exército e Ministério da Defesa sobre a aquisição de aviões de Comando e Controle capazes de atender a determinados níveis de comando e que nos dariam uma mobilidade maior dentro de nossa área de atuação. Sobre outras aeronaves, entendo que o poder aeroespacial é responsabilidade da Força Aérea Brasileira e não queremos nada que possa interferir nas missões dela.

A possibilidade de acontecer uma guerra na região

A possibilidade é remota embora eu acredite que temos que nos preparar para isso. Se fizermos uma análise do nosso relacionamento com as nações vizinhas veremos que não temos nenhum problema, somente aqueles que são comuns. Eventualmente há alguma tensão, natural de países livres, independentes e soberanos, que podem ter interesses antagônicos mas que também podem ser resolvidos pelas vias diplomáticas.

Com relação a outras potências que possam vir a se interessar num conflito com o Brasil, não vejo a curto-prazo esta possibilidade. Tenho dito que seria no mínimo imprudente achar que o Brasil não tenha que respaldar algumas decisões políticas num poder militar compatível com sua estatura estratégica.

Cobiça internacional da Amazônia

A cobiça internacional não é uma paranóia dos militares. Ela tem sido expressa nos discursos de autoridades de diferentes países, o que reflete uma cobiça que não é explícita e não tem endereço, ainda, mas é genérica. No momento que verificamos o potencial da Amazônia, tudo que ela já mostrou que tem e o que ainda não foi prospectado, mas sabemos existir, tudo isso faz com que devemos nos prevenir contra esta cobiça internacional.

A conquista desses objetivos extra-territoriais poderá ser atingida sem guerra, subreptíciamente, por ações políticas e de infiltração e, de repente, poderemos nos deparar com um cenário aonde já temos muita coisa usurpada sem que haja um conflito bélico. Esta é uma questão que nos traz muita preocupação. A presença do Estado brasileiro na região é fundamental para neutralizar quaisquer interesses escusos.

Política indigenista

Tudo que tinha que falar eu já falei. Algumas providências foram tomadas e vamos caminhar para encontrar uma solução ideal. É um tema polêmico e que tem que ser discutido não por poucos indivíduos, mas por toda a sociedade brasileira.

O futuro da presença das Forças Armadas na região amazônica

A presença militar na Amazônia tem um papel preponderante e sua importância pode ser sentida toda vez que nos afastamos das metrópoles regionais e vamos para as proximidades das fronteiras, onde a presença do Estado diminui, e a do Exército, com seu Braço Forte e Mão Amiga aumenta. A

FAB realiza há décadas um papel fantástico em proveito das populações desassistidas da região, e a Marinha, que faz um trabalho essencial ao longo da calha dos rios navegáveis. Tenho certeza que esse papel não vai diminuir. O que queremos são parceiros e que eles se façam mais presentes, que é o caso da Polícia Federal, Incra, Ibama, Receita Federal e Funai, para que nos unamos no trabalho em prol da Amazônia.

Considerações

Quero registrar o orgulho e a honra que tenho por ser o Comandante Militar da Amazônia. Hoje, servir na Amazônia é questão de escolha e não castigo como outrora. Nossos melhores profissionais passam por aqui dando o máximo de si, pois sabem que esta área é importante para o futuro do Brasil. 

Fonte: A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião

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