Terça-feira, 18 de novembro de 2025 - 08h29

Impulsionando a
produção de pesquisa na Amazônia e projetando a região como um novo centro de
conhecimento científico, o VI Congresso Internacional de DHJUS teve as
atividades iniciadas nesta segunda-feira (17/11), no auditório do edifício-sede
do Ministério Público de Rondônia (MPRO), em Porto Velho. Realizado com a
proposta de pensar Direitos Humanos, Justiça e Desenvolvimento Sustentável na
região, o evento reúne, até a próxima quinta-feira (19/11), reconhecidos nomes
do universo jurídico local, nacional e do exterior, contando com a exposição de
mais de 200 artigos científicos, reafirmando o papel crescente da Amazônia como
referência no debate científico contemporâneo.
Com o tema Futuros
Possíveis, o evento é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos
Humanos e Desenvolvimento da Justiça, da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), sendo realizado em parceria com a Escola Superior do MPRO (Empro) e
unidades correlatas de instituições de órgãos do sistema de Justiça – Poder
Judiciário, Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública.
A programação do congresso teve como primeira atividade o colóquio
“Metodologias, Epistemologias Críticas e Produção de Conhecimento’, apresentado
pelos Professores Doutores do Programa, Rodolfo de Freitas Jacarandá e
Aparecida Luzia Alzira Zuin, coordenadora-geral do congresso.
Ao fazer a abordagem inicial do colóquio, a pesquisadora falou da importância
de discutir a construção da pesquisa na Amazônia, em uma perspectiva decolonial
- abordagem que questiona a lógica colonial ainda presente na ciência e valoriza
saberes, práticas e modos de investigação historicamente marginalizados.
Enfatizou, ainda, os desafios epistemológicos contemporâneos e a necessidade de
promover rupturas nos métodos disciplinares tradicionais.
“Identificamos a necessidade de romper fronteiras disciplinares, articular
teorias e métodos diversos e, ainda, construir objetos de estudos capazes de
responder a problemas complexos, vinculados aos direitos humanos, Justiça
social e à realidade amazônica”, disse.
Discorrendo sobre esse olhar local, a coordenadora explicou que a chave de
inovação do programa é investigar os fenômenos da Amazônia, problematizar a
realidade de maneira mais aprofundada, de modo que a pesquisa deixe de ser
apenas um trabalho acadêmico tradicional e se torne uma investigação da vida
real, capaz de gerar impacto — social, econômico, tecnológico e cultural —
condizente com as especificidades da região.
A coordenadora celebrou a submissão de 269 artigos no congresso, afirmando ser
este um marco nos contextos regional e nacional. “São trabalhos que tratam da
região, num volume que demonstra que estamos nos deslocando para o centro do
conhecimento”.
Em sua participação no colóquio, o Professor Doutor Rodolfo Jacarandá falou
sobre pensamento crítico; epistemologia do Sul Global, entre outros temas,
trazendo ferramentas para a compreensão de como se constrói o conhecimento em
uma perspectiva interdisciplinar, abordando fundamentos, tensões, limites e
potencialidades.
Painel
Ainda na parte da manhã, a programação do congresso apresentou o painel com o
tema “Luta Anticapacitista na Amazônia: Educação, Saúde e Trabalho”, tendo como
coordenadora a procuradora do Ministério Público do Trabalho Camilla Holanda
Mendes Rocha.
O quadro de painelistas foi composto pela defensora pública em Rondônia Flávia
Albaine Farias da Costa e pelas promotoras de Justiça do MPRO Flávia Barbosa
Shimizu Mazzini e Luciana Ondei Rodrigues Silva.
Com enfoques sobre a educação, as integrantes do Ministério Público, Mestras
pelo Programa DHJUS, expuseram o cenário da oferta educacional sob a
perspectiva da educação inclusiva. Flávia Barbosa falou sobre “Política pública
intersetorial da Educação e Saúde à visibilização de crianças com transtorno de
aprendizagem na rede pública de Porto Velho”.
Fazendo uma explanação de sua dissertação de Mestrado, discorreu sobre a
pesquisa produzida que demonstrou como falhas no processo de interlocução entre
as pastas de Saúde e Educação no Município de Porto Velho prejudicam o
rendimento escolar de crianças neurodivergentes.
Conforme a investigação da promotora, em 2024, do total de crianças que
aguardavam na fila da Neuropediatria na rede pública, 36,47% apresentavam
queixas sobre o aproveitamento escolar, o que evidencia a procura significativa
pelos serviços de saúde para o acionamento de suporte pedagógico dos
estudantes.
Ao ressaltar a importância da identificação precoce de alunos que necessitam
apoio no processo de aprendizagem, a painelista defendeu a criação de um
protocolo intersetorial entre Educação e Saúde como instrumento que visibilize
estudantes neurodivergentes, tornando plena sua participação no processo de
aprendizagem.
“As barreiras não são das crianças e adolescentes, mas do sistema. As políticas
públicas integradas dão condições para garantir a dignidade, aprendizagem,
desenvolvimento e justiça social”, afirmou.
A promotora de Justiça Luciana Ondei falou sobre “Os Desafios para garantir o
direito à Educação das pessoas com deficiência no Estado de Rondônia”. Fazendo
um retrospecto dos instrumentos que instituíram a educação inclusiva no Brasil,
traçou um panorama da educação, perpassando desde o período de exclusão e
segregação de estudantes com deficiência até a Constituição Federal e a
instituição, em 2008, da Política Nacional da Educação Especial na Educação
Inclusiva, que prevê a presença do aluno em escola regular.
“A política de educação especial foi um marco importante, pois consolidou o
movimento de inclusão, contrapondo-se a políticas anteriores que ainda previam
escolas especiais e condicionantes para pessoas com deficiência acessarem o
ensino regular”, afirmou.
Mencionando a presença de mais de 16 mil estudantes com deficiência na rede
pública em Rondônia, Luciana Ondei destacou os desafios na oferta da política
pública para esse público. Entre os obstáculos, citou a importância do poder
público e das escolas na eliminação de barreiras.
“Se o Estado prover acessibilidade, que é um dos pilares da inclusão, o aluno
conseguirá ter acesso à educação e poderá se preparar, se desenvolver para o
trabalho, ter condições de exercer os seus direitos como qualquer outro
cidadão”, ressaltou.
Trabalho - A defensora pública em Rondônia Flávia Albaine Farias da Costa fez
uma reflexão sobre como pessoas com deficiência estão efetivamente incluídas em
postos de trabalho, problematizando a presença formal desse público no mercado,
sem o efetivo exercício das atividades profissionais devido à falta de
acessibilidade e barreiras sociais.
“De acordo com estudos, o indicador de empregabilidade das pessoas com
deficiência no mercado formal de trabalho no Brasil é de apenas 2%, enquanto
que em países mais desenvolvidos é de até 45%. Além disso, grande parte das
vagas destinadas a pessoas com deficiência ainda não foi ocupada”, disse a
painelista.
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