Segunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Justiça

Comunidade tradicional de Rolim de Moura do Guaporé (RO) cria protocolo de consulta prévia

Documento define regras sobre como devem ser feitas consultas à comunidade antes da tomada de decisões que afetem quilombolas, indígenas Wajuru, Sakirabiar e Guarassuê


 Comunidade tradicional de Rolim de Moura do Guaporé (RO) cria protocolo de consulta prévia - Gente de Opinião

Os povos da comunidade tradicional de Rolim de Moura do Guaporé, que abrange quilombolas e indígenas Wajuru, Sakirabiar e Guaraussê aprovaram recentemente seu protocolo de consulta prévia: um documento que estabelece como devem ser realizadas as consultas às comunidades, sempre que haja previsão de medidas que possam causar dano diretamente a seu estilo de vida. O Ministério Público Federal (MPF) acompanhou desde o início as discussões que resultaram no documento.

A consulta prévia, livre e informada é um direito assegurado pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aos povos indígenas e demais povos e comunidades tradicionais. Em 2004, a Convenção 169 entrou em vigor no Brasil, com a sua promulgação pelo Decreto nº 5.051.

Consulta De acordo com o documento, a comunidade deve ser consultada sobre todos os assuntos que envolvem a sua cultura e o seu território, bem como atividades vinculadas ao turismo e qualquer outra atividade que ameace a segurança, a saúde, a produção de alimento e a identidade dos povos. Além disso, a comunidade deve ser perguntada acerca de políticas sobre os costumes indígenas e quilombolas.

Dentro do protocolo há também indicação de ações emergenciais que visam melhorias dentro comunidade, como, por exemplo, a continuação imediata da demarcação de terras indígena e quilombola em grupo de trabalho conjunto entre a Fundação Nacional do índio (Funai) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), tendo em vista a constituição do território multiétnico da Comunidade Tradicional de Rolim de Moura do Guaporé.

Outra exigência dos povos no protocolo é para que haja imediata anulação de qualquer cota pesqueira escoada no leito do Rio Mequéns por pessoas estranhas à comunidade (turistas e visitantes) e agravamento da responsabilização das empresas turísticas que acobertam a prática ilegal ou causam quaisquer danos ambientais. “Tudo aqui pescado, será aqui consumido”, requer a comunidade, entre outras reivindicações.

No documento, ficou decidido que nenhuma liderança sozinha representa a Comunidade Tradicional de Rolim de Moura do Guaporé. Lideranças, pessoas e instituições quilombolas e indígenas de outras regiões, terras indígenas, territórios quilombolas, cidades ou que não tenham relação permanente com o território da Comunidade, jamais poderão representar os grupos etnicamente diferenciados Sakirabiar, Wajuru, Guarassuê e Quilombola de Rolim de Moura do Guaporé.

Cabe às lideranças da comunidade assegurarem a participação integral dos povos no processo consultivo; bem como representar e ser representado na direção dos trabalhos regidos pelo protocolo no âmbito das mesas diretoras.

O documento esclarece sobre o que a comunidade deve ser consultada, etapas da consulta, como são tomadas as decisões sobre o seu território, bem como os ritos, regras gerais e disposições finais.

Para ler a íntegra do Protocolo de Consulta da Comunidade de Rolim de Moura do Guaporé, clique aqui.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Poluição sonora é tema de reunião pública do MPRO na capital

Poluição sonora é tema de reunião pública do MPRO na capital

O Ministério Público de Rondônia (MPRO), por meio da 16ª Promotoria de Justiça de Meio Ambiente e Urbanismo da capital, realizou uma reunião pública

Inscrições abertas: MPRO seleciona estudantes de Direito para programa de estágio

Inscrições abertas: MPRO seleciona estudantes de Direito para programa de estágio

O Ministério Público de Rondônia abriu, nesta segunda-feira (16/6), as inscrições para o XXXVI Exame de Seleção de Estagiários de Direito. A iniciat

MPF recomenda retomada de convênio para garantir atendimento diferenciado de saúde a indígenas em Guajará-Mirim (RO)

MPF recomenda retomada de convênio para garantir atendimento diferenciado de saúde a indígenas em Guajará-Mirim (RO)

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Prefeitura de Guajará-Mirim (RO) que retome, de forma imediata, o convênio com o Hospital Bom Pastor

MPF obtém decisão que obriga União a pagar custos de perícia em ação sobre fraude em desapropriações em RO

MPF obtém decisão que obriga União a pagar custos de perícia em ação sobre fraude em desapropriações em RO

A Justiça Federal em Rondônia modificou decisão anterior e determinou que a União será responsável pelo pagamento dos custos de perícia necessários

Gente de Opinião Segunda-feira, 16 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)