Quinta-feira, 27 de setembro de 2018 - 17h29
247 - Os ataques aos direitos dos trabalhadores como o décimo-terceiro salário, proferidos nesta quarta-feira, 27, pelo general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), agravaram a crise na chapa da extrema-direita.
Depois de dizer pelas redes sociais que Mourão "ofende os trabalhadores" ao dizer que o décimo-terceiro é uma "jabuticaba", Bolsonaro agora censurou o general, proibindo-o de manter agenda pública até o primeiro turno, no domingo, 7.
"Por orientação de Jair Bolsonaro, seu candidato a vice, general reformado Antonio Hamilton Mourão, não terá mais agenda pública de campanha a partir desta sexta-feira, 28, até a data do primeiro turno, dia 7 de outubro", diz um comunicado publicado pela revista Crusoé.
Leia também reportagem da Reuters sobre o assunto:
Bolsonaro rebate vice, diz que 13º é cláusula pétrea
e que quem fala diferente desconhece Constituição
(Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, usou no início da tarde desta quinta-feira uma rede social para garantir que é impossível acabar com o décimo terceiro salário e que quem sugere isso desconhece a Constituição, em um duro recado indireto a seu colega de chapa, o general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB).
Na véspera, Mourão se referiu a esse pagamento aos trabalhadores como “jabuticaba brasileira” e defendido a realização de uma reforma trabalhista “séria”.
“O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, disse Bolsonaro, em sua conta no Twitter.
O candidato a presidente, que se recupera em um hospital do atentado à faca que foi alvo no dia 6, não fez qualquer menção direta a seu colega de chapa no tuíte.
Em palestra no Clube dos Diretores Logistas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, na quarta-feira, Mourão criticou o pagamento dessa verba remuneratória.
“Jabuticabas brasileiras, décimo terceiro salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. É o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no Brasil. São coisas nossas, a legislação que está aí. É sempre a visão dita social com o chapéu dos outros, não com o chapéu do governo”, disse.
O candidato a vice sugeriu também a realização de uma nova reforma trabalhista a fim de reduzir encargos para o empregador.
“Nós sabemos perfeitamente o custo que tem o trabalhador, essa questão do imposto sindical e tal em cima da atividade produtiva, é o maior custo que existe”, disse, ao considerar que há “algumas jabuticabas” que comparou serem “mochilas nas costas” de todo o empresariado.
Na reta final da campanha do primeiro turno, os adversários de Bolsonaro na corrida presidencial não perderam tempo.
“Eu não posso ser a favor, como disse aí o general Mourão, que o décimo terceiro é uma jabuticaba brasileira”, disse o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, nesta quinta-feira, após participar de uma feira com entidades religiosas na capital paulista.
“Não é possível achar que o trabalhador que a trabalhadora, que sua a camisa, que trabalha, que muitas vezes é até explorado, não tenha direito nem a ter um décimo terceiro salário, isso não é razoável”, acrescentou o tucano.
A campanha de Bolsonaro já tinha se envolvido em outra séria polêmica econômica, quando a mídia noticiou que o coordenador econômico, Paulo Guedes, estaria estudando a possibilidade de recriar um tributo nos moldes da CPMF.
Na ocasião, o presidenciável também teve que intervir para tentar evitar um estrago maior na sua candidatura.
“Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendemos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso”, escreveu o presidenciável em sua conta no Twitter.
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