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Viver, resistir e testemunhar é cultura popular


 
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A previsão apocalíptica do Prefeito Mauro Nazif e dos seis promotores que ajuizaram a Ação Civil Pública que impediu os desfiles de blocos carnavalescos por conta da enchente no período momesco, felizmente não se confirmou. Nem haveria de se confirmar, afinal, nenhum órgão com autoridade para emitir previsão meteorológica que autorizasse toque de recolher por ameaça de dilúvio se manifestou. O terrorismo foi plantado em notas oficiais insinuando aos que pulassem carnaval que não estariam solidários aos desabrigados. Uma hipocrisia sem precedentes, uma vez que foi o governo quem fez um carnaval com cestas básicas superfaturadas para atender os desabrigados. Pra esse carnaval o Ministério Público fez acordo.
 
Agora, o que as aves de mau agouro não previram é que haveria resistência na mais autêntica forma de expressão popular.
 
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Sem poder ocupar o mais sagrado palco da cultura popular, a rua, não restou outra alternativa senão a de resgatar a tradição dos antigos carnavais. Muitos blocos de sujo que já haviam se adequado ao formato mais moderno de folia com trios e venda de abadás, resgataram a verdadeira essência do carnaval. Nas calçadas, com uma banda pequena e em coro comunitário com marchinhas tradicionais, promoveram o carnaval democrático, familiar e seguro. Foi assim no Calixto & Companhia, no Pernambuco e no encontro do Kagalho com o Pirarucu do Madeira. Quem não apostava mais em baile tradicional se surpreendeu com o público na II Batalha de Confetes, o Carnaval na Tenda do Tigre e o Carnaval Máscaras e Amores. A Banda do Vai Quem Quer desfilou sim! As marchinhas animaram todos os cantos em que ousaram fazer folia. Está mais viva do que nunca!
 
Na terça gorda os blocos Kagalho e Pirarucu, em um ato de desobediência civil, desfilaram no quarteirão do circuito Caiari arrastando famílias com um irônico barbante como corda de isolamento. Um desfile histórico que fez os moradores abrirem as janelas de casa pra espiar e os carros buzinarem com um aplauso.
 
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Espero que desse episódio lamentável, duro golpe contra a cultura popular, fique a mensagem de que os momentos de alegria fortalecem e estimulam na hora da crise. Não devem ser evitados com o discurso do terror, com maus presságios, por motivações religiosas reacionárias e interesses políticos.
 
O carnaval é patrimônio do nosso país e ao estado cabe garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais como ampara nossa Constituição Federal. Só deve se sacrificar um direito fundamental quando outro de maior relevância estiver realmente ameaçado, o que não ocorreu.
 
Finalizo com Albert Camus: “Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo”.
 
 
Luciana Oliveira, empresária e diretora do bloco Pirarucu do Madeira

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