Segunda-feira, 6 de outubro de 2008 - 15h38
Não lembro onde li ou escutei a palavra "tergiversação". Devo ter lido, pois não é usual escutar uma palavrinha destas. Costumo ficar inquieto quando não sei o significado de alguma expressão do vocabulário português quando aparece, mas afinal reconheço que nosso idioma é extenso e nem os redatores de dicionários devem ter domínio dele na íntegra. Há coisas que desconhecemos, mas temos oportunidade de descobrir e saber, enquanto há outras que a busca de facilidade nos faz atribuir-lhe um sentido seja lá o que for.
Para traçar paralelismos, como interpretar uma pessoa que carrega um caderno enquanto anda na rua? Se é jovem, é estudante ou realizador de questionário; se é adulto, está fazendo as contas dos gastos domésticos; e, se é senil, está somando os pecados para ver se terá lugar no céu. Ou será outra coisa? Um homem de terno não é necessariamente um executivo, nem alguém de carro é motorista particular. A luz refrata no prisma quando não se considera o contexto.
A imagem não resume a atividade ou a função de uma pessoa, embora insistimos em interpretá-la apressadamente. E se o tal homem de terno for o motorista e esse alguém de carro, turista? As coisas podem ser bem diferentes. Voltando um pouco no trajeto, antes que o motorista vire socorrista, há palavras que têm várias acepções, ou significados, segundo os dicionários. Menos mal que julgar e atribuir um sentido que não lhe pertence é dizer plástico para uma garrafa plástica ou vidro para uma mesa de vidro.
Em meados de setembro, estive no sítio arqueológico de Quiahuiztlán, no estado de Veracruz, México. Pedi para uma amiga tirar-me uma foto enquanto eu "encostava naquela pedra", e logo escutei risos do guia turístico dizendo que se tratava de uma tumba funerária dos povos totonacas que datava de mais de cinco séculos atrás para minha informação. Na próxima vez, pergunto antes de que me tirem uma foto se estarei apoiado numa tumba, templo, monumento de sacrifício, ou o que seja.
De que forma nos relacionamos com produções culturais de outros povos sem esse olhar prévio e desavisado? Os espanhóis aportaram em Veracruz, México, impondo a "verdadeira cruz" representada pelo catolicismo, o que não é muito diferente do que fizeram os portugueses no Brasil. Da história à atualidade, antecipamo-nos em fazer julgamento dos outros sem conhecer as motivações alheias ou os preconceitos da nossa visão. Quanto mais diferente e exótico, mais dá o que falar.
E quanto à palavra "tergiversação", que apresentei no início do texto, temo informar que ainda não busquei o significado no dicionário. Melhor façamos um exercício de tentar adivinhá-la antes de consultar o "pai dos burros", quer seja pelo contexto em que se insere ou pelo que parece ser. Vai que acertemos. Se errarmos, o procedimento refletiria bem o que expus nos parágrafos anteriores. Que palavrinha estranha! Quer saber, continuarei sem conhecer seu significado. Que importa?
Fonte: Bruno Peron Loureiro
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