Terça-feira, 15 de março de 2011 - 06h03
Guido Bilharinho
A produção industrial, por imposição de sobrevivência, crescimento e lucratividade implica na fabricação seriada, uniforme e em larga escala de artefatos variados.
Para sustentar esse processo, indispensável se faz que na outra ponta, do consumo, também se uniformizem e se estandardizem o gosto e a percepção das coisas, criando-se necessidades impostas por procedimentos condicionadores da vontade por meio da mídia e de técnicas publicitárias cada vez mais aperfeiçoadas e sofisticadas.
Todo esse processo implica, por sua vez, na excessiva valorização do ter, das aparências e do consumismo compulsivo em detrimento do ser e de seus valores, entre os quais, bondade, desprendimento, sinceridade, sabedoria e conhecimento.
Sob o aspecto cultural, por exemplo, dissocia-se a vida da usufruição dos bens culturais de efetivo valor, que exige esforço para formação de gosto requintado, pessoal e individualizado, infenso à massificação ensejada pela geração intensiva de produtos de entretenimento não só destituídos de valor cultural e artístico como até mesmo, muitos deles, nocivos ao indivíduo e à sua participação na sociedade, a exemplo dos jogos de vídeo, dos filmes recheados de agressões, violência e crimes e dos programas televisivos de auditório repletos de baixarias e estupidez.
Uma das mais nefastas consequências dessa situação em professores, estudantes, profissionais liberais e na sociedade em geral consiste na desvalorização do livro e da leitura como bens culturais de importância intrínseca e não apenas pragmática (de cunho técnico e profissional) ou despistadores e enganosos (de auto-ajuda e assemelhados).
O livro e a leitura (romance, conto, teatro, poesia) estão hoje marginalizados no contexto social, porque ao invés da leitura constituir hábito generalizado, não tem passado de usufruto e prazer de poucos, colocados mais ou menos na situação dos intelectuais da obra de Ray Bradbury (de 1963), em que se baseou o filme Farenheit 451 (Idem, Grã-Bretanha, 1966), de François Truffaut, ou seja, na obrigação de defender os livros para que até mesmo materialmente não desapareçam sob a sanha demolidora do insidioso processo desvalorizativo e destrutivo em curso, em que muitas vezes os próprios descendentes de autores quedam-se indiferentes a suas obras, quando não as desdenham.
A verificação desse estado de coisas é facilmente constatável por meio de pesquisa que procure averiguar quantas pessoas lêem habitualmente (pelo menos um livro por semana) ou mesmo que já leram algum livro que não seja técnico-profissional, de auto-ajuda ou por obrigação.
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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba, foi candidato ao Senado Federal e editor da revista internacional de poesia Dimensão, sendo autor de livros de literatura, cinema e história regional.
(Publicação autorizada pelo autor)
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