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Pavor no grupo de Temer: Geddel deve virar delator


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A festa no Planalto com a capotagem de Joesley Batista e Rodrigo Janot durou pouco. Com a prisão de  Geddel Vieira Lima, Michel Temer e seus parceiros do grupo “PMDB da Câmara” estão apavorados com a hipótese, bastante provável,  de que ele venha a se tornar delator premiado.  Apesar de ser truculento e agressivo no trato com os mais fracos, Geddel é conhecido pela tibieza diante das dificuldades.  Este traço ficou conhecido no meio político ainda em 1993, quando ele surtou, chorou e implorou para que seu nome fosse tirado da lista dos implicados (e depois cassados) na CPI dos anões do orçamento. Escapou na pescaria negociada entre os partidos de uns peixes gordos que precisavam ser poupados.  Quando foi preso pela primeira vez em julho, pela Operação Cui Bono, antes de ganhar o direito à prisão domiciliar que agora perdeu, ele chorou copiosamente declarando estar disposto a “cooperar com a Justiça no quer for preciso”.   Nada contra o choro raro dos homens, quando expressam sensibilidade. O de Geddel  traduz sua fraqueza, que agora deve resultar  na delação de seus cúmplices no PMDB. Naquela ocasião, o Ministério Público o qualificou de “criminoso em série”.

Geddel atua no “esquema do PMDB” desde os anos 1990. Quando conquistava uma posição, o rival ACM estocava: “Geddel vai às compras”. Mas sua carreira ganhou impulso foi a partir de 2007, quando se tornou ministro da Integração Nacional no segundo governo Lula. Embora tenha fustigado o presidente e o governo petista no período anterior (2003-2006), com a reeleição de Lula a aliança com o PMDB foi sacramentada e Geddel tornou-se ministro com a bênção de Michel Temer, que presidia a Câmara.  Neste cargo ele tocou várias obras de infraestrutura de alto valor no Nordeste e principalmente na Bahia, que chegaram á ordem dos R$ 500 milhões,  como os projetos de irrigação do Baixio de Irecê e de Salitre, em Juazeiro, ambas na Bahia, e deu início às obras da transposição das águas do Rio São Francisco. 

Ele deixou o governo para concorrer ao governo da Bahia em 2010 mas foi derrotado por Jacques Wagner, do PT. Esperneou porque o PT não o apoiou e lançou candidato próprio e ganhou a disputa. Nesta eleição, segundo colegas de partido da ala adversária, deve ter começado a torrar parte do tesouro agora descoberto. . Apesar da escaramuça local, através de Temer conseguiu ser indicado para a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal em 2011. Dilma resistiu mas acabou cedendo à pressão de seu vice. Neste cargo, deu curso ao esquema de cobrança de propinas para a liberação de empréstimos e de recursos do FI-FGTS para empresas, conforme já relatado pelo delator Cleto Falcão e por empresários delatores,  em parceria com Eduardo Cunha. Esta atuação é que foi investigada pela Cui Bono e levou à sua primeira prisão.

Deixou o cargo em 2013 para disputar o Senado em 2014 e foi derrotado por Otto Alencar, apoiado por Jacques Wagner, apesar do derrame de dinheiro na campanha. Desde então, passou a defender o rompimento do PMDB com o PT e foi um dos mais ativos conspiradores do golpe de 2016 contra Dilma.  Com a posse de Temer em maio de 2016, tornou-se um dos homens mais poderosos do governo, assumindo o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo. Durou seis meses no cargo. Em novembro, caiu depois que o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, denunciou as pressões que dele sofria para que autorizasse a elevação do gabarito de um prédio na área histórica de Salvador, de 13 para 30 andares.

Temer e Geddel são unha e carne. Sua carta de demissão foi dirigida ao “fraterno amigo” que ajudou a colocar no cargo com o golpe de 2016.  Seus apadrinhados continuam no governo e no Palácio. Ele tem muito a contar sobre tudo o que fizeram juntos neste anos todos.  Com a delação de Lucio Funaro homologada, ele terá que oferecer mais revelações, além das que já foram feitas pelo operador do PMDB, para conseguir a delação. Tremei, palacianos. Geddel vem aí.

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