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PAÍS PEDINTE


Todos os dias somos abordados nas ruas, nos ônibus e até em nossas casas por
pessoas com folhetos, listas e outros mecanismos para pedirem ajuda,
especialmente para comprar comida e remédios, mas também por alegações das
mais variadas e inimagináveis. Ajuda aos favelados, aos vizinhos em
dificuldade e aos empregados domésticos são as mais comuns, além dos meninos
de rua e outras mil e uma entidades de proteção a menores desamparados. O
que seria para ocorrer periodicamente, virou rotina. Hoje não se faz um
percurso de ônibus, independente da distância, sem a presença de dois ou
três pedintes. Está na crista da onda, os ex-dependentes de drogas ajudando
as casas que lhes salvaram.

A hipocrisia da sociedade sustenta essa conduta viciada. Erro não há em
pedir ou em dar. Mas se deve tomar muito cuidado. Pedidos dessa natureza
deveriam acontecer somente em casos excepcionais. Pede-se "por que seria
melhor do que roubar". Esse quadro reverter-se-á quando não tiverem vergonha
de trabalhar, por mais humilde que seja o serviço. O "caridoso" também deve
exigir alguma retribuição e nunca entregar o pão fácil do dia-a-dia,
especialmente em dinheiro. O país da caridade excessiva é o mesmo da miséria
absoluta. Esses itens, somados às religiões, contribuem para a manutenção
desse espírito de solidariedade que sustenta a pobreza como virtude humana.

Devido à amplitude do tema e ao pequeno espaço, o enfoque se restringe a
alertar a população dos cuidados que devem ser tomados com o objetivo de
evitar que esse benefício não se torne um mecanismo de vida fácil. Pedir é
difícil enquanto não é meio de vida. Depois, falar em trabalhar para quem se
acostumou a pedir é incorrer em sério risco de ser agredido fisicamente.

Recentemente, devido ao ipobe - e miséria é campeoníssima nisso - as
televisões, através da jogatina dos seus tele-900, disfarçada de amparo
assistencial às casas beneficentes e de outras atividades sociais, vêm
incentivando e fomentando essa prática como o único meio de solucionar
problemas.

A função que seria das instituições públicas passou para a sociedade, que
dia-a-dia sente-se mais responsável pela substituição do papel do Estado.
Ora, ao contrário de darem certas soluções momentâneas e paliativas, todos
deveriam unir-se para cobrar daqueles que têm a obrigação e o dever de
solucionarem os problemas. Com as melhores das intenções em ajudar, essa
gente que dá esmola contribui para isentar os administradores das suas
responsabilidades. Estes, como regra, vivem a dizer que são o reflexo da
sociedade.

Como existem deturpações de imagens, eles são um péssimo reflexo. Apesar de
ingênua, quase sempre, a população ainda é muito melhor e mais sadia dos que
esses falsos representantes que, aproveitadores do fato de serem eleitos
pelo povo, sem verificar em que moldes, costumam atribuir à população o
cinismo que lhes norteiam, o que não é verdade.

Brasileiramente, somos campeões em resolver um problema criando outro maior.
Esse assistencialismo gratuito e vulgar gera chefe de grupo de crianças
pedintes e "pais adotivos" de toda sorte. Essa jogatina deve ser substituída
apenas por uma linha de atuação mais independente e corajosa das emissoras.
E acabar com esse faz-de-conta. As pessoas, em lugar de choramigar alguns
gramas de comida, devem protestar e se organizarem mais, buscando uma
solução definitiva para a fome. Embora contra a vontade de muitos
exploradores da miséria, basta luta e responsabilidade para acabar com essa
fome institucionalizada que existe no Brasil.

Problemas sociais se resolvem com projetos e trabalho, muito trabalho.
Esmola, apesar de ser um gesto nobre, só contribui para aumentar o número de
miseráveis e de pedintes!

Pedro Cardoso da Costa - Bel. Direito

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