Segunda-feira, 29 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Opinião: O enfraquecimento do legislativo


 

Guido Bilharinho

Graves e, por isso preocupantes, os resultados da atividade legislativa do Congresso Nacional. “Enquanto de 1995 a 1998, o Congresso aprovou 642 leis, no mesmo período o Executivo editou e reeditou 1.971 medidas provisórias”, informa Hindemburgo Pereira Diniz (Estado de Minas, Belo Horizonte, 11 junho 2000). Já no ano de 2007, por exemplo, 75,8% dos projetos sancionados, ou seja, que se transformaram em leis (119 de 157), originaram-se do Executivo. Além disso, e tão grave quanto isso, segundo informação publicada na imprensa (O Estado de São Paulo, São Paulo, 25 dezembro 2007) com base em levantamento da assessoria do PSDB na Câmara, praticamente a metade dos pífios 36 projetos de autoria de deputados e senadores destinaram-se a dar nomes a prédios públicos e instituir datas comemorativas, sendo os 2 projetos restantes oriundos do judiciário.

Assiste-se no Brasil, com origem no regime militar, o esvaziamento das funções legislativas e, consequentemente, da necessidade e importância do Congresso Nacional.

Essa hipertrofia do Executivo, ou seja, seu crescimento excessivo, encaminha o país para rumos indesejáveis, prenunciando o futuro estabelecimento de regime mais acentuadamente centralizador (o que o Executivo, nos três níveis, já é) e discricionário (o que também, em grande medida, já vem sendo na área tributária e em algumas outras), visto que não há o indispensável equilíbrio e interdependência dos órgãos estatais, havendo necessidade, por sua vez, de que o Legislativo – e também o Judiciário – modernizem seus procedimentos a fim de acompanhar os acentuados ritmo e complexidade da vida moderna e corresponder aos pleitos e anseios da sociedade que os mantém.

Cada vez mais, os legislativos (em todos os níveis) subordinam-se aos executivos, abdicando-se de sua independência, prerrogativas e funcionalidade, comprometendo, com isso, o regime democrático.

A existência da posição nesses sodalícios, às vezes aguerrida, não significa isenção, objetividade, defesa do bem público, mas geralmente, como sói acontecer, simples luta pelo poder, que se alcançado, continuará a portar (e suportar) os mesmos defeitos, só que com os antigos parlamentares situacionistas na oposição. Não passam, comumente, de faces da mesma moeda.

A preocupação com esse estado de coisas – e com muitos outros – não deve ser apenas de dirigentes políticos lúcidos e idealistas e de intelectuais participativos, mas, de toda a sociedade, de todos os eleitores, porque, ao fim e ao cabo, todos somos vítimas desse estado (no duplo sentido) degradado de coisas.

A atitude das avestruzes que escondem a cabeça nas tempestades não se coaduna com a dignidade e a inteligência humanas e, muito menos, corresponde e atende as necessidades fundamentais da sociedade.
 
Fonte: Guido Bilharinho é advogado em Uberaba, ex-candidato ao Senado Federal, ex- editor da revista Dimensão e autor de livros de literatura, cinema e história regional.

 
 

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 29 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Por que o PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho?

Por que o PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho?

O PT ainda não indicou pré-candidato à sucessão de Porto Velho. Por quê? Analistas políticos, contudo, apontam a ex-senadora Fátima Cleide como even

Lula quer criar um serviço de tele reclamação

Lula quer criar um serviço de tele reclamação

O presidente Lula saiu-se com mais uma das suas bizarrices. Agora, ele quer criar um serviço de tele reclamação, um canal de comunicação entre o gove

Por que somos tão desiguais?

Por que somos tão desiguais?

O Brasil possui um dos maiores níveis de concentração de renda. Quem garante isso não sou eu, mas os organismos especializados na avaliação da distr

A polícia não pode resolver tudo sozinha

A polícia não pode resolver tudo sozinha

Quando o assunto é segurança pública, logo aparecem alguns apressadinhos atribuindo às instituições policiais a responsabilidade pelo atual estado d

Gente de Opinião Segunda-feira, 29 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)