Quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010 - 10h53
Por Fernando José de Sousa*
De quando em vez ouvimos que algum congressista está propondo, mais uma vez, colocar em pauta a discussão sobre a obrigatoriedade ou não do diploma universitário para os profissionais de Jornalismo.
Confesso que cada vez que ouço isso, tenho sentimentos divididos em relação ao tema.
Se por um lado acho importante que os jovens tenham a oportunidade de sentar nos bancos de uma universidade para ouvir e aprender com professores e profissionais da área as manhas e artimanhas do ofício, por outro lado não posso imaginar que profissionais das antigas, gente do quilate de um Boris Casoy, que se formaram nas redações dos grandes jornais, correndo atrás dos fatos e fazendo as notícias acontecerem, serem rotulados em um nível inferior pela falta de um diploma.
Muito há que se discutir a esse respeito. Muito mesmo!
Porém, quando vejo com freqüência cada vez maior, especialmente em sites de notícias, manchetes como “aplicou um boa noite sinderela” ou “deputado é transportado de elicóptero para o hospital”, me convenço cada vez mais da obrigatoriedade do diploma do ensino fundamental, aquele que na minha geração era chamado de curso primário, para o exercício da profissão. Isso seria o mínimo do mínimo.
Ah, como eram bons tempos aqueles em que fomos alfabetizados na saudosa cartilha Caminho Suave e aprendíamos que a “babá vê a barriga do bebê”...
“A saudade mata a gente, morena...”
Concordo com muitos colegas que afirmam não poder se exigir dos jovens de hoje, frutos de um sistema educacional capenga, um texto de qualidade, ritmado, equilibrado, objetivo, com todas as cores e nuances como aqueles dos profissionais com alguns anos a mais de estrada. As novas gerações mostram até certo orgulho de um texto pobre e superficial, desenvolvido em “conversas” nas salas de relacionamento da Internet ou nos torpedos dos telefones celulares – linguagem cifrada e até mesmo confusa para os não iniciados. Como agravante podemos citar ainda a falta de interesse pela leitura e até mesmo descaso pelos noticiários das TVs. Não podemos aceitar passivamente o assassinato da nossa língua mãe pelo desconhecimento das noções mais rudimentares da gramática.
Tenho enfrentado no meu dia a dia problemas com profissionais que publicam informações incompletas ou até mesmo distorcidas, manipulando notícias de acordo com interesses pequenos de grupelhos políticos, muito mais interessados em angariar simpatias e votos do que em informar corretamente ao povo. Outros, agindo até de boa fé, veiculam informações tendenciosas sem ter o cuidado de verificar e confirmar a notícia com outras fontes. Alguns poucos, muito poucos, simplesmente publicam o que lhes pagam para publicar. Ontem mesmo, ouvi de um “destes” que seu veículo “pratica um jornalismo sério”.
Fala sério, meu!
Acho que nenhum de nós é obrigado a se travestir de santo, recusando trabalhos só por que não concordamos com isso ou com aquilo. Todos têm família, prestações, contas, aluguéis e despesas com supermercado – vivemos do nosso trabalho. Qualquer veículo de comunicação que se preze tem uma linha editorial a ser seguida; se aceitamos ali trabalhar, aceitamos também as regras do jogo. Questões éticas sempre surgirão e cabe a todos nós uma discussão contínua para equalizá-las, minimizá-las e até mesmo resolvê-las.
O desenvolvido econômico que se desenrola em Rondônia hoje, somente se concretizará verdadeiramente quando for acompanhado de um desenvolvimento social, com saúde, educação, cultura, segurança e qualidade de vida para todos os nossos cidadãos. A imprensa e seus profissionais têm papel fundamental neste processo informando, denunciando, cobrando, elogiando e mostrando ao povo os avanços e as mazelas de nossa sociedade. E o mínimo que devemos exigir dos profissionais de comunicação é que saibam se comunicar corretamente. Saber falar, ler e escrever.
Sem isso, o que melhor que tenho a fazer é pegar o tren das onze e voltar prá minha casa lá no Jassanan. Se eu perder este tren, só chego em casa de elicóptero.
E antes que eu me esqueça, boa noite sinderelas!
*Fernando José de Sousa é consultor de comunicação empresarial, graduado em Processamento de Dados, pós-graduado em Jornalismo Empresarial e em Educação Ambiental e mestrado em Marketing.
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