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O R E Q U E N T A D O


 
PRODUÇÃO INDEPENDENTE/JAS/RO (44ª EDIÇÃO) RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO EDITOR


“Atualmente, investem-se cinco vezes mais em silicone para mulher e em viagra para homem do que em remédios para a cura do mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhinhas de seios firmes e velhinhos de pênis duros; mas eles não se lembrarão para que servem” - Dráuzio Varella, em “Veja”, 07/11/2007.

*Dráuzio Varella (67 anos) é paulistano. Ele é médico (ex-aluno e professor da USP - São Paulo, SP). Varella é uma cabeça com
cabelos de menos e neurônios de mais.


Quase

Sarah Westphal

Ainda pior do que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão do quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata. O quase traz tudo que poderia ter sido e não o foi. Quem quase ganhou, perdeu; quem quase passou, foi reprovado; quem quase falou a verdade, mentiu; quem quase foi fiel, traiu; quem quase sabe ler, é analfabeto.

É cômica a mania de comemorar o êxito que não se obteve por pouco. Bola na trave não é gol. Pode ser (e o é) uma bela jogada; porém, não altera o placar. Eu me pergunto o que leva resignar-se com uma existência cheia de mesmices. Aliás, eu não me pergunto; contesto. A resposta reside no cinismo dos sorrisos amarelos; reside na frieza dos abraços convencionais; reside na indiferença dos cumprimentos sussurrados.

Se a virtude estivesse no meio, os dias seriam nublados, o mar não teria ondas, o arco-íris não teria várias cores. O nada não ilumina. O nada não inspira. O nada não aflige nem acalma. No entanto, é preferível o nada ao quase. O quase amplia o vazio que cada um carrega dentro de si.

Não é que a fé mova montanhas nem que as estrelas estejam ao alcance de todos. Chega de licença poética. Para as coisas que não podem ser mudadas, resta somente paciência. Nisto, não vai um gesto de comodismo. Pelo contrário, vai, nisto, um exercício de sensatez. Para os acertos, aplauso; para os erros, perdão; para os fracassos, chance. E para o amor desfeito? Nova busca. Sim, nova busca; apesar de “ex ser para sempre”.

Não adianta economizar um coração sem alma nem poupar uma alma sem coração. Deus é pai, mas não é mãe. Desconfie da sorte. Vá à luta. Torne-se importante sem ficar besta. Um besta importante nem para besta serve, porque é besta demais. Gaste mais horas realizando do que sonhando, executando do que planejando, atuando do que esperando. Resumindo: quem quase morre, está vivo; quem quase vive, já morreu.

Em “FOLHA DE S. PAULO”, 13/08/2008.
*Sarah Westphal Batista da Silva (25 anos) é catarinense de Florianópolis. Sarah é médica e, “para variar”, lindíssima. Explode, coração! ...


Troca de Confetes

Brasília (DF), 11 de março de 1985. Deputado Flávio Marcílio (PDS/CE) - Presidente da Câmara Federal - com a palavra o deputado Ernani Sátyro - PDS/PB:

“... E lá se vão quase dois milênios da Paixão de Cristo. À véspera de sua morte, Jesus realizou a Santa Ceia com os seus apóstolos. Naquela ocasião - se tanto me lembro - o Mestre instituiu, para todo o sempre, a eucaristia ... Voltado para Deus, o orador (74 anos) falava para o eleitorado de fé da Paraíba”.

“ - Nobre deputado Sátyro, Vossa Excelência foi o garçom da sagrada refeição noturna de que trata?” Por intermédio de gratuita indagação, o deputado Aprígio Colosso (27 anos - PMDB/SC) buscou, em aparte, ironizar o parlamentar paraibano pela idade avançada do último.

“ - Sim, jovem deputado Colosso, eu o fui. Assim como a mãe de Vossa Excelência foi a cozinheira”. O aparteado revidou a pilhéria do aparteante. Em “Paraíba das Ruas”. 

*Ernani Ayres Sátyro e Sousa (1911/1986) nasceu em Patos das Espinharas/PB. Bacharel em Ciências Jurídicas pela tradicional Faculdade de Direito do Recife (Casa de Tobias Barreto) da UFPE. Ideologicamente, estava à direita. Bem direita. Na Ditadura Vargas, o patoense foi nomeado prefeito de João Pessoa/PB. Na Ditadura Militar, ele se tornou ministro do STM e governador (biônico) da Paraíba. Sátyro foi um bom alcaide, um bom juiz e um bom chefe de Estado. Justiça se lhe faça. Não era um líder popular. Faltava-lhe
carisma. Se se elegeu, e elegeu-se, uma vez, deputado estadual/PB e, um quanto de vezes, deputado federal/PB, tal ocorreu com votações sofríveis. Dono de uma vasta cultura (aí, inclua-se a jurídica), romancista admirado, orador competente, poeta inspirado e voz trovejante, Ernani Sáyro foi uma presença visível, melhor diria, visibilíssima no Parlamento Brasileiro. 

*Flávio Portela Marcílio (1917/1992) era piauiense de Picos. Flávio Marcílio era advogado (UFCE, Fortaleza); *Aprígio Colosso (nome
fictício). /*Alcaide = prefeito; *biônico = sem voto popular; *STM = Superior Tribunal Militar; *eucaristia = hóstia sagrada.


Consigo & Contigo

Aníbal Bruno

Quero falar consigo (errado). Quero falar contigo ou quero falar com você (correto). Explica-se: o consigo significa com ele mesmo ou com ela mesma. Ex: A modelo morreu e levou a beleza consigo (ou seja, com ela mesma).

Em “Nova Gramática da Língua Portuguesa” (Editora Forense; Rio de Janeiro/RJ). Fone: 0xx21.1522.3299.


Nem na dor nem na alegria

Estava-se em 1987, Jânio Quadros era o Prefeito (PTB) de São Paulo/SP. No Brás - um bairro da maior cidade do País - cinco moços resolveram criar um quinteto musical. Pobres na forma da lei, os rapazes se dirigiramao Palácio do Governo Paulistano.

“ - Dr. Jânio, à falta de recursos financeiros, aqui, estamos nós para solicitar a Vossa Excelência que nos auxilie, por meio do cofre municipal, a formação de um conjunto para cinco vozes, o nosso sonho dourado”. Expressou-se, em nome dos demais, o representante da comitiva.

“ - Bela iniciativa, demonstram-na vocês. Tê-los-ei, creiam-me, na minha admiração. ‘A poesia chega aos céus. A música já vem de lá’, di-lo um especialista no tema. Ocorre-me a mim, jovens meus, que a Prefeitura Local não pode ajudar nem aos que choram. Quanto mais aos que cantam!...” Despistou-se o solicitado, abusando de uma das duas coisas de que ele mais gostava na vida: a colocação pronominal. A outra coisa era a bebida alcoólica.

Em “Domínio Público”.

*Jânio da Silva Quadros (1917/1992) era natural de Campo Grande/MS. Jânio Quadros se bacharelou em Ciências Jurídicas pelas Arcadas da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco (USP, São Paulo/SP). Orador de grande porte (e grande porre), carismático, advogado, professor e gramático da Língua Portuguesa, Jânio foi vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador e Presidente da República.

*Tê-los-ei = terei vocês; *Creiam-me = creiam em mim; *di-lo= diz isso.



Alternativa

Áureo Mello
 

“ - Venha me ver sem falta... Estou velhinha.
Iremos recordar nosso passado.
A sua mão, quero apertá-la na minha.
Quero curtir ternuras ao seu lado ...”
Passou a nossa mocidade, de relance ...
Hoje, estou idoso; idosa está … Suponho
Que perdeu, da beleza, os vivos traços ...
Respondi, pressuroso, numa linha:
" - Perdoe-me não ir ... Ando ocupado ...”
Amei-a tanto, quando foi mocinha,
E, de tal modo, também, fui amado.
Não desejo que morra o nosso romance:
Prefiro tê-la, jovem, no meu sonho
Ao que, velha, acolhê-la nos meus braços!

Em “Luzes Tristes” (edição esgotada).

*Áureo Bringel de Mello (84 anos) é rondoniense de Porto Velho. Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Amazonas (UFAM, Manaus), Áureo foi deputado estadual (PTB/AM), deputado federal (PTB/AM), deputado federal (MDB/RJ) e senador (PMDB/AM). Em 1956, na Câmara dos Deputados, o porto-velhense foi autor do projeto de lei que mudou a denominação do Território Federal do Guaporé para Território Federal de Rondônia. Áureo Mello é uma prata da casa que vale ouro. Enquanto isso, existe, por aqui, cada “ouro” de fora que vale chumbo. Ou não?


“Sonhei que estava acordado;
Acordei, estava dormindo”

Em maio de 1979, realizou-se um festival de cantadores de viola na antiga Cachoeira (BA). Cachoeira que se chama, hoje, Teixeira de Freitas em homenagem a um ilustre filho da Terra com o mesmo nome. Fala-se de Augusto Teixeira de Freitas (1816/1883) - o jurista brasileiro que escreveu a Constituição da República Argentina. E o fez em Espanhol (o idioma oficial da Pátria do Tango). Eita baiano arretado! Vai ver que, na obra de Teixeira, teve o dedo do Senhor do Bonfim. Oxente!

A horas tantas do evento acima, apresentaram-se Odilon Nunes de Sá e Manoel Belarmino Duarte. Para a famosa dupla, caiu o mote: “Sonhei que estava acordado; acordei, estava dormindo”. Odilon sapecou esta décima:

  

“Sonhei que estava acordado;
Acordei, tinha dormido.
Sonhei que tinha caído;
Acordei, estava andando.
Sonhei que estava chorando,
Acordei, estava sorrindo.
Sonhei que estava saindo;
Acordei, tinha chegado.
Sonhei que estava acordado;
Acordei, estava dormindo
 

Luís Carlos da Costa, em “Estrofes de Ouro '' (Grafisete, Teresina/PI). Fone: OXX86.9971.4043.

*Odilon Nunes de Sá (1901-1997) era paraibano de Patos das Espinharas;  *Manoel Belarmino Duarte (1929-1980) era pernambucano de Limoeiro.

* Cantador de viola, repentista (no caso) = quem, de improviso, faz versos ao som da viola; *décima = poema de dez linhas.

ATENÇÃO: Nenhuma notícia é originária deste “boletim”. Ele só a reedita. Donde, o nome dele: “O Requentado”. O esclarecimento de palavras não comuns se deve à popularidade (“on-line”) que este jornaleco - surpreendente e imerecidamente

- conseguiu. Que perdoem os letrados. Fones: 0XX69.3216-3775; 0XX69.3222-4739; 0XX69.9981-4173. “E-mail”:
[email protected]”.

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