Quarta-feira, 14 de maio de 2008 - 11h45
Nara Vargas*
Desde criança, aprendi que sempre estamos no lugar em que Deus quer que nós estejamos. Algumas pessoas dizem ainda, que no nosso caminho sempre cruzam pessoas que acabam se tornando parceiros de jornada, e a professora Benilce, com certeza se tornou minha parceira de jornada. Ainda na graduação do curso de Letras, tive a oportunidade de conhecer este ser humano que de tanta humildade profissional se tornava grande, mas tão grande que a vista quase não alcançava. Ao mesmo tempo em que nos ensinava a magia das palavras de Paulo freire, nos lia artigos dos mais variados, contava histórias e causos daqueles que nos marcam mesmo para todo o sempre.
Lembro como se fosse hoje da leitura do "nóis mudemo" de autora de Fidêncio Bugo, que conta a história de um menino que morava na roça e justificava a falta de alguns dias na escola com a frase: "fessora, nóis mudemo", para riso geral da classe.
O menino foi tão humilhado pela correção da professora e pelas gozações dos colegas que desistiu de ir à escola. Anos depois a professora encontra um homem amargurado, frustrado, desempregado, sem família, sem casa, sem eira nem beira.
Na verdade o nome dele era Lúcio. E a pergunta é, será que o ECA poderia ter salvo o "nóis mudemo". Se na época tivéssemos professores mais preparados, mais capacitados na verdadeira didática, aquela que salva, com certeza teríamos hoje um grande profissional, formado em qualquer área, ou pelo menos alfabetizado e em algum emprego digno. Se tivéssemos o ECA com toda a clareza dos direitos da criança e do adolescente e aí estou falando dos artigos que tratam do constrangimento, provavelmente essa professora não teria mandado o Lúcio prá casa mais cedo. O constrangimento foi tanto que foi o mesmo que falar para o Lúcio, o famoso, " pede prá sair".
A diversidade de hoje, nos conscientiza que devemos aceitar em nosso convívio social e escolar, crianças loiras, negras, índias, ou qualquer outro DNA. Crianças com limitações físicas ou psicológicas. Essa mesma consciência deveria nos ensinar também a aceitar as crianças chamadas "produtos do seu meio", como o "nóis mudemo". Não era culpa deste menino se a "gramática" dele veio através do empirismo da mãe, pai e avós.
Eu diria que, SE, tivéssemos na época o ECA, o "nóis mudemo" teria outro destino com certeza, pois o Estatuto lhe protegeria, pelo menos, do constrangimento.
E por fim, um dos objetivos deste artigo seria contar a influência do ECA na vida de uma criança ou adolescente. Neste caso relaciono também a diferença que o ECA fez e continua fazendo na vida desta ora jornalista, ora professora, ora simplesmente escriba. Trabalho com adolescentes na periferia de Porto Velho e posso vivenciar no dia a dia, as mudanças nas vidas destes meninos graças à garantia dos direitos que o Estatuto da Criança e do Adolescente proporciona a cada um.
* Nara Vargas é jornalista éprofessora de Inglês
em uma escola pública em Porto Velho RO.
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