Quarta-feira, 29 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

O clamor das ruas


O clamor das ruas - Gente de Opinião

Andrey Cavalcante

É preciso esclarecer que as soluções pelas quais o país anseia não passam pela divisão do maior patrimônio nacional, que é o povo – único, cordato, trabalhador e que fala a mesma língua em todo o território, desde a nascente do rio Ailã, em Roraima, até o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Não existe “nós” contra “eles” no Brasil a não ser na linguagem daqueles que tentam justificar o injustificável. Ou explicar mancha de batom na cueca, como disse Ulysses Guimarães. O povo que se manifestou nas ruas não anseia por retórica, mas por atitude. As manifestações não são necessariamente contra o governo. São, ao contrário, a favor do Brasil. A voz das ruas precisa ser ouvida. E respeitada. E mais: não é o combate à corrupção que compromete o bom desempenho da economia. É a própria corrupção que instila descrédito e desconfiança, mina as esperanças e literalmente deixa o país em verdadeiro estado de choque.

O governo, qualquer que seja ele, tem o dever de ouvir o clamor das ruas. É o que estão fazendo a OAB e entidades civis como as confederações da indústria, transporte e saúde, que divulgaram, esta semana, uma “Carta à Nação” na qual apontam os caminhos pelos quais o país precisa trilhar para atravessar a atual crise ética, política e econômica. “Não queremos ter o discurso de governo nem de oposição. Queremos discutir ideias e propostas para o Brasil. Para que tenhamos um ambiente de negócios favorável, assegurar a manutenção dos empregos dos brasileiros, reduzir o tamanho do Estado e fazer um ajuste fiscal que não aposte apenas no aumento da carga tributária”, exp0lica o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

A prioridade, segundo os signatários do documento, é ultrapassar o período de turbulência sem transferir a conta para a população, já exaurida pelo pagamento de impostos em cascata e nenhuma contrapartida em serviços públicos pelo menos satisfatórios. Não é momento de confrontar manifestações contra ou a favor do governo ou de qualquer outra autoridade. O momento é de lutar pela garantia dos empregos dos cidadãos e da segurança jurídica. O que a “Carta à Nação” se propõe a fazer é expressar a visão da sociedade civil brasileira, em suas forças econômicas e produtivas. É o estabelecimento do diálogo com entes públicos na busca por soluções para que a crise não se agrave.

É claro que as providências imediatas, na visão das entidades, passam pelo fortalecimento do combate à corrupção sistêmica dentro dos limites constitucionalmente estabelecidos. Mas exigem também que seja combatida a burocracia opressiva, que dificulta os investimentos. E sugere a redução do tamanho do Estado, com o corte de ministérios, e a adoção da meritocracia nos governos, com a redução dos cargos de confiança. Também apontam como imprescindíveis a reforma tributária e as regras de crescimento automático de gastos. “Também é consenso desse fórum – continua o presidente da OAB - que: qualquer saída político-institucional para o país não pode descumprir a Constituição. Ou seja, desde logo nos opomos a qualquer tipo de intervenção militar no Brasil”.

A sociedade quer ser efetivamente ouvida. Não quer apenas assistir a um monólogo repetitivo, monocórdico e enfadonho que, de efetivos resultados práticos apresenta nenhum. “Como entidades apartidárias, temos claro compromisso com o desenvolvimento econômico e com a superação da crise, combatendo a corrupção e respeitando as garantias constitucionais”, disse Marcus Vinicius. A Carta destaca ainda a necessidade da segurança jurídica no país, para que as disputas político-partidárias não gerem ainda maior insegurança no país, situação temerária, que afugenta investidores, gera desemprego e instala o caos na economia. O fórum marcou para 9 de setembro uma primeira reunião com representantes do Judiciário, especialistas e órgãos de investigação.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 29 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Os Estados Unidos do Brasil

Os Estados Unidos do Brasil

          “Os países não têm amigos nem inimigos. Os países têm interesses”. Essa frase antológica do ex-primeiro ministro britânico Winston Churchi

Por que Hildon teria desistido de disputar o governo de Rondônia?

Por que Hildon teria desistido de disputar o governo de Rondônia?

Hildon Chaves deixou a prefeitura de Porto Velho, após dois mandatos, com quase 80% de aceitação popular, uma cifra alcançada por poucos. Acho que s

A história das três moradas

A história das três moradas

Uma Narrativa sobre a Unidade Trinitária do SerHavia um tempo antes do tempo, quando tudo ainda era pura possibilidade suspensa sem forma, vazio em si

O choro do ministro

O choro do ministro

Até assistir ao vídeo do advogado Davi Aragão em seu canal do YouTube eu não tinha a menor ideia do potencial destruidor da Magnitsky. Para mim, era

Gente de Opinião Quarta-feira, 29 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)