Quarta-feira, 6 de janeiro de 2016 - 09h13
Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Porto Alegre – RS
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Eles acordam cedo e voltam tarde. Têm à disposição milhares de cursos profissionalizantes, a fim de garantir um currículo irretocável perante o mercado de trabalho. Nas redes sociais, em vez de publicar a formação acadêmica – advogado, médico, jornalista – optam por se autopromover por intermédio de alguma função traduzida em inglês, pois aparenta mais glamour ou capacidade. Em breves palavras, um resumo da geração “meu nome é trabalho”.
Na época de meus pais, a estabilidade era o objetivo. Encontrar um bom emprego, casar cedo e prover filhos ao mundo. Segurança primeiro, sonhos depois. Muitos passaram ao largo da tendência social. Outros seguem com casamentos longevos, algo cada vez mais raro no atual contexto. A geração de hoje não se preocupa tanto com a estabilidade. Vive a plenitude, quer conhecer o mundo. A realidade de 8 horas diárias entre as paredes de um escritório está longe de suas pretensões.
Os salários da nova geração são, de maneira geral, baixos. Há trabalho de mais e capital de menos. Com tanta informação na internet, eles viajam ao exterior buscando uma vida nova. Fogem dos altos impostos, da insegurança. Outros, competentíssimos, assumem cargos de chefia aos 25 anos. Até os 28, terão encerrado três relacionamentos, pois não há tempo para dispor ao parceiro. Choram por dentro, mas estão radiantes por fora. Mais belos que nunca. Não falta tempo à academia. Não falta entusiasmo para apostar na beleza.
Sem tempo, sem amor. A atenção excessiva ao trabalho que faz o indivíduo perder momentos irrecuperáveis com a família, por exemplo. Os pais alertam: “você está trabalhando demais”. Mas o ritmo já está arraigado. Se a peteca cair, um rigoroso chefe a colocará novamente no ar. Em suma, a geração atual se esforça demais para outros. Não sabe para quem está entregando seu empenho; Uma pessoa jurídica? O Universo? Qualquer entidade, menos a própria identidade.
E assim, os escritórios e psiquiatria lotam. A carga é grande demais para uma pessoa suportar sozinha. Chegando ao final da vida, décadas adiante, vão se arrepender. “Se eu pudesse voltar e fazer diferente...”, choram. Eles lamentam namoros falidos. Condenam uma trajetória sem amor. Questionam-se o porquê se tanto sofrimento canalizado. Torcem que, havendo um plano superior, o perdão não seja de Deus, mas deles para si.
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