Quinta-feira, 29 de maio de 2025 - 08h20

A Rodovia Álvaro Maia, que liga Porto Velho, capital de
Roraima, ao Careiro da Várzea, cidade amazonense próxima a Manaus, voltou mais
uma vez ao debate nacional no Senado. Só que dessa vez de maneira lacônica e
muito infeliz. Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente, que é o bode
expiatório da referida BR, foi covardemente agredida por parlamentares
bolsonaristas e também governistas, como o senador do Amazonas Omar Aziz. Todos
os agressores fizeram ataques misóginos e machistas contra a ministra.
Acusaram-na, sem provas, de impedir a reconstrução da BR-319 e não levaram
sequer em conta o fato de que Marina Silva deixou o governo Lula ainda em 2008
e só voltou agora em 2023. Por que durante todo esse período de quase duas
décadas não asfaltaram a velha estrada? Só Jair Bolsonaro governou o Brasil
durante 4 anos. Temer, quase 3 anos.
O senador
bolsonarista Marcos Rogério de Rondônia, conhecido como o “Pit Bull”
do Bolsonaro, mandou sem meias-palavras, a assustada ministra ficar no seu
lugar. “Ponha-se no teu lugar” disse ele. Errou não só a
gramática normativa, já que misturou as pessoas dos pronomes usados, como foi
grosseiro, mal-educado e misógino. Isso é postura de um senador da República? Já
o senador Plínio Valério do PSDB do Amazonas disse naquele triste momento que “respeita
a mulher, mas não a ministra”. Valério, em um pronunciamento anterior, já
havia falado em “enforcar” a coitada da acreana. Marina Silva é mulher,
negra e de origem pobre. Mas não se intimidou ali. Após ser destratada e
desrespeitada como mulher e como ministra, ela se retirou da sessão. Ela luta
como uma leoa pela natureza do Brasil, função aliás de uma verdadeira ministra
de meio ambiente.
Diferente do ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles, que
disse em uma reunião ministerial que era “hora de passar a boiada”
numa clara alusão a desrespeitar o meio ambiente e a natureza, já que a mídia e
a sociedade naquela época estavam focadas na pandemia de Covid-19. Mariana
Silva pode até não querer recuperar a rodovia BR-319, mas são os próprios
amazonenses que demonstram isso o tempo todo. Eles gastaram mais de 1,3 bilhão
de reais em dinheiro de 2010 só para construir uma ponte no rio Negro que liga “o
nada a coisa alguma”. Desde quando a vila do Cacau Pirera e
Iranduba têm toda essa importância? Se queriam mesmo sair do isolamento, os
manauaras deviam ter feito essa mesma ponte ligando Manaus à BR Álvaro Maia e
assim forçar o seu asfaltamento. Além do mais, a estrada já existia e por que
deixaram ela se acabar e não a preservaram?
Marina Silva está corretíssima! Ela tem mais é que proibir mesmo o garimpo assassino no rio Madeira e também em outros rios da Amazônia e tem que barrar também a construção dessa BR assassina. Asfaltar a 319 entre Manaus e Porto Velho decretará o fim da Amazônia para sempre. É como disse o próprio senador Omar Aziz: “eu quero a BR-319 para poder passear nela, eu tenho esse direito”. E vai ser só para isso que a velha estrada vai servir e para mais nada: passear. Grileiros, madeireiros, invasores de terra, posseiros, desmatadores e afins vão destruir o que ainda resta de preservação ambiental. Vejam o exemplo da BR-364 no início da década de 1980. Por causa dela criaram Rondônia, um dos maiores desastres ambientais da história da humanidade. O que é que esse Estado dá de bom ao Brasil? Qual exemplo que a terra Karipuna tem dado ao futuro? Só se for políticos misóginos, machistas e bolsonaristas. E já chega disso, né?
*Foi Professor em Porto Velho.
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.
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