Sábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Intervenção é farsa política, diz Marcelo Freixo


Gente de Opinião

Rio 247 – "Temer afirmou recentemente que a intervenção foi uma jogada de mestre. Não cabe a um presidente jogar com a democracia e com a segurança das pessoas. Ele se aproveita do medo real para fazer algo que não resolve as raízes desse temor e ainda ameaça direitos fundamentais. A democracia é inegociável e não pode virar joguete nas mãos do PMDB", diz o deputado estadual Marcelo Freixo, do Psol, ao comentar a intervenção no Rio. Confira, abaixo, seu artigo:

 

Intervenção é farsa política

Basta analisarmos experiências passadas. Desde os anos 90, houve diversas intervenções em favelas. O que mudou no Alemão ou na Maré, por exemplo? Nada

Por Marcelo Freixo

A intervenção do governo Temer no Rio é uma farsa que abre caminho para uma série de ilegalidades. Isso porque não se trata de uma plano de segurança pública, mas de uma tentativa de manipular o medo da população para tentar salvar eleitoralmente o PMDB e Temer. Prova disso é que dois dias após o decreto ser publicado, o presidente passou o dia reunido com marqueteiros, e não com membros das forças de segurança. Os marqueteiros veem a oportunidade de erguer politicamente o governo.

Não é a primeira vez que discurso militarista e o Exército são usados eleitoralmente. Sérgio Cabral se reelegeu em 2010, e Pezão venceu em 2014 com discursos militaristas e ocupações em favelas.

Todos sabem, do marqueteiro de Temer ao comando do Exército, que a intervenção militar não resolverá o complexo problema da violência. Basta analisarmos experiências passadas. Desde os anos 90, houve diversas intervenções em favelas. O que mudou no Alemão ou na Maré, por exemplo? Nada.

Em audiência pública no Senado, em junho de 2017, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou que o uso das Forças Armadas na segurança pública é perigoso e inócuo. Ele também declarou que a ocupação da Maré não teve efeitos positivos.

A diferença é que, desta vez, não se trata de ocupação, mas de intervenção e da suspensão de direitos. A atuação do Ministério Público e da Defensoria Pública do estado, assim como a Assembleia Legislativa, está cerceada na área da segurança. Tudo para atender aos interesses eleitorais do PMDB.

Se os resultados não aparecerem, qual será o próximo passo? Temer vai decretar estado de emergência e suspender as eleições? Este governo, sem credibilidade e legitimidade, não tem limites. Por isso, a intervenção atinge todo o país.

Presidi a CPI do Tráfico de Armas e a CPI da Milícias, que trataram de questões relacionadas ao crime organizado. Apresentamos propostas que poderiam ser aplicadas imediatamente, mas acabaram ignoradas. Necessitamos de integração, não de intervenção. Cerca de 80% das armas utilizadas em homicídios no estado são oriundas do mercado legal. É fundamental integrar os setores de inteligência das polícias estaduais e das forças federais para que atuem de forma articulada para fiscalizar o setor. Além disso, as munições precisam ser individualmente identificadas para facilitar o controle.

É urgente um plano de metas para reduzir homicídios, tanto os praticados quanto os sofridos por policiais. A violência é grave, mas a força somente não acabará com a criminalidade. É necessário oferecer programas culturais e sociais em áreas onde os jovens estão mais vulneráveis.

Temer afirmou recentemente que a intervenção foi uma jogada de mestre. Não cabe a um presidente jogar com a democracia e com a segurança das pessoas. Ele se aproveita do medo real para fazer algo que não resolve as raízes desse temor e ainda ameaça direitos fundamentais. A democracia é inegociável e não pode virar joguete nas mãos do PMDB.

Marcelo Freixo é deputado estadual (PSOL-RJ)

Gente de OpiniãoSábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Sábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)