Sábado, 26 de julho de 2025 - 08h25
Complementaridade contra Imperialismos de Esquerda e Direita
A civilização ocidental assemelha-se hoje a um Filho Pródigo obstinado, que, seduzido por quimeras de liberdade, trocou a segurança do lar paterno pela errância dos caminhos perdendo-se a olhar para as estrelas (1) ...
A
questão mais gritante que se põe hoje a toda a humanidade reduz-se a
como superar o conflito esquerda-direita (tradicionalistas-
A crise ocidental, marcada pelo vazio espiritual do turbo-capitalismo e pelo radicalismo do socialismo ideológico, exige uma reintegração da tradição humanista cristã, mas sem nostalgia tradicionalista nem progressismos desintegrados.
As elites políticas, falhadas em conceitos e vontade, insistem em modelos anacrónicos, alimentados por uma cultura belicista que manifesta cada vez mais os desvios geopolíticos da Europa e do Ocidente (2). A democracia, sabotada por dentro, clama por uma reorientação urgente: um modelo sustentável, humanista e pacífico, que harmonize os valores cristãos ocidentais com eficiência económica adaptativa e uma diplomacia de poder suave, inspirada, mas não copiada, da estratégia chinesa, e enraizada na nossa tradição cultural (modelo católico aberto). A solução, ético-humanista, passaria por resgatar a Doutrina Social da Igreja...
A alternativa aos imperialismos de direita (neoliberalismo globalizante) e de esquerda (hegemonia progressista transnacional) pressupõe um Humanismo Integral Geopolítico não imperialista. Nesta fase da História tratar-se-ia de elaborar um projecto que implicasse:
- Recuperar a Ética Política: Reintegrar no debate público princípios como dignidade humana, subsidiariedade e bem comum, articulando-os com as exigências da pós-modernidade, sem dogmatismos. Um exemplo inspirador é o Projeto Ética Global de Hans Küng (3), que, adaptado à geopolítica, poderia fomentar um novo diálogo entre as nações.
- Criar-se uma Economia Social de Mercado com alma; contra o turbo-capitalismo e o coletivismo autoritário, urge uma economia enraizada em valores transcendentais, próxima da Doutrina Social da Igreja, integradora de contribuições laicas.
- Poder complementar de Co-Criação pacífica: O Ocidente deve aprender com a China que exerce uma projeção cultural não impositiva (Confúcio, infraestruturas globais), mas substituir o pragmatismo chinês por um soft power de complementaridade e humanismo: universidades (Modelo Erasmus), ONGs e media que promovam diálogo intercultural e não monocultura ideológica; a nível de Media seria de, para isso, substituir CNN por plataformas como Arte (canal franco-alemão de cultura profunda que mantem uma certa neutralidade)...
Um multilateralismo civilizacional nas pegadas da tática cultural de Carlos Magno, pressuporia uma reactivação das redes académicas com colaborações entre culturas e blocos geopolíticos e a nível regional colaborações de lusofonia (4), luso-hispânicas, anglo-americanas e europeias, destacando a herança greco-romana, judaico-cristã e moderna, sem eurocentrismos ou hegemonismos...
O Ocidente não precisa de se tornar China, mas a China pode lembrá-lo de suas raízes humanistas cristãs. Purificando os excessos materialistas (capitalistas e socialistas), ambas as civilizações podem construir um Poder suave de cooperação...
Resumindo: humanismo integral geopolítico não significa um retorno ao passado (5), mas uma reconstrução seletiva contra o imperialismo liberal e o imperialismo progressista.
As diferentes economias e os valores de uma cultura não devem ser usados como escudos contra a outra, como, lamentavelmente, a NATO tem feito. Vai sendo tempo de regressar a casa!
António da Cunha Duarte Justo
Artigo completo e notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
NAS SOMBRAS DO CARMELO DE COIMBRA
(Sorvebdo a mística do génio cristão)
Miniatura sou do Universo criado,
espelho quebrado onde Deus se contempla,
gota que transporta o mar sem o conter,
pó da terra a arder com sede do Infinito.
Na carne frágil que me delimita,
arde-me o eco do Verbo Encarnado,
e o limite que me cerra é o mesmo
que me abre ao abismo do Seu Mistério.
Pois sei, na vivência sentida,
que o corpo é cárcere e sacrário,
e que a Palavra, feita carne em mim,
não repousa até ser chama consumida,
até ser rio dissolvido no regaço de Deus.
O masculino e o feminino,
não são vestes da terra, mas sopros do Céu,
duas faces do Mesmo que não tem rosto,
duas labaredas que se buscam
na noite escura dos sentidos,
no silêncio onde o Espírito fala.
O fogo que delimita, que penetra, que protege,
é o selo do Cristo sobre o meu ser.
O rio que acolhe, que dissolve, que nutre,
é o seio materno do Mistério,
onde me perco e me encontro,
onde me anulo e renasço.
E eu, pequeno, finito na sombra,
sou parte dessa dança,
sou barro que geme sob o peso da Luz,
sou sede insaciável do que me ultrapassa,
sou carne em combate com a promessa,
sou verbo em gestação,
sou lágrima e riso no parto da Eternidade.
Ah, se o mundo atendesse
E os ventos gritassem
que no seio ferido da mulher esquecida,
Deus planta a sua tenda,
e que o feminino não é sombra, mas sagrado,
não o calariam, nem o negariam,
antes cairiam de joelhos,
porque onde o ventre acolhe,
o Espírito sopra,
e onde a carne se curva,
o Verbo habita.
Que se calem os juízos do mundo,
eu encontrei o meu Cristo:
Ele faz-Se limite para habitar-me,
eu faço-me nada para O possuir.
E no abraço que excede o corpo e o tempo,
sou ferido pela lança do Fogo,
sou diluído no rio da Misericórdia,
sou, na minha territude,
a miniatura do Universo reconciliado,
a centelha perdida que o Amor recolhe,
a carne que já não teme ser barro,
pois é no limite que Deus Se revela,
é no limite que Deus me consome.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
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