Terça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Girassóis daqui, com ovos


Por Marli Gonçalves

Ufa, que por pouco a gente não passava a Páscoa sem Papa no Vaticano, igual à embaixada sem embaixador que a turminha da Dilma inventou para justificar as macarronadas que fizeram na Itália com nosso suado dinheirinho. Foram beijar uma mão, a de Francisco, e aproveitaram para bater umas pernas e fazer umas comprinhas, além de dormir em berços esplêndidos do hotel de nobres, como se o fossem. Mas estou querendo falar mesmo é dos símbolos. E os da Páscoa são bem fortes, girassóis entre eles

Vou me abster desta vez porque tem horas que acho verdadeiramente que essa gente não merece mais nem que percamos muito tempo com eles, apontando as marcas que estão deixando no caminho. Inclusive pondo bem negativamente a nossa santa imagem em jogo, e mundialmente. É uma atrás da outra. Igual ao Mercadante grudado atrás de Dilma, quase raspando o bigode na nuca da presidente para sair na foto. Alguns desses pelinhos devem ter caído no travesseiro do hotel, até eles arrepiados, primeiro com tudo, depois com os conselhos - defender os pobres, compreender as pessoas e suas opções "diferenciadas" - e o que certamente o Papa não deixará de levar em conta quando entender. Finalmente, com aquela inenarrável verve de contadora de piadas, Dilma declarou aquela máxima de que Deus é brasileiro. Seria.

Até que nem tudo foi tão ruim como poderia ser. O Papa Francisco foi presenteado com dois azulejos do genial Athos Bulcão (1918-2008): um, a Pomba do Espírito Santo; o outro, a Estrela de Belém. Muito melhor do que a espartana cuia de chimarrão que o Pontífice recebeu da presidente da sua própria Argentina, pelo menos.

Isso tudo me fez lembrar muito dos símbolos, das imagens mais marcantes da história, logotipos indeléveis e imortais, e a Páscoa nos traz um manancial desses sinais. De cabeça: peixe, estrela, cordeiro, pomba, pão, cálice de vinho, sinos, velas, e, claro, coelhos e ovos.

Mas o que eu não sabia até esse exato momento era que o girassol também era e sempre foi um símbolo pascal. Achei maravilhoso, primeiro por existirem coisas assim - pueris - que eu ainda não sei e, como boa apaixonada por flores que sou, girassol entre as preferidas, achei demais a explicação: segundo os cristãos, os seres humanos devem estar sempre voltados para o Sol- que seria Cristo, garantindo a luz e a felicidade. Girassol faz isso, do nascente ao poente, desde que desponta. O Sol ilumina o caminho.

Daí foi um pulo para viajar nas outras imagens, nos coelhos e na sua fertilidade, e nos ovos que nunca entendi porque é e como se misturam com os coelhos, que não os botam, bons mamíferos que são. E não confunda coelho com lebre, que vai aparecer gente descrevendo diferenças de tamanhos de patas, orelhas, pulos, etc.

E aí vem o ovo, meio solto, e que ninguém ainda respondeu com firmeza quem nasceu antes se o ovo ou a galinha, que entra de gaiata nessa história, já que o legal desta época é comer peixe e o ovo é de chocolate. Neste samba pascal, que acaba reunindo religiões, e com a modernidade, hoje já tem ovo de tudo, e com tudo, para o negócio andar melhor comercialmente.

Procurando pelo em ovo, ovo no pelo (não é nada bom encontrá-los neste caso), o ovo é realmente uma coisa maravilhosa. Não para em pé, requer lugar especial e cuidados com sua fragilidade. Viram alimentos e produzem alimentos quando vingam, chocados. Podem também ser atirados. Dá para ser ovacionado, mas tem que ser bom, muito bom.

Traduzem como ninguém certas expressões. Você pode babar o ovo, chupar o ovo, e estará bajulando alguém. Pode deitar o ovo. Pode ter cabeça de ovo. Pode estar de ovo virado, ou pisando em ovos, e, ainda, pode só ser um ovo, de tão pequeno.

O problema é que também podem ser chutados. No caso, principalmente, os dos homens. Mulheres ovulam e copulam.

São Paulo, malhando o Judas, 2013


Marli Gonçalves é jornalista -  No frigir dos ovos, não dá para fazer omelete sem quebrar os ovos, nem colocá-los numa cesta só. Muito menos contar com eles, digamos, antes de vê-los do lado de fora da dita cuja. E uma ova. Que não é ovo. Ou é? Boa Páscoa!

E-mails: marli@brickmann.com.br  / marligo@uol.com.br  /    http://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo

Gente de OpiniãoTerça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

O Brasil que se acostumou a esperar pela catástrofe

A catástrofe da violência no Rio de Janeiro produziu efeito no Congresso Nacional, como costumeiramente acontece, após a megaoperação policial que d

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

A “COP da verdade” e o teste de Rondônia: o que o Brasil precisa entregar além do discurso

Belém (PA) — Na abertura do encontro de líderes da Cúpula do Clima em Belém, nesta quinta (6.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elev

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Criando uma marca com propósito: do insight à identidade

Construir uma marca do zero é muito mais do que definir uma paleta de cores ou desenhar um logotipo. É um exercício de tradução: transformar a essên

O mordomo da vez é a geração de energia distribuída

O mordomo da vez é a geração de energia distribuída

“Se me enganas uma vez, a culpa é tua. Se me enganas duas vezes, a culpa é minha”Anaxágoras (filósofo grego) Um dos clichês dos romances policiais do

Gente de Opinião Terça-feira, 11 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)