Terça-feira, 11 de novembro de 2025 - 09h42

Belém
(PA) — Na
abertura do encontro de líderes da Cúpula do Clima em Belém, nesta quinta
(6.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou a régua: a COP30
— que começa oficialmente na próxima semana — deve ser a “COP da verdade”. Um
slogan potente que vem com cobrança severa: decisões ancoradas na ciência, mais
financiamento e, principalmente, proteção efetiva da Amazônia. O discurso
conectou clima, fome e desigualdade, ampliando o alcance político da agenda.
Até aqui, estou com ele.
O recado central
Lula
repetiu o que o mundo já sabe: acelerar a saída dos combustíveis fósseis,
triplicar renováveis e dobrar a eficiência até 2030. O foco,
porém, foi o dinheiro: ligar Belém ao acordo financeiro fechado em Baku
(COP29). O “Roteiro Baku–Belém” mira US$ 1,3 trilhão/ano até 2035 para
países em desenvolvimento. É inédito — e precisa sair da promessa e virar obra
no chão.
Por que a urgência agora?
2024 foi
o ano mais quente do registro, com média anual perigosamente próxima de 1,5
°C acima do período pré-industrial, apontam OMM e Copernicus.
Não é “apocalipse retórico”; é a nova fisiologia do clima: secas mais duras,
enchentes mais frequentes, ondas de calor que fritam as cidades. Trazer a COP
para o coração da Amazônia encurta a distância entre sala de negociação
e quem vive o problema no território. Faz sentido.
E o que isso tem a ver com Rondônia?
Tudo.
Rondônia é laboratório dos extremos — e das oportunidades da transição.
Há boa
notícia: caiu o desmatamento anual estimado em 2024/2025. O desafio
permanece: incêndios e seca seguem pressionando a floresta e a
nossa qualidade do ar. Há avanço — sem licença para tirar o pé.
O ponto cego da coerência
Aqui a
“COP da verdade” esbarra no primeiro obstáculo. O governo pede para superar
a dependência de fósseis, mas avança o licenciamento exploratório de
petróleo na Margem Equatorial. O argumento oficial é que é fase
exploratória, sob salvaguardas. No tabuleiro global, soa como ruído de
coerência. Em Belém, isso vai aparecer.
O que falta dizer (e fazer)
Se o
Planalto reivindica a “COP da verdade”, a cobrança começa com CEP brasileiro.
Falta apresentar, com data e número:
1.
NDC-2025
(compromissos para 2035/2040) com metas absolutas e setoriais
(energia, agroflorestas, transportes), compatíveis com 1,5 °C;
2.
Calendário do pico e do declínio de petróleo e gás, com plano de substituir
térmicas fósseis por capacidade firme limpa;
3.
Roteiro para triplicar
renováveis e dobrar a eficiência até 2030 — traduzido em leilões,
linhas de crédito e política industrial;
4.
Desmatamento zero até 2030, com metas anuais por bioma e pagamento
por resultados a estados e municípios;
5.
Pacote financeiro doméstico (taxonomia verde, garantias, fundos subnacionais)
para atrair o capital prometido em Baku a projetos bancáveis aqui no
Norte.
O que está em jogo
Belém
oferece ao Brasil uma vitrine raríssima: liderar a conversa global e entregar
em casa. Para Rondônia, a escolha é prática: ou o estado surfa a transição
— com cadeias produtivas limpas, energia moderna e proteção florestal —, ou paga
a conta da instabilidade climática com prejuízo no campo, emergência urbana
e custo de vida mais alto.
Resumo da cúpula: discurso forte, agenda correta, janela curtíssima. A “verdade” que o Planalto reivindica será medida pelos anúncios concretos que saírem de Belém — e, sobretudo, pelo que chegar a todas as regiões de Rondônia — do Vale do Guaporé ao Cone Sul, da BR-364 ao Vale do Jamari — em forma de obra, crédito, tecnologia e emprego sustentável.
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