Sábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

DANEM-SE OS BAGRES E OS 40 MIL EMPREGOS


A discussão sobre as hidrelétricas do Madeira está focada em dois pontos: sou contra porque afeta o meio ambiente ou sou a favor porque vai gerar desenvolvimento. Mas a essência é saber qual o benefício que Rondônia terá com esta obra após a conclusão da obra.

Esta energia não é para os rondonienses. A Agencia Nacional de Energia divulgou há três dias a lista de 32 empresas que poderão comprar energia do Madeira. Tem empresas do Rio Grande do Sul ao Piauí, mas – pasmem – nenhuma de Rondônia A Ceron está fora o que significa que a tal energia limpa e mais barata é para os outros. CLIQUE E CONFIRA RELAÇÃO.

E nem precisamos da energia do Madeira. Temos hoje quase o dobro da energia que consumimos Quem deveria estar brigando por energia do Madeira é o carioca, paulista, etc., que vão ficar no escuro se o Brasil crescer mais de 4% ao ano. A verdade é que o Brasil pára se não tiver a energia do Madeira. E só do Madeira, porque é um dos rios que mais correm no planeta – cerca de 8 km por hora, podendo chegar a 14 km nas corredeiras de Santo Antônio e Teotônio.

O nosso Madeira velho de guerra é o único rio no Brasil em que se consegue implantar a tecnologia de turbina submersa com máximo aproveitamento e menor impacto ambiental. Se mesmo assim, a questão ecológica trava a obra, imagine se a alternativa forem as tradicionais hidrelétricas com seus lagos quilométricos.

É por este motivo que energia nova para o Brasil tem que sair de Rondônia e deste rio abençoado. E mais uma vez é Rondônia resolvendo parte do problema brasileiro, como aconteceu no início da década de 80, quando importamos desempregados, aventureiros e algumas boas pessoas, oferecendo terra e trabalho. Muitos Estados tiveram problemas sociais aliviados, graças ao maior índice migratório já registrado no Brasil.

E será que de novo vamos ficar com os problemas? Os favoráveis falam em 40 mil emprego, desenvolvimento, obras, etc. Visão curta, míope, porque tudo isso vai acontecer – mas acaba. E depois de concluída, uma hidrelétrica é tocada por meia dúzia de pessoas. Faça uma visita a Samuel.

Mas depois das obras tem os royates, os impostos, dizem os entusiastas, a quem sugiro que se informem com a prefeitura de Candeias quanto o município recebe de royates da Usina de Samuel e de ISS. O ICMS é cobrado no local onde a energia será vendida. Não vai ficar em Rondônia.

Depois da obra pronta, o benefício que fica não paga o problema social que será criado. Alias, foi isso que aconteceu quando encerraram as obras de Samuel e milhares ficaram vagando pelas ruas.  A mesma coisa aconteceu com o fim da febre do ouro do Madeira, a partir de 1985.

Defender a construção das hidrelétricas do Madeira é problema do restante do Brasil que não quer ficar no escuro. O que nos rondonienses temos que defender e exigir é que sejamos muito bem pagos por estar resolvendo o problema energético nacional.

Vivemos décadas no escuro e em um sistema isolado. Agora querem fazer um gato em nossos fios que correm energia em abundância.

Danem-se os bagres e outros ídolos ambientais. Mas se for em troca apenas de 40 mil empregos por 10 anos e problemas sociais por 100 anos, deixa como está.

Desde o fim da época Teixeirão/Mário Andreazza Rondônia é tratada com desprezo pelo Governo Federal. É hora de exigir muitos investimentos e valorizar cada quilowatt que vai sair das águas do Madeira. Não só investimentos para amenizar danos ambientais, mas principalmente para equilibrar o caos social e estrutural que vamos criar para nossos filhos e para as próximas gerações. E isso em troca de apenas uma década incremento econômico em função da obra, que proporciona emprego, mas que fragiliza o salário com aumento do custo de vida. Alguém se lembra da inflação garimpeira?

Antes de defender as usinas, vamos defender Rondônia.

Fonte: Alexandre Badra

Gente de OpiniãoSábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

 Hospital Municipal: quando teremos?

Hospital Municipal: quando teremos?

Faz tempo que essa promessa de novos hospitais públicos para Porto Velho está na fila de espera. Na condição de um dependente do Sus, desde que isso

Mais deputados para quê?

Mais deputados para quê?

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o número de vagas no parlamento, passando de 513 para 531. Num país efetivamente sério mais representan

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Votação do IOF expôs fragilidade da base do governo Lula no Congresso

Quarta-feira (25), o Congresso impôs mais uma derrota ao governo do presidente Lula derrubando o Decreto que aumentava o IOF. O governo perdeu mais

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

Roubalheira no INSS -apenas mais um escândalo

O esquema que desviou bilhões de reais de contas de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi apenas mais um

Gente de Opinião Sábado, 5 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)