Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 - 14h15
João Baptista Herkenhoff
Chico Xavier... Francisco Xavier... Eu o vejo Francisco de Assis Xavier, muito próximo de São Francisco de Assis. Um católico, outro espírita... Um frade, outro médium... Um italiano, outro brasileiro...
Grandes diferenças? Abismos? A meu ver, de forma alguma.
Nem sempre pensei assim. Tive, na juventude, como católico, uma atitude dogmática em relação ao Espiritismo.
Minha visão era fruto de uma época, bem antes de João XXIII, o Papa que abriu o caminho para o diálogo da Igreja Católica com outras Igrejas cristãs e com o pluralismo de ideias e correntes de pensamento do mundo contemporâneo.
De outro lado, a idade nos ensina, nos aconselha não só a falar, mas sobretudo a ouvir. O tempo que vivi na França, estudando a gênese universal dos Direitos Humanos, ajudou-me muito a compreender o legado de profetas, sábios, líderes das mais diversas crenças e filosofias, na construção da herança espiritual e ética da Humanidade.
Nenhum credo, nenhuma corrente de pensamento pode pretender o monopólio da verdade. A verdade não é propriedade de ninguém, ela está difundida no coração dos homens.
Penitencio-me hoje de tudo que fiz, pensei ou escrevi, fechado na “minha verdade”, como se eu, simples mortal, pudesse ser o depositário das verdades.
Com a cabeça que tenho hoje, vejo claramente que um traço fundamental liga Chico Xavier e São Francisco de Assis. Esse traço, essa senha, essa marca é o Amor, a capacidade de dedicação ao próximo, a entrega sem reservas e sem medo à opção de vida que ambos fizeram.
O Brasil ficou mais pobre quando Chico Xavier partiu. Fez muita falta a nosso povo sofrido. Quem teria dimensão espiritual e entrega absoluta ao Amor para substitui-lo no lenitivo que proporcionava a tantas dores?
Não apenas a ação de Chico Xavier me impressionava. Nos últimos tempos de sua vida terrestre, seu olhar me impressionava, seus gestos, sua presença. Era alguém que parecia pairar acima da realidade circundante para estar sempre contemplando um horizonte que transpõe o tempo e o espaço.
Chico Xavier acreditava na reencarnação. Francisco de Assis entendia que um único elo liga esta vida transitória à vida depois da morte. São questões doutrinárias...
Que cada um resolva estas matérias segundo sua consciência, pois a consciência é espaço inviolável que constitui exigência de preservação da dignidade humana.
Mas Chico Xavier, professando a crença na reencarnação, afirmava que, em determinado momento, o espírito humano, na sua jornada, atingiria a condição de “Espírito de Luz”.
Aperfeiçoando-se, crescendo, purificando-se, a mortalha humana alcançaria os píncaros da extrema Pureza, seria um facho de Luz, reflexo da própria Divindade.
Certamente hoje os dois Franciscos estão partilhando o pão da Fraternidade, na mansão de Deus. Eu imagino o abraço de Paz dessas almas singulares: Chico Xavier, Espírito de Luz, e São Francisco de Assis, o pequenino entre os menores, raio de amor e de luz. Eu imagino a sintonia absoluta de ambos nos terrenos da dimensão infinita do Amor, esse Amor que tudo constrói, tudo transpõe, tudo relativiza porque tudo é provisório e inconsistente. Só o Amor, como disse Paulo Apóstolo, só o Amor é transcendente e absoluto.
Neste mundo de guerras, de incompreensão, de intolerância, de violência, Chico Xavier e São Francisco de Assis são símbolos de encontro e de diálogo.
Quanto nos ensinam esses dois profetas, como é útil o legado deles, quer no Brasil, quer no mundo, para que se divise um futuro de esperança para todos nós.
Cada um pode ter sua Fé, sua crença, sua visão peculiar da vida e dos mistérios da vida. O respeito a esse espaço é condição da convivência democrática e da sobrevivência da Civilização.
Acho que a Humanidade avança se, no campo da Fé, prevalece uma visão ecumênica e se, no campo da ação concreta, unem-se todos aqueles que desejam um mundo mais justo, mais igualitário, mais humano.
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