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Carta a Rondônia



Neste dia histórico em que recebemos a primeira visita da Primeira mulher Presidenta do Brasi, a companheira Dilma Roussef, um filme passa em minha mente. Revejo a luta pela sua eleição e o enfrentamento com o conservadorismo retrógrado alimentado por parte da grande mídia.

Com orgulho transbordando pelos olhos, participo das preparações para recebê-la, ostentando no peito a estrela do PT. Desculpem, neste momento, a pouca modéstia. Quem me conhece sabe que a vaidade pessoal não é o meu forte, mas me dou ao luxo de gozar este instante ímpar. A Presidenta visita em meu Estado, as maiores obras do Setor Elétrico em execução no País, as UHE do MADEIRA.

Mas o que alegra meu coração e minha alma é o fato da Presidenta assinar o Decreto que põe fim a todas as dúvidas em relação à Transposição dos Servidores do Estado para a União.

Essa satisfação se dá porque o filme a que me referi traz no seu roteiro e enredo o histórico de uma longa luta. Diferente do que dizem alguns, seu início não se deu na Praça das Caixas D’água em 2009. Um amigo, recentemente, relembrava comigo certo dia do mês de Julho de 2003, quando dirigentes dos Sindicatos dos Servidores Públicos procuraram a mim e ao meu querido e saudoso companheiro Eduardo Valverde para discutir uma forma de corrigir a injustiça praticada pela União contra Rondônia.

Decidimos juntos apresentar uma PEC no Senado Federal. Naquele momento, sabíamos das dificuldades e entendíamos ser este o melhor caminho.

Para recuperar a memória, é preciso dizer que outro fato que me motivou a apresentar a PEC da Transposição foi uma decisão do Governo do Estado que resultou na demissão de 10.000 servidores públicos no ano 2000. Uma tragédia.

Vivíamos a euforia da virado do século. Astrólogos anunciavam a auspiciosa entrada na Era de Áquarius. Em Rondônia, diferentemente de todas as previsões otimistas, o caos se instalava como conseqüência daquele ato infeliz. Foram tempos dramáticos. No entanto, anos depois, a Justiça, por ação persistente dos Sindicatos, determinou ao Estado a reintegração da maioria dos demitidos.

Particularmente, vi amigo(a)s irem a óbito, vítimas de depressão profunda, pois àquela altura da vida e da idade, não havia como refazer o caminho no mundo do trabalho.

Essas lembranças me ajudam na convicção de ter feito as opções corretas. Trabalhar coletivamente e em parceria com os movimentos sociais e, neste caso, com a inestimável ajuda dos Sindicatos do meu Estado foi o correto. Sem eles, nada seria possível. Hoje, sinto que cumpri meu dever como cidadã e Senadora da República.

Defender os interesses de Rondônia foi um privilégio que nossa gente generosamente me concedeu. Como mulher, trabalhadora, funcionária de Escola e militante política, fiz opção por estar ao lado dos mais desprotegidos e excluídos. Meu caminhar no Senado Federal teve a marca da educação, da inclusão social, da transparência e da participação popular.

Os resultados foram vistos na economia do Estado e dos municípios. O olhar diferenciado para a agricultura familiar com o viés da sustentabilidade econômica e ambiental foram uma constante.

Agradeço a Deus por ter me dado a sapiência e a paciência para transformar pedras em escada. Agradeço ao Sintero e à CUT, minhas escolas na luta pela sobrevivência como trabalhadora. Agradeço ao PT, minha faculdade de vida na luta por uma sociedade mais justa e fraterna e que me possibilitou marchar ao lado de figuras como Lula, Odair Cordeiro, Eduardo Valverde e Eli Bezerra (que seria beneficiado pela Transposição). Agradeço aos Ministros Paulo Bernardo e Miriam Belchior e em especial ao Secretário de Recursos Humanos do MPOG, Dr Duvanier Paiva.

Agradeço ao Ex Presidente Lula e à Presidenta Dilma por cumprir os compromissos do Governo Federal em nosso Estado, evidenciado na assinatura deste Decreto e nas várias obras do PAC.

O ato da Presidenta constitui mais que um mero compromisso cumprido. Significa a justiça para com milhares de pessoas que nos anos 80 atenderam o chamamento do Governo brasileiro (à época com forte influência dos Militares) e sob o lema “integrar para não entregar”, deixaram sua terra natal para vir nos ajudar a erguer este pujante Estado. Significa compromisso ideológico com um projeto em curso no Brasil.

Muito Obrigada a todos os dirigentes sindicais, parceiros fundamentais, que desde agosto/2003, quando apresentei a PEC 087, acreditaram e lutaram para a futura Emenda Constitucional 60 fosse sancionada e regulamentada. Agradeço a todos que compuseram nesse período a Bancada Federal por terem compreendido a importância desta matéria. Hoje a Lei é real e o Decreto da Presidenta Dilma encerra um complicado processo e abre um novo caminho.

Agradeço também aos que, incrédulos, destilavam sua descrença, pois com isso, nos moveram na direção da vitória de todos e para todos.

Continuarei lutando, onde estiver, para que a economia de Centenas de Milhões de Reais/ano se transforme em Políticas públicas focadas no povo da Amazônia Ocidental.

Fátima Cleide

Membro da Executiva Nacional do PT

EX-Senadora da República e autora da EC 60
 

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