Sexta-feira, 15 de janeiro de 2010 - 08h00
Altair Santos (Tatá)*
Nem bem se iniciaram os pré-carnavalescos dos blocos (os ditos ensaios), já podemos assistir a algumas distorções mexendo com a tradição da festa de Zé Pereira. O que se tem visto e ouvido nos últimos anos, reverbera agora, neste prelúdio da quadra momesca, em alguns ensaios, desagradando foliões de hoje o que, por certo, lá atrás, deixaria louco o Rei da Folia. Vítima quase que totalmente fulminada, no histórico processo dos atuais carnavais, o outrora cantado em verso e irreverência – Zé Pereira e todo o adorno temático do assunto – é pouco lembrado nos metiês da folia de então. Sem querer formatar a coisa pelo quadradísmo da mesmice, ou seja, apenas garantir espaço para a tradição e fazer a defesa intransigente dos ritmos pátrios do carnaval (marchinhas, sambas e frevos), deu pra perceber que algumas bandas já se arvoram tocando aqueles ritmos esquisitos onde impera a anti-música do calcinha preta, aviões, bondes, trens, metrôs e até carroças do forró, passando pelos pancadões, indo é claro, até os hits do tal “dejavu”, este por sinal, bem poderia se chamar ”eujavou” pra nunca mais voltar. É obvio que os modismos vigentes, por força da famigerada indústria cultural, exercem forte influência nas pessoas. Só achamos que pra tudo tem hora. Parafraseando o mestre Paulinho da Viola, “tá legal eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim.”, ou seja: essa de ensaio de carnaval, sem música de carnaval é como estar com sede e beber num copo vazio. Para executar esses ritmos de destemperada poesia e igualmente salobre melodia, temos um ano inteiro pela frente, de domingo a domingo, de sol a sol, dia útil, dia santo e feriado. Isso basta, alias, é muito! Porto Velho, uma cidade de tradição, em cujo seio repousa uma significativa e influente frente carnavalesca, bem poderia, a partir das suas agremiações culturais praticar melhores e maiores contributivos para a sedimentação da cultura popular e seus legados, permitindo a construção da sua identidade cultural com a realização de ensaios que priorizassem a salvaguarda e defesa do rico repertório existente, fomentando espaço para o novo, sem render-se a modismos e vícios. Os ritmos oportunistas não somam para a edificação do patrimônio cultural, senão vejamos: ninguém mais lembra (e espero que continuem a não lembrar) dos tais risca a faca, beber cair levantar e tantos outros de má qualidade. Todos podem formar uma banda e tocar o que bem entender. Isto é livre arbítrio, é estado de direito. Porém, em que pese os promotores (blocos) serem os senhores absolutos das suas programações e concepções, devemos todos, chamar debate sobre o assunto e dar prumo às coisas, antes que mesmificação cultural faça do carnaval popular de Porto Velho uma esfarrapada bandeira. Nas águas onde navegam e se banham cantadores de mamãe eu quero mamar e beber cair e levantar, talvez - na hora da sede - a água seja pouca, quase nenhuma, para indecisos sedentos.
(*) O autor é músico e presidente da Fundação Cultural Iaripuna
tatadeportovelho@gmail.com
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