Quarta-feira, 24 de setembro de 2025 - 12h05
As soluções energéticas propostas para frear o
avanço do aquecimento global, impedindo seus impactos ainda mais dramáticos,
inclui o caminho apontado pela ciência, a da utilização de fontes renováveis de
energia: solar, eólica, biomassa e hidrelétricas. Abandonando assim as fontes
não renováveis: petróleo e derivados, gás natural e carvão mineral; e
consequentemente reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE’s).
No Brasil, diferentemente da grande maioria dos
países, principalmente os do norte global, onde o setor de energia é o maior
emissor de GEE´s, em torno de 70% das emissões são de responsabilidade do
desmatamento, das queimadas, abrindo caminho para a agropecuária extensiva,
liderado pela fermentação entérica produzida pelo processo digestivo do gado,
liberando metano; e pelo uso de fertilizantes nitrogenados nas monoculturas. É
no setor industrial e no transporte que se concentra a queima de combustíveis
fósseis.
Um exemplo de como o Brasil se distingue no cenário
internacional é sua matriz elétrica cuja composição é majoritariamente de
fontes renováveis. A energia solar, energia eólica e as hidrelétricas, produzem
88% da energia consumida no país.
A geração centralizada de energia com fontes
renováveis solar e eólica, apoderando de grandes áreas, tem crescido
exponencialmente nos últimos anos, com ocupações predatórias, desmatando e
degradando o meio ambiente, principalmente no Nordeste. Estes empreendimentos
insustentáveis de geração em larga escala
(https://www.pressenza.com/pt-pt/2025/06/geracao-centralizada-modelo-de-negocio-insustentavel-com-energia-limpa/),
são promovidos por volumosos investimentos de grupos corporativos
multinacionais, fundos de pensão, articulados pelos estados e agentes privados,
com o apoio e incentivo financeiro do Estado brasileiro, tendo à frente o Banco
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste (BNB).
Os negócios no setor de energias renováveis no país
são altamente lucrativos, pois conta com o Sol brilhando o ano inteiro, ventos
de excelente qualidade, recursos naturais abundantes e com uma biodiversidade
única no planeta. Todavia, como não existe energia limpa, e a produção de
energia elétrica renovável em larga escala, no modelo centralizado de geração,
acarreta que a agenda da sustentabilidade fica reduzida a um mero discurso,
subjugada a interesses econômicos que comprometem o que ela tem de mais essencial:
as pessoas e o meio ambiente.
Hoje, contribuindo com aproximadamente 1/3 da
matriz elétrica, a geração centralizada eólica e solar no Nordeste, concentra
mais de 2/3 destas instalações. Considerada como um novo vetor do desmatamento
que assola o bioma Caatinga, tem provocado graves danos e destruição pela
expansão acelerada, afetando não somente o meio ambiente, mas também as
populações que habitam nesses territórios. Como consequência do desmatamento
provocado para abrigar os componentes das usinas de geração, a desertificação é
outro grande desafio que ameaça o futuro. Atualmente, cerca de 13% do bioma,
que ocupa 86,2 milhões de hectares, o equivalente a 10,1% do território
nacional; já se encontra em estágio avançado desse processo.
O que estamos assistindo são decisões cruciais,
tomadas à margem da maioria da população brasileira, comprometendo diretamente
o presente e futuro dos povos da Caatinga, conhecidos como catingueiros
(sertanejos, vaqueiros, agricultores, populações indígenas e quilombolas, entre
outros). Seus territórios estão sob ameaça, com seus direitos constitucionais
violados como nunca, e com danos irreversíveis à biodiversidade e a seus modos
de viver.
Segundo o Censo do IBGE (2022), a região Nordeste,
tem a segunda maior população indígena do Brasil, com 528,8 mil pessoas,
representando 31,22% do total nacional, em 1.211 localidades. As Comunidades
Quilombolas são cerca 5.386, com a maior população, 906.337 de pessoas no NE,
correspondendo a cerca de 63,8% do total existente. Nesta região também vivem
uma grande população de pescadores artesanais, com cerca de 460 mil pessoas
atuando nessa atividade, e que terão em breve a ocupação de parte significativa
de seus territórios de pesca pelas instalações “offshore” de usinas eólicas. Em
relação a populações camponesas, ribeirinhas, de “fundo de pasto”, não existem
dados específicos. É este contingente de pessoas que estão ameaçadas
diretamente.
Além do ataque da mineração destrutiva, do
agronegócio predatório, da criação de grandes rebanhos de gado, territórios
estão sendo expropriados para os chamados projetos verdes. O bioma também sofre
pressão devido aos gigantescos sistemas de geração de energia com painéis
solares e aerogeradores, que tem desmatado extensas áreas, como mostra os
relatórios da rede MapBiomas, organização sem fins lucrativos que monitora, com
imagens de satélite, o uso do solo. Em 2023, o desmatamento associado aos
projetos energéticos aumentou 24% em comparação a 2022.
Todavia, a ciência mostra que todo processo de
geração de energia acaba produzindo algum tipo de poluição, de emissões de
GEE’s, desmatamento, agressão e desrespeito/desprezo as populações que vivem
próximas aos empreendimentos. São transformações sociais e ambientais que
ocorrem para estes moradores, muitas vezes obrigados a deixar seus territórios.
Não existe “energia limpa”, e em nome dela não se
pode continuar cometendo as atrocidades, e impactos socioambientais
identificados e denunciados pelos vários estudos técnicos-científicos
acadêmicos, relatórios de organizações não governamentais, manifestações e
protestos populares, denúncias aos Ministérios Públicos Estadual e Federal.
A transição energética justa, popular e inclusiva
não pode e deve ser a simples troca de energéticos. Assim, não haverá a
garantia da sustentabilidade, uma relação amigável e de respeito com as
pessoas, e com a natureza. Para que realmente caminhemos para um futuro mais
justo é necessário que haja uma profunda mudança estrutural nas relações de
consumo e produção, do próprio modo de vida de uma sociedade capitalista,
consumista e perdulária.
Se há um país no mundo que goza das melhores
oportunidades ecológicas e geopolíticas para ajudar a formular uma matriz
energética menos agressiva ao meio ambiente – à base da água, do vento, do Sol,
das ondas do mar e da biomassa -, este país é o Brasil. Ele é a potência das
águas, possui ainda a maior biodiversidade do planeta, as maiores florestas
tropicais.
Infelizmente, temos avançado para um modelo de
desenvolvimento econômico e social excludente, concentrador de riquezas que
privilegia o uso intensivo de recursos naturais, com o apoio governamental a
grandes empresas, que são historicamente contrárias a ter limites no uso dos
recursos. O que é contrário aos interesses de um desenvolvimento sustentável.
Os bens da natureza são para sustentar a vida
humana e não para satisfazer os cofres das companhias multinacionais ou
nacionais, dos magnatas, que aliás, nem sempre lembram que o fim último de suas
atividades é manter a vida sobre a Terra, e não destruí-la para o benefício
limitado de umas poucas pessoas ou empresas.
Portanto, o maior desafio no século XXI é nada
menos do que mudar o curso da civilização. É preciso construir uma nova ordem
internacional, que respeite a soberania dos povos e das nações. Deslocar, num
curto espaço de tempo, o eixo da lógica - viver é produzir sem fim e consumir o
mais que pode-, para uma lógica em função do bem-estar social, do exercício da
liberdade, da democracia, da solidariedade e da cooperação entre os povos.
Para ser alcançado o desenvolvimento sustentável
dependerá de mudanças estruturais, de decisões políticas corajosas, de uma
educação/conscientização que reconheça que os recursos naturais são finitos.
Esse novo conceito representa verdadeiramente uma nova ordem econômica, que
leve em conta a preservação ambiental e o bem viver das pessoas.
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