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ADEUS PARA UMA COMPANHEIRA DE LUTAS PELA VIDA


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ADEUS PARA UMA COMPANHEIRA
DE LUTAS PELA VIDA

Paulo Gondim

À minha galega, minha amiga de labuta diária de mais de 34 anos entre hospitais públicos e Hospital Central, Neidismar Ribeiro de Moraes, ou simplesmente Neide para os amigos de centro cirúrgico e os mais íntimos, dedico essas palavras de despedida.

Conheci Neide quando ela aqui chegou vindo do interior de Goiás, ainda bem jovem e com pouco conhecimento na área cirúrgica, mas determinada a aprender. Além disso, suas dedicação, responsabilidade e lealdade me convenceram, desde os primeiros contatos, de que ela merecia ser a eleita para caminhar comigo esta fantástica e humanitária trajetória de salvar vidas. Naquele tempo, quando atuávamos no Hospital João Paulo II, passávamos noites operando com alegria e dando sempre o melhor de nós para o bem dos pacientes.

Posteriormente, com a chegada do Hospital Central, há 30 anos, ela já minha instrumentadora, inauguramos o centro cirúrgico daquele nosocômio e nunca mais nos separamos – às vezes, eu tinha a sensação que convivia mais com ela do que com meus familiares. Ela chegava sempre muito cedo ao trabalho e, com a ajuda, também ao longo de três décadas, do nosso Alberto Limonta Lemos Morato, deixava a sala cirúrgica pronta, com instrumental posicionado para recebermos aqueles que nos procuravam em busca da cura de seus males cirúrgicos. Inteligente, perspicaz, arguta, tudo aprendia da arte de instrumentação, que exercia com maestria.

Quando retornei do primeiro curso de pós-especialização, há mais de 22 anos, sobre uma técnica que surgia mundialmente, a laparoscopia, ela chegava ao centro cirúrgico mais cedo ainda e indagava os passos da instrumentação laparoscópica. Sempre interessada, em pouco tempo Neide se transformou numa exemplar instrumentadora e câmera-woman em videolaparoscopia.

No Hospital Central nasceram seus queridos filhos Pedro e Elca, que se formaram com a força de seu trabalho e do seu marido Joaquim, em Medicina e Direito, respectivamente, motivo de tanto orgulho para ela e todos nós que com ela convivíamos.

Neidismar, mesmo quando não estava de plantão, em feriados, domingos ou dias santos, jamais se negava vir de sua casa (distante do hospital), com o sorriso nos olhos, ao centro cirúrgico para me ajudar a tentar salvar mais uma vida.

Na noite de ontem (24), recebi uma das mensagens mais tristes da minha vida: a notícia de que minha amada amiga e instrumentadora ímpares havia partido para a derradeira morada. Galega, você partiu de véspera, deixando meu coração e minha alma dilacerados. Partiu antes do combinado — parece ter “esquecido” nosso pacto, aquele em que dizíamos que partiríamos os dois velhinhos, ao fim de uma cirurgia e de mais uma vida salva.

Nesta vida cheia de armadilhas, o sucesso de alguém é sempre uma condição coletiva. No meu caso, também dessa equipe competente que tem me acompanhado ao longo de mais de três décadas. Equipe em que você, Neidismar, ocupava lugar exponencial por todas as virtudes de que era detentora. Por isso, inesquecível amiga, seu legado ficará para sempre na minha e na história do nosso hospital. Descanse em paz. Você merece.

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