Sexta-feira, 21 de setembro de 2018 - 23h14
GRACIETTE BRANCO
A MENINA DO: “ PIN- PAN- PUN “
Por Humberto Pinho da Silva
Minha mãe acabara de ser trepanada, no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa. Permanecia, ainda, inconsciente.
Era uma manhã fria de Inverno. Chovia e ventava, que Deus a dava.
Diante da estreita janela, que dava para o exterior, mergulhado em negros pensamentos, olhava indiferente, a forte bátega, que desabava do céu, cor de ardosa.
Lá fora, no jardim, rodopiavam endiabradas, folhas de plátano, ao ritmo infernal da canção do vento, que tudo varria, em fúria desenfreada, esguedelhando, em rajadas desabridas, os ramos, quase despidos, de árvores esqueléticas.
De repente, senti abrir a porta de mansinho.
Olhei.
Era uma senhora, elegantemente vestida, que trazia nos braços, vistoso ramo de lindas rosas amarelas:
-”Posso entrar? … “ – Inqueriu em leve murmúrio, numa voz doce e velada.
“ Sim” – respondi, sem pensar.
Entrou. Depôs, delicadamente, o ramo de rosas, sobre a mesa de ferro esmaltada a branco, e, voltando-se para mim, sempre com sorriso acolhedor, disse em tom familiar:
- “ Sabe quem sou?!
Fiquei indeciso; atrapalhado. Na verdade não sabia; mas respondi-lhe, para não ser indelicado.
- “ Penso que sim… A sua fisionomia não me é estranha…”
“ Graciette Branco! “ – Disse; libertando-me do embaraço, em que me encontrava.
Nesse lance, surgiu meu pai, que fora conversar com o cirurgião.
Cumprimentaram-se infectuosamente. Falaram da doente e da forte invernada que desabou sobre Lisboa.
Para alimentar conversa, meu pai, falou-lhe do “ “ Pin-Pan-Pun”; e disse-lhe que no dia em que era publicado, a avó, costumava visitar amiga, que morava na rua dos Clérigos. Amiga, essa, mãe de cal Brandão – futuro Governador Civil do Porto.
Ia brincar para a ampla varanda, que corre pela fachada do prédio, e ficava a espiar, por entre as grades de ferro pintadas a verde, os “Lóios”, tentando lobrigar o ardina, que vendia o “ Século”
Contou-lhe que se indignava todo, ao escutar o pregão: “ Olha o diário do Século! …” porque entendia: “ Olha o diabo do Século! …” Que atrevimento, anunciar o “seu” jornal desse jeito! … O jornal que trazia o: “ Pin-Pan-Pun” .
Graciette Branco, sorria. Um sorriso bondoso e complacente, e recordava emocionada, cenas de infância, e a alegria que sentia ao escrever para o: “ Pin-Pan-Pun”.
Foi a primeira e última vez que vi a poetisa. Soube, que embarcara para Lourenço Marques, onde vivia o filho.
Meu pai, ainda recebeu correspondência de Moçambique; mas, aos poucos, as cartas foram escasseando.
Na última, escrevia que andava muito triste. Tristeza, que não sabia a origem. O amor da Bolinha e do Guinózinho – seus netos, – não era suficiente para lhe reaver a alegria perdida.
Foram as últimas noticias da menina do: “Pin-Pan-Pun”.
Meu pai ainda escreveu para: Avenida Miguel Bombarda, em Lisboa, onde residira, antes de embarcar, mas a missiva veio devolvida com a indicação: “ Destinatário desconhecido”.
***
Pouco sei da biografia dessa grande poetisa e escritora. A Internet – que tudo sabe, – é omissa.
Sei que fazia parte do célebre Cenáculo da Marquesa de Valverde, que se reunia, todas as terças-feiras, na Sociedade de geografia de Lisboa.
Sei, igualmente, que publicou os primeiros textos no “Século “, e que desde menina era admirada e aplaudida pela crítica mais exigente, e que seus textos aparecem em seletas. V.G.: “ Livro Único Para a 5ª Classe”.
Nada mais, infelizmente, posso adiantar.
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