Segunda-feira, 20 de outubro de 2008 - 19h13
GILDA DE CASTRO (Antropóloga)
Houve um tempo em que 15 de outubro era uma data especial no calendário dos brasileiros, pois eles manifestavam seu reconhecimento pelos professores que marcavam suas vidas ao oferecer lições sobre o mundo erudito, a cidadania e os nobres sentimentos humanos. Não era uma mobilização intensa porque o país nunca conferiu a devida importância à educação, acreditando que os jovens poderiam contentar-se com a formação primária e buscar mais cedo as oportunidades para o enriquecimento rápido.
Outra parcela da população não dispunha dos recursos mínimos para freqüentar a escola e todo esse universo era muito distante da sua realidade miserável. Havia em todos, entretanto, a percepção de que a docência era uma ocupação digna e muitos profissionais de outras áreas assumiam as "cadeiras", nas séries mais avançadas, como uma missão para contribuir para o desenvolvimento da comunidade ou uma estratégia para conferir mais brilho à sua carreira de nível superior.
Esse respeito extinguiu-se, entretanto, no final do século XX, pelos maus-tratos impostos por governantes e empresários da educação que não admitem o magnífico papel de quem pode ser uma liderança incontestável para todos os jovens. Os salários ridículos foram a ponta de lança para humilhar a categoria, mas a erosão da autoridade como educador tornou-se o principal mecanismo para deixar os mestres de joelhos diante da comunidade escolar e, principalmente, da sociedade.
As conseqüências foram nefastas porque todo o sistema educacional foi afetado pelo afastamento de professores que puderam assumir outros postos de trabalho e, sobretudo, pela perda de qualidade no processo ensino-aprendizagem. Inúmeros cursos de licenciatura foram fechados, pela baixíssima demanda de jovens interessados em assumir a docência, mesmo sabendo que há muitas vagas não-preenchidas, especialmente no curso médio. Preferem seguir outras carreiras que lhes possibilitem disputar espaço em mercado de trabalho saturado porque não querem expor-se a agressões físicas de crianças, ameaças de morte de menores infratores, determinações esdrúxulas de conselho tutelar e descompostura infundada de autoridades educacionais.
As histórias contadas por quem continua no cargo são aterradoras e os casos mais graves denunciados pela mídia que adverte, freqüentemente, quanto ao índice de licença médica por exaustão emocional. Algumas professoras mais jovens padecem, depois, de distúrbios mentais irreversíveis. Nada é feito, entretanto, para reverter esse quadro dramático; pelo contrário, novas atribuições têm sido dadas ao corpo docente das escolas públicas para que ele atue na recuperação de criminosos sem receber qualquer aporte teórico, material e institucional para essa missão. Ele fica, então, na berlinda para sofrer todo tipo de retaliação dos alunos rebeldes sem qualquer apoio das autoridades que dispõem dos recursos para transformar a escola num espaço mais seguro, produtivo e fraterno.
É lamentável que a principal categoria profissional de uma sociedade moderna esteja nessa condição, pois somente ela pode assegurar que a educação tenha o nível necessário para a formação adequada das novas gerações. O país não considera, entretanto, que isso seja realmente estratégico e continuará aplicando mal os recursos orçamentários para a educação e os jovens não absorverão as lições mínimas da leitura, da escrita e das operações matemáticas, resvalando para os caminhos mais indignos do universo contemporâneo.
(Enviado por Jack Canela, que justifica a frase "o índice de licença médica por exaustão emocional" e que não quer chegar à frase "padecem, depois, de distúrbios mentais irreversíveis". Mas que está quaaaase chegando lá!
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