Domingo, 23 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

A CORRUPÇÃO ENCONTRA OPONENTE À ALTURA



  
Reginaldo Pereira da Trindade

O País vive momentos de desesperança. Os escândalos se sucedem. A impressão é que a desonestidade alcança a todos. Tudo parece perdido. O mais novo caso de corrupção, diretamente das entranhas da capital da República, reforça cada uma dessas assertivas. A população se escandaliza e se indigna com as cenas dantescas escancaradas nos noticiários.

Por paradoxal que possa aparentar, há um lado extremamente positivo nisso. É muito bom para um povo que ainda almeja viver num País melhor – mais igualitário, menos corrupto – que seus cidadãos jamais percam a capacidade de se indignar com as coisas erradas que acontecem. A irresignação, aliás, há de ser proporcional ao escândalo: quanto mais grave o caso de corrupção, igual (ou maior) há de ser o protesto, a revolta. Tudo estará perdido mesmo quando a indiferença for a reação.

Na iminência do Dia Mundial de Combate à Corrupção e a despeito do desolador quadro que se apresenta, as pessoas precisam acreditar que estamos no caminho certo; que ainda vale a pena ser honesto. A virtude é a maior arma contra esse mal que seguramente está entre as maiores feridas de nossa pátria.

Os desafios são muitos no combate à chaga. As tentativas legislativas e até mesmo judiciais de conferir foro privilegiado a altos funcionários é exemplo eloquente. Querem tirar, a qualquer custo, do juiz de primeiro grau, a competência para decidir ações de improbidade administrativa contra membros do Legislativo e Executivo. Apostam na morosidade do andamento das causas nos tribunais para alcançar a impunidade. Sim, porque fossem os tribunais melhor organizados para dar vazão às causas que se lhe apresentassem e a transferência da competência viria em sério prejuízo para os interessados, justamente pela limitação das instâncias de julgamento.

Essas pessoas se esquecem que a democracia e, principalmente, a República não pressupõe apenas a alternância do poder. A eletividade não é o único pilar de um Estado Democrático de Direito. À possibilidade de o povo eleger seus representantes se acresce a responsabilidade destes à frente do mandato conferido pelos cidadãos. Na República Federativa do Brasil todos são responsáveis por seus atos, sobretudo os ocupantes dos cargos mais relevantes – quanto mais elevado o cargo, maior a responsabilidade.

Os mecanismos de controle precisam ser aperfeiçoados. A certeza da punição, seja ela qual for, é um dos maiores incentivos ao cumprimento das normas; lição secular – e comezinha – que já vem pelo menos desde Beccaria.

Que assim seja, portanto. Que as instituições políticas sejam fortalecidas e valorizadas. Que haja semelhante reverência pelas instituições fiscais e de controle. O equilíbrio entre umas e outras é que possibilitará o engrandecimento da nação, a melhoria de vida das pessoas.

Nessa hora mais escura, quando se avolumam os casos de corrupção e o desencanto assombra a todos, as pessoas têm que estar à altura de seus sublimes deveres para com a pátria. Do mais elevado mandatário ao humilde cidadão, cada um precisa fazer sua parte. É na dificuldade que se percebe a grandeza das pessoas, das instituições. Os tempos põem à prova as almas dos homens. Os reveses hão de servir de inspiração às pessoas de bem.

A construção de um País melhor depende de todos e de cada um de nós.

Gente de OpiniãoDomingo, 23 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O preço da traição

O preço da traição

De todos os pecados mortais que, ao longo dos séculos vêm degradando a humanidade, existe um que, depois daquele beijo infame de Judas Iscariotes no

Covardia de quem mesmo?

Covardia de quem mesmo?

Covardia foi ter dito que não era coveiro quando inocentes estavam morrendo de Covid. Covardia foi dizer “e daí?” quando as pessoas estavam morrendo

O “cabidão” de comissionados

O “cabidão” de comissionados

No dia 2 de março de 2018, a juíza Inês Moreira da Costa, da 1ª. Vara da Fazenda Pública, determinou que a Câmara Municipal de Porto Velho exonerass

ZUMBI - Uma farsa celebrada

ZUMBI - Uma farsa celebrada

Torturador, estuprador e escravagista. É assim que muitos registros e análises críticas descrevem Zumbi dos Palmares, apesar da tentativa insistente

Gente de Opinião Domingo, 23 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)