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A comunicação e as transformações sociais


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A Justiça é para as pessoas e as pessoas estão conectadas, plugadas numa sociedade e num tempo no qual a informação é estratégica no dia a dia dos cidadãos, fazendo da comunicação social uma necessidade instrumental em nível de gestão institucional e relacionamento público. Além dos magistrados e os demais operadores do Direito que compõem a tríade processual, apenas as partes viviam as angústias de um processo judicial. Mas em tempos de espetacularização do fato, os processos judiciais estão na pauta dos grandes e pequenos jornais, nos perfis, grupos e fan pages nas redes sociais em mídias digitais. É época em que um taxista da capital federal é capaz de dizer prontamente o nome dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, enquanto teria dificuldade em nominar os onze titulares da seleção de futebol.

A constatação foi evidenciada na abertura do XXII Congresso Brasileiro de Comunicação e Justiça, ocorrido em Belém, neste mês de junho. O ministro e conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Lelio Bentes Corrêa, defendeu que a Comunicação Institucional nos tribunais transformou uma relação hermética, impenetrável, num necessário diálogo com a sociedade brasileira. Mas, ir além da imprensa é necessário, pois existem outros fóruns nos quais o Judiciário é discutido, pois, afinal, a comunicação, assim como a Justiça, é feita para e pelas pessoas, e onde quer que elas estejam, estarão também seus pensamentos, anseios e aspirações. Exemplo dessa ampliação é um vídeo do qual participou o jogador Neymar, que testemunhou contra o trabalho infantil. Comunicação efetiva com baixo custo para a instituição.

Se para nós o Judiciário é trabalho, para todo mundo a Justiça é valor, é uma qualidade, um desejo, um prêmio e uma conquista. Curtidas e compartilhamentos por minuto fazem o trend topics deixarem o Ibope com inveja. Mas como saber o que é verdade e o que é boato? Com jornalismo. A boa e velha apuração, só que utilizando aplicativos modernos na gestão de crises. Essa foi a resposta do jornalista Fábio Gusmão, do popular jornal Extra, do Rio de Janeiro, que apresentou cases da guerra contra o tráfico em 2010, e da cobertura dos protestos de 2013, no Rio, com a ousada e bem sucedida utilização de grupos de WhatsApp para apuração e recebimento de informações, fotos, vídeos e áudios. É realmente tudo muito novo e midiático nesses tempos em que única coisa que é permanente é a mudança.

O termo Social Media Gov foi empregado por André Tamura para definir os profissionais que atuam com a comunicação em mídias digitais nas instituições públicas. Dinamismo, inovação e criatividade estão na lista de atributos que devem ser buscados pelos comunicadores. Esse foi o tema de um minicurso que integrou a programação do Congresso.

Momento importante para a troca de experiências, as reuniões setoriais congraçaram os assessores de esferas semelhantes, como Justiça estadual, federal ou do trabalho, por exemplo. Encontro que rende conhecimento.

Novas tendências e novas mídias foram abordadas por num painel que trouxe a experiência da Prefeitura de Curitiba, a Prefs, que utiliza bom humor e ousadia para falar a língua de quem está na rede ao divulgar as ações da municipalidade. Também houve espaço para a experiência do juiz do trabalho Jônatas dos Santos, de quem a comunicação é uma aliada na consolidação dos Direitos Humanos, especialmente no combate ao trabalho escravo no Pará. Esclarecido e bem humorado, José Anselmo Oliveira - Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, renovou a importância da comunicação social para a Justiça, como serviço, garantia e proteção dos direitos das pessoas.

Ao fim de dois dias de trabalho intenso e produtivo, o Congresso Nacional de Comunicação e Justiça reforçou a ideia de que a comunicação e a transparência não são acessórias nas instituições públicas, se é que um dia foram. Tudo converge para que a toga e o processo sejam alçados à popularidade em tags e posts, evidenciando que a atividade do Judiciário está na primeira página do pensamento das pessoas; uma espécie de judicialização (informal) da notícia, que gera em todos nós, que fazemos parte das instituições, a responsabilidade de fazer da comunicação um atributo do cotidiano, cujo exercício e naturalidade do fluxo de informação, façam crescer e solidificar uma cultura de comunicabilidade e colaboração contínuas.

Adriel Diniz é analista judiciário – jornalista do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia

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