Segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015 - 09h09
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Professor Nazareno*
Outro dia estava na sala de aula. Não era uma aula normal dessas em que há professor, alunos, cadeiras, mesa e pincéis. Eu era o mestre, mas era o menos inteligente e esperto daquele grupo. Eu não podia fazer perguntas. Meus pupilos eram diferentes. Faziam muitas indagações insistentemente e sempre queriam saber a verdade absoluta das coisas. E eu tinha que responder a todos procurando dar a versão, a minha versão pelo menos, dos fatos. Um deles era Voltaire. Embora tivesse nascido já neste século, e em Rondônia, indagava-me se realmente existia Liberdade de Expressão em nossa frágil democracia. Esse iluminista da Zona Sul de Porto Velho não entendia, por exemplo, por que fundamentalistas islâmicos fuzilaram jornalistas ateus da revista francesa Charlie Hebdo. “- Professor, por que eles deram importância a quem não tem importância”?
Tentei explicar que os jornalistas de certa forma foram os maiores culpados pela sua execução, pois não deviam ter publicado sátiras sobre uma religião. “- Mas era uma revista de sátiras, professor”. Afirmou outro aluno querendo explicar que a revista estava certa já que primava pela coerência editorial. Disse-lhes que devemos ter muito cuidado com estas coisas. Uma jovem que se veste inadequadamente pode ser estuprada se andar sozinha nas ruas, assim como dois jovens do mesmo sexo não devem andar de mãos dadas por aí para não serem espancados. “Nunca se deve cutucar a onça com vara curta”, tentei em vão ensinar-lhes. Voltaire me falou que sempre sofreu perseguições de seus pais, da Igreja e de muitas pessoas do Jardim Eldorado por tentar expressar sua opinião de maneira livre. Eu disse que sua tese devia ser igual à de todas as pessoas.
“- Devemos seguir o cardume sem criticar ninguém e respeitar a opinião dos mais velhos, pois é muito mais cômodo, meus queridos”, tentei convencê-los sem obter muito sucesso. “- Mas Deus não existe, ele está morto”, gritou Nietsche, um jovem de jeito meio rebelde que nasceu e viveu toda a sua infância no bairro Nova Porto Velho. Dizem que quando era pequeno, esse menino só ia à igreja depois de levar uma surra. O pior é que ele me ensinou: “- professor, Deus já morreu, mas continuará vivo enquanto houver quem acredite Nele”. Não lhe dei ouvidos, senão daqui a pouco eles vão aceitar a Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin ou a Teoria da Relatividade de Einstein. Podem querer argumentar que a terra é redonda e o Deus de Spinoza é o mais coerente e aceitável. Realmente eu não sei o que se passa na cabeça desses meus alunos.
Florbela Espanca é uma aluna fenomenal. Faz lindos poemas, sonetos, versos e sempre se mostra muito romântica. É igual ao Fernando Pessoa. Só que se diz apaixonada pela sua amiguinha ao lado. E eu, preocupado, sempre advirto: “o homossexualismo é pecado e deve ser punido como crime”. Mas durante a aula perdi a paciência quando um aluno se disse contrário à adoção da pena de morte no Brasil. “-Ei, moço: quem matou deve também morrer”, argumentei. Disse-lhes que os homens que fuzilaram Marco Archer na Indonésia deviam ir para o céu. Meus alunos são horríveis. Vou pedir à Direção da escola que lhes puna e suspenda-os. Eles ousam pensar e muitos não creem em Deus e querem ter opinião própria. Refutam o Espírito Santo, criticam o Papa, os pastores, a Bíblia, o Estado, o Governo, a TFP e ainda zombam dos políticos brasileiros. Muitos dos meus alunos não têm futuro. Tomara que eles se filiem ao PT.
*É Professor em Porto Velho.
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