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Mãe fala dos desafios e ensinamentos com filho autista

“Precisamos cuidar de nós e levantarmos umas às outras todos os dias”


Heline Braga se declara mãe atípica - Gente de Opinião
Heline Braga se declara mãe atípica

Muito mais que uma história de amor incondicional, a vida de Heline Braga é um símbolo de luta, coragem, perseverança e resiliência. Ela tem um filho de 2 anos com espectro autista e, por conta disso, a exemplo de muitas outras mulheres, é chamada de “mãe atípica”.

Moradora do bairro Agenor de Carvalho, Heline é oficial da Polícia Militar de Rondônia (1º tenente), tem 38 anos de idade e é mãe de três filhos. O caçula, Iuri Rafael, foi diagnosticado com espectro autista. Para ela, ser mãe é sempre um desafio.

“Meus filhos me ensinam todos os dias. Acho que aprendo muito mais com eles do que ensino, mas a maternidade do Iuri veio para confrontar tudo o que eu achava que sabia sobre, porque é uma maternidade atípica. O Iuri é uma criança autista. Ser mãe dele para mim é sinônimo de luta todos os dias, de muita resiliência, mas também de muita felicidade”, disse.

HISTÓRIA DE VIDA

Filha de policial militar, Heline tinha o sonho de seguir a carreira do pai. Com muita força de vontade e determinação, galgou cada passo, até chegar ao posto de oficial. “Me sinto realizada dentro da instituição”, afirma.

Mãe fala dos ensinamentos adquiridos com a maternidade atípica Mãe fala dos ensinamentos adquiridos com a maternidade atípica

Casou-se e também realizou o sonho de ser mãe. As duas primeiras gestações transcorreram bem. Já a terceira gravidez foi marcada por muitos riscos. “A gravidez do Iuri foi de risco em função da idade, inclusive sofri descolamento de placenta. Dentre todos os desafios nessa gravidez, o maior foi um princípio de aborto, mas o médico contornou a situação e o neném nasceu e dentro do prazo”, conta a mãe.

Entretanto, depois do parto do caçula, ela voltou a ter problemas de saúde, ficou em estado grave e chegou a ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após passar por duas cirurgias.

“Eu só fui cuidar do Iuri mesmo com mais de dois meses após a cirurgia. Estou aqui por um milagre. Eu meio que morri e voltei”, comentou. Ela acrescenta que o filho caçula veio para que ela reavaliasse muitos conceitos junto com a família. “Iuri é um enviado de Deus na nossa vida”, completou.

CONQUISTAS

Além do sucesso profissional, Heline avalia que sua principal vitória é vislumbrar um futuro promissor para os filhos. Apesar das dificuldades, afirma que está lutando e os ensinando a serem pessoas do bem, para ajudarem a construir uma sociedade de forma mais positiva.

Iuri Rafael tem 2 anos e é o filho caçula da policial militar Iuri Rafael tem 2 anos e é o filho caçula da policial militar

Em relação ao filho mais novo, conta que sua maior vitória foi ter conseguido perceber o autismo muito cedo, iniciar uma intervenção precoce, superar a fase de choque inicial e se tornar uma pessoa essencial no processo de desenvolvimento do menino.

“Qualquer mãe que vive a maternidade atípica sabe que é uma vitória diária a gente acordar e perceber que deu o seu máximo por aquela pessoa, para garantir que ele tenha as habilidades necessárias, que seja autônomo e independente lá na frente”, explica.

CARTEIRA DO AUTISTA

Uma das principais conquistas dos familiares foi a implantação da Carteira Municipal de Identificação do Autista (CMIA). “O prefeito Hildon Chaves acolheu essa demanda. Há um mês que nós já estamos com a carteirinha sendo disponibilizadas pelos Cras. Conseguimos um grande avanço. Agora, falaremos sobre autismo através de números e, a partir deles, a gestão vai poder criar políticas públicas que contemplem os autistas”, enfatizou.

Em 2022, Heline realizou o sonho da carteira autista para o filho Em 2022, Heline realizou o sonho da carteira autista para o filho

RECOMENDA

A tenente recomenda a Carteira do Autista para outras mães. Ela acredita que é preciso tirar essa comunidade da invisibilidade e buscar meios para ajudá-la ainda mais.

“A carteirinha é um grito de existência das pessoas autistas porque tira da invisibilidade. A gente começa a falar de um censo, a gente começa a saber onde estão e quem são essas pessoas autistas, quem são essas crianças. A gente sabe da necessidade de conhecer essa população para que a gente possa solicitar políticas públicas, ter um olhar que não invisibilize mais essa comunidade”, acrescentou.

UMA MENSAGEM

“Que nós continuemos dando o nosso melhor para os nossos filhos, mas que não nos esqueçamos de que nós também somos sujeitos de direitos, de cuidados e que precisamos estar bem para cuidar dos nossos filhos. Precisamos cuidar de nós e levantarmos umas às outras todos os dias”, finalizou.

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